Wendel Gomes Ferri
Quem se propõe a viver estórias, deve entender que a História está sempre pronta e disposta a se vingar.
Sim, a vida é feita de escolhas. Estamos a escolher a todos os instantes: o arroz, ao feijão; o branco, ao preto; a esquerda, à direita. Sempre que a nossa a vontade se faz pender para um lado ou caminho, tem-se que uma dada preferência (escolha) emerge e se revela. Entender como as nossas escolhas acontecem é tarefa que exige que direcionemos nossos olhos à compreensão do passado, porque tudo o se vê, se sente, ou se acredita é resultado da capacidade cognitiva e ontológica que adquirimos ao longo dos anos através de nossas experiências e das “pontes psico-ideológicas” que construímos com a “realidade” e que nos ligam aos mundos físico e metafísico.
Por tudo o que até hoje já vi e conheço, realmente torna-se difícil para mim a tentativa de compreender o teor das objetivações por meio das quais todos nós definimos certos tipos de condutas, mas acredito que as respostas de nossos verdadeiros questionamentos estão em coisas realmente impossíveis de serem vistas, mas talvez fáceis de serem entendidas, porém, nós, Seres Humanos, supostamente racionais, totalmente imperfeitos e complexos à maneira que somos, fazemos questão de atrapalhar nossa felicidade com questionamentos rudes e banais afim de saciar egos e vaidades incalculáveis, que ao ver do Poder, deveras, não representam nada. Talvez, devêssemos aprender; aliás, temos a obrigação de aceitar que as maravilhosas coisas que podem acontecer em nossas vidas, estão todas elas bem debaixo de nossos olhos. Olhamos de um lado para o outro procurando explicações, mas, na verdade, não existe explicação para nada; tudo é muito simples, elementar. O grande desafio de nossas vidas é o de aprender a aceitar e a respeitar a diversidade de opiniões das pessoas que estão ao nosso redor. Importante é sempre pensar em tudo o que se for executar a partir daquilo que tomamos ou concebemos ao mundo como verdades, posto que até mesmo o mais doce e sábio dos lábios pode ser parcial e, sobremaneira, traiçoeiro. Talvez, por conta de nossas tolas emoções, não estejamos sabendo transformar nossos sonhos em realidade. Não tenho certeza de nada, afinal, nada sei. Mas a vida é assim mesmo. Ganhamos e perdemos, por isso, devemos procurar sair do buraco da amargura e da dor, com a cabeça erguida e os olhos adiante porque todas as coisas nesta vida, materiais ou não, e por mais que sejam harmônicas, sincrônicas, cogitadas perfeitas ou mesmo belas, tendem a um fim, o que me parece consistir na obrigatoriedade de um ciclo que se deseja invariavelmente cumprir. Assim, a rosa, tendo um dia sido percebida de um enorme brilho em suas pétalas, perderá, à razão e vazão do tempo, a vitalidade de suas cores e toda a sua capacidade de ser bela, fato que desperta diante de nossos olhos agonia similar àquela observada diante da frustração de um pássaro que, na falta de uma de suas asas, não pode cruzar o céu, como de costume. Mas, de uma maneira otimista, como me é característico, costumo pensar que todos os anos, com a chegada do inverno, mesmo que nos vejamos tocados por uma espécie peculiar de melancólica tristeza após a atenta observância ao movimento descrito pelas folhas latentes e podres, as quais caem das árvores em direção ao chão e cujos destinos conceber-se-ão à mercê da vontade do vento, não nos permitimos chorar diante da certeza de que a primavera chegará para revitalizar tudo - de modo que nunca o colorido em nossos olhos se apague. Sorrir é importante; a resiliência, imprescindível.
Entendam que o mundo não gira ao nosso redor; somos nós que, dispostos desordenadamente a sua superfície, giramos junto com ele. A inteligência não reside na materialização dos fins, ela irrompe e abraça a execução criativa dos meios, então, pois, esqueçamos as pequenas coisas mortificantes e direcionemo-nos no sentido da busca por um melhor explendor. "Só a justa medida do tempo, dá a justa natureza das coisas"...
A “realidade”, em verdade, é circunstancial e subjetiva, por isso, toda proposição é dual e dinâmica, interpolando posições relativas à percepção do observador dentro de um continum qualitativo e quantitativo cujos extremos opostos podem ser, a exemplo, a verdade e a mentira.
Diz o poeta que o “tempo é a maior riqueza de que o homem pode dispor ao longo de toda a sua vida”, portanto, há que se pensar que, todo ser que possui existência física e material, na sempre árdua tentativa de celebrar com eficiência e plenitude a possibilidade finita e condicionada de existir que lhe é conferida a partir do momento do seu nascimento ou concepção, deve, em algum momento, num exercício auto-reflexivo, delinear os aspectos que possa considerar como sendo aqueles os de maior importância enquanto indivíduo, ou seja, a lógica ou dinâmica funcional a partir da qual pretende reproduzir o seu modo de vida e, tendo definido esses aspectos, planejá-los de modo que as perdas temporais ocorram de maneiras irrisórias, diminutas.
O binômio do curto e longo prazos, inerente à qualquer espécie de análise reflexiva que se pretenda ensejar sobre o assunto tempo é, sem dúvida, aquilo que define e torna as escolhas e decisões de nossas vidas difíceis. Fossemos todos nós imortais ou mesmo o tempo passível de retroação, o peso de nossas escolhas equivocadas poderiam recair sobre nosso futuro de maneira menos destrutiva, já que teríamos sempre como voltar atrás em relação às nossas atitudes e optar por seguir novos caminhos. Contudo, a nossa finitude biológica e o caráter irrevogável do tempo exigem a definição correta do que pretendemos ser, fazer, enquanto vivos.
O desejo aparentemente irresponsável pela celebração irrestrita do presente parece irromper e destruir a figura imaginada do amanhã seguro, assim como algumas expectativas e premissas avarentas e absurdas acerca do futuro podem depreciar sensivelmente a qualidade das experiências e aspirações às quais, eventualmente, podemos ser expostos no presente; grosso modo, parece convencer a máxima de que tudo o que for bastante será triste, pois do exercício excessivo das virtudes criar-se-á o indesejado vício.
Difícil se torna sempre decidir, porque a paixão humana nem sempre é instrumento óptico confiável, mas irresoluto, já que o mundo e a vida giram a partir do eixo das incertezas temporais e existenciais, o que faz com que a realidade muitas vezes admita um caráter confuso e distorcido. Num mundo de concepções puramente capitalistas, mais do que nunca, existem aqueles que não titubeiam ao se entregar aos mais diversos prazeres do consumo fomentado pelo bombardeio das mídias, desprovidos de qualquer preocupação em relação ao que há-de vir, o que se contrapõe ao comportamento rígido e à “disciplina espartana” ou “puritana” daqueles que fecham à apreciação de alguns valores com autocontrole e zelo excessivos, o que pode, com o passar dos anos, simplesmente consistir em frustração e arrependimento pela falta de explendor do que não se sentiu.
É coerente dizer que aquele que suplanta o seu próprio hoje, não está incutindo de enormes garantias o seu amanhã; contrariamente, o submete a elevado risco. Porque a vida não obedece simplesmente à razão de nossas necessidades e metas, trata-se de uma complexa função matemática com milhares de variáveis atuantes em níveis distintos.
Deve-se entender que “rico não é o ser que coleciona e que se pesa um amontoado de moedas, nem o tolo devasso que estende suas mãos e braços em terras largas, as quais não consegue, sequer, abraçar. Rico é o ser que aprendeu piedoso e humilde a conviver com o tempo, entendendo a vertente do seu curso”.
A consciência sobre a passagem do tempo pesa e, por isso, numa ação contra a loucura, o homem deve, de tempos em tempos, aliviar suas tensões e o cansaço em relação ao mundo, sem que, para isso, abandone ou deseje abolir por completo a consciência da chegada do futuro numa espécie de obtusão interminável. É fato que aquele que se entrega de maneira exorbitante e impensada aos costumes da despoupança, cria condições de insustentabilidade do seu próprio modo de vida pela escassez dos recursos em outrora não auferidos e não garante o seu futuro e nem seu presente, ou seja, despotencializa sua subsistência até mesmo na esfera do curto prazo (portanto, seria sábio supor essa equivocada rotina autofágica como sendo de deleitação do hoje, posto que, quando se entrega aos devaneios, também o corpo perde, se desfaz?). Um dia a conta chega. Nobre o começo, amargo o fim.
Tempo é tempo e dinheiro é dinheiro, nada mais do que isso. Não há tempo que se consiga comprar ou poupar, fazendo estoques.
Pautado em escolhas inteligentes o Homem deve direcionar a sua vida no sentido de buscar o equilíbrio entre as suas necessidades de poupança e de utilização, satisfação, vislumbrando um alcance maior de tempo, da vida. Para isto, não deve se desesperar, fazer grandes alardes, morrer de preocupações, pois quando mais nos aproximamos das formalidades excessivas e imperdoáveis, mais nos distanciamos daquilo pelo que realmente pede a alma – o espelho que reflete quem realmente somos! - a qual se vê sorrindo, se do esquecimento do tempo, das horas, quando em companhia de quem amamos, no lazer, no exercício de nossas paixões etc. Celebremos a vida e o amor. Na hora certa, esqueçamos os compromissos. A imortalidade não nos fora conferida. É mister paciência na tentativa de encontrar o ponto de equilíbrio da vida, chegando a um gradiente adequado de quantidade e grau de nossas inalienáveis aspirações. Vivamos um dia, a cada dia. “Quem souber com acerto a medida de vagar ou de espera que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não há. Só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas”.
Posso não ser brilhante e estar muito abaixo de tudo aquilo com que você sonhou um dia; mas posso crescer, e chegar, enfim, ao ponto que você merece.
A supersimplificação traz consigo o prejuízo da miopia da redução, própria das considerações do binômio causa-efeito. É a celebração da mecânica da parte em detrimento da sinergia que compõe o todo.
Toda inovação começa assim: você passa a impugnar a mesmice, cria valor e incorpora ao rol de suas atitudes, a volitiva.
O Mundo
VIVO MUNDO FUNDO IMUNDO
VIVO IMUNDO
MUNDO FUNDO
VIVO FUNDO
MUNDO IMUNDO
VIVO MUNDO
FUNDO IMUNDO.
Louco amor...
Aqui estamos, a reclamar...
das feridas abertas, dos caminhos traçados
em geral, do passado
da frustração que amargou, da lembrança do amor
do coração que sofreu e enterneceu
do que se emprestou e não se pagou
do que se apagou e não mais se acendeu
do que maltratou e a Razão irrompeu...
E também do respeito, que se esqueceu.
do olho que ardeu porque tanto chorou
e da carta de amor que não se escreveu
da pouca atenção que se dispensou
e do pouco carinho que se prometeu
e do outro que cedeu e nada cobrou
do elo que, então, sem pensar, se rompeu
da forma de amor que se conheceu
de quem não se explorou e, por isso, se perdeu.
De toda tola vontade que não se pesou
de toda emoção que esmoreceu
da intenção que valeu, mas não importou
da mente, que viu, mas por amar, aceitou
e do pouco valor que se recebeu
e do que se protegeu como prova de amor;
do que se mostrou e do que se escondeu
do que se constatou, mas nunca se entendeu.
Do que um dia foi lindo e até encantou
do que sobreviveu ao tempo e a dor
do que se notou, do que se burlou
do que se viveu e o pensamento marcou.
Do amargo sabor do que fez doer
e até do prazer que se limitou
da mentira infame, que se propagou
e do sacrifício que não se aprovou;
do que se pediu, do que se negou
do que se fará e do que se provocou.
Da forma como os olhos passaram a ver
do jeito de andar, da intenção de agradar
e a da de chegar a ser, o melhor, sem querer, frustração despertar.
De todo rancor que se viu nascer
de toda a verdade que se ocultou,
de todo incômodo que o ciúme causou
de toda confiança que não se mereceu
do que apareceu e nunca mais se mostrou
de toda afeição que se disfarçou
do muito, do pouco que se ofereceu.
Do conselho amigo que se ignorou
do que pereceu e cristalizou
do que se aqueceu, do que se esfriou
quando um outro levou - um dia, pra si - o que nos pertenceu.
Do erro grotesco que se cometeu
do que um dia mudou, mas não se desenvolveu
do que escapou, do que se amputou
do que um dia feriu, do que se fragmentou.
De toda idéia, que se cogitou
de toda solidão que o tempo deixou
de toda certeza que a aflição apagou
do enorme vazio que o coração assolou;
do que assombrou, do que se inverteu
do que não se incrementou; se entregou, faleceu.
Do que estagnou e não se comprometeu
só, não se orientou: o seu lar esqueceu!
Do que o destino reservou a este nosso louco amor
que se disperçou e que, conosco, então, pois, morreu...
Já não invejo mais a glória do brilho das estrelas: descobri que a minha imaginação tem asas e que estas podem me levar para onde eu exatamente quiser...
Esquecido, meu talento se foi embora.
Hoje sei:
- já não sou mais um poeta!
Não consigo escrever uma linha certa
sem que a inspiração logo me escape!
O poeta que havia se perdeu?
Será que o sentimento se acabou?
Talvez, nunca existiu... que tolo, eu!
Se o pensamento, entre linhas, se perdeu
e a luz da emoção se apagou
Foi porque a da Razão se ascendeu...
sim! O poeta então, pois, morreu!
Porque uma parte de mim é a tristeza do começo, ao avesso;
a outra parte é a alegria do avesso do fim.
Enquanto os "gênios" ainda se perguntam "por quê?", os "idiotas" testam cegamente a vida e suas possibilidades...
Nos meus tempos mais devassos
agarrei-me à insanidade
e na busca pela minha verdade
indisposto a qualquer plano
eu andei feito cigano
mesmo em terra de ninguém
e fiz questão de esquecer
que mentir para si mesmo
é o pior dos vis enganos.
Fanfarrão dissimulado
e jogador inconsequente
sofro, então, no meu presente
com as mazelas do passado
e posso ver que o futuro
sempre tão obscuro
sorri-me, por entre os dentes.
Eu me vejo em um labirinto
tão perdido! Aqui não minto!
Vou explicar para você:
se o seu dia é madrugada
você fez a escolha torta
e não se engane, irá perder!
Sem ter chão,
não queira porta
mas, sem ter porta,
queira chão
corajoso é quem decide
sempre pelo melhor
sem ver distância ou direção.