Waceila Miranda
Sou a ambiguidade em pessoa.
Posso ser a calmaria e o silêncio, de um templo budista...
Ou a inquietação e explosão de uma escola de samba...
Só não espere de mim a imparcialidade, sempre saberá o que estou sentindo ou querendo.
Atração:
Confesso, sou exigente!
Não me atraio por pedaços de carne, com exceção da bovina...
Não me atiça o rosto lisinho e corpo sarado.
Não me importo se as vestias são desta ou daquela marca.
Se o meio de locomoção é de tração nas quatro rodas, isso não me da atração!
Preciso de mais! Muito mais pra fazer com que minha frequência cardíaca se altere.
Pra que minhas pupilas se dilatem.
De que vale tanto conhecimento, viagens, números...
Se na sensibilidade da alma você é leigo!?
Quero a sabedoria de um abraço sincero.
A riqueza de um beijo úmido e quente.
A beleza de uma noite de amor intensa.
O que mexe comigo é um cheiro natural...
Uma simplicidade ao falar.
A melodia sendo apreciada.
Ler um livro lado a lado.
O silencio compartilhado.
Um olhar maduro e audacioso.
A gargalhada sem motivo.
Rir com ele, rir dele e sorrir pra ele.
A coragem, ahhh a coragem...
É como um imã pra mim.
Essa sim é a que mexe comigo!
E no nosso reencontro:
Me desconcertei...
Me desarrumei...
Me desajustei...
Me desencontrei...
E me conheci!
Nesta noite quero sensações diferentes...
Ser algo que não gente...
Ver longe como felino...
Ouvir os sons como os caninos...
Sentir sabores como os roedores...
Tocar as coisas com minha tromba...
Sentir o mundo e sair das sombras...
Se a vida é uma linha tênue,
Vou andar nela como a uma corda bamba!
Uma família é como um colo de mãe pra mim. Acalenta minha alma. Ela pode estar longe, não ouvir a voz. Mas quando uma decisão chega, uma dor nos acomete, a solidão que se submete ou um medo que nos enfraquece, a nossa memória nos cutuca e às nossas raízes nos remete.
Nada melhor do que:
Um abraço inesperado...
Um aconchego apertado...
Um carinho dobrado...
Um beijo sincero...
E uma amizade que veio do abençoado!
Nos dias de turbulência, são onde ficam evidentes, os reais e os virtuais fatos.
São onde as essências se revelam e as ambições se caracterizam.
Um dia encontrei o Amor
E foi como uma flor,
Não uma flor comum,
Uma que entorpece qualquer um.
Ele surgiu onde eu não procurava
E cresceu onde eu menos esperava.
Não reconheci, e medo, senti.
Tudo foi inédito, forte e contraditório.
Tornou-se palavra, mas nas entrelinhas tinha seu relatório.
Preferi o silêncio, pois, nenhuma poesia...
Refletiria a magia daquele envolvente sentimento que me tornou o que sou hoje...
Puramente e completamente, música!
Consigo ver um milagre divino todos os dias. Eles acontecem a todo tempo. Da voz de uma criança, do pássaro que repousa nas árvores, ao vento que desarruma meu cabelo...
Existem pessoas falsas, que dissimulam tão bem, ao ponto de ao final da conversa, acabarem acreditando na própria falácia.
Nostalgia:
A inquietação da alma,
A solicitação da calma.
A solidão entre multidão,
A angustia no coração.
O desejo do que se foi,
O almejo do que se pode ser.
O sonhar em vivenciar.
Insistir em acreditar.
Que o ontem no amanhã se tornará!
Máscara:
Me disseram um dia que pra eu sobreviver nesta vida de ambições, conveniências e hipocrisias.
Eu teria que usar uma máscara todos os dias...
Que ela me ajudaria a camuflar minhas expressões, frustrações e negações.
Ate mesmo o semblante de prazer e êxito, pra que a inveja não atraísse.
Contaram-me que meu jeito transparente, eloquente e inconsequente. Ainda me levariam as ruínas. E que as mascaras me protegeriam e nenhum dano causaria.
Assim deixaria todos felizes e continuaria sem maiores conflitos, vivendo na sociedade e levando vantagem.
Neguei-me, não acreditei e enfrentei!
Fui de cara limpa, nem mesmo pinturas na face eu aceitaria.
Deixei transparecer nos olhos, no rosto, no corpo inteiro...
Felicidade e alegria quando as sentia.
Indignação e rugas de mal estar quando injustiças eu presenciaria...
Fiz caretas diante de inverdades, contrai todos os músculos faciais quando identificava falsidades e leviandade!
Fiz biquinho pras futilidades e dei piscadinhas pras novidades.
Abri o *bocão* pra gargalhar de alegria,e quando a tristeza me acometia, abria-o novamente pra chorar, mas não duraria!
E assim fui vivendo... Sem meias palavras e sem meias expressões!
Não foi e não é fácil!
Fico acessível e frágil.
Dei a cara à tapa...
E agora me pergunto, estou errada?
Evitaria ser magoada se minhas reações eu camuflasse?
Não sei e você sabe?
Se o domingo a tarde é o período mais nostálgico da semana pra mim.
Sábado a noite é um afrodisíaco sem fim.
E continuo achando, que um bom café e um estonteante livro...
São excelentes remédios contra o tédio.
E viver é isso!
Ter coragem pra ser quem você é, sem medo de não ter o que você quer...
Pobres os que não se misturam, não se arriscam, não se descobrem vivos!
Passam a vida com medo do desconhecido, utilizando de subterfúgios do tipo:
*Isso eu não gosto...*
Mas na VERDADE é:
*Isso eu não sei fazer, não conheço e tenho MEDO de experimentar,de aprender...*
Dão mais valor aos pensamentos de terceiros e não há tempo pra descobrir, o que permeia seus proprios desejos.
Esses receberam da vida, o que ela quiser dar!
Não vivem,
Apenas sobrevivem!
Não escolhem,
Apenas são escolhido!
Despedida:
Sinto-me como se algo morresse hoje em mim...
Um sentimento nostálgico já me aflora.
Vejo algo que já não é... Nunca foi e agora esta,
Dando Adeus e indo embora.
É estranho, mas vejo o falecimento de algo que nem chegou a nascer.
A destruição do que podia florescer.
A saudade do que viveria sem nunca ter vivido.
Só me resta seguir, suprimir e deixar esvair.
Não sou de dar murro em ponta de faca...
Ahhh, mas sou a água mole em pedra dura, certamente que sou.
Existem papos tão furados...
Promessas tão infundadas...
Ilusões tão instigadas...
Conversinhas tão fiadas...
Que na minha terra, la no Pantanal/MS, nos dizemos:
*Isso ai capataz, é conversa pra Boi dormir...*
Aqui, nem *eles* acreditam mais nisso!
Magnânimo:
Nasceu rejeitado, duvidado e separado.
Foi mal tratado, surrado e sangrado.
Sofreu traição, judiação e humilhação.
Curava mudos, coxos e ate defunto levantou.
Mesmo, contudo, sofreu descrença, carência e recebeu a sentença...
Não renegou, pregou e ainda na cruz salvou!
Com todo sofrimento e dor, esmaeceu e nos deixou!
A promessa se cumpriu, e eis que o filho único ressuscitou!
Depois de tudo que o abateu, ainda assim:
Amou, curou e nos perdoou!
Hoje vive entre nos e suas felicitações dia 25 lhe dou.
Sou sua filha e só a ti devo o clamor!
Feliz natal a todos, que não é carnaval e sim um aval ao pobre descrente que se acha o tal.
LIvro:
Você pode estar em vários lugares ao mesmo tempo.
Sentir frio e calor.
Sol forte na pele e tocar a neve.
No radio toca forró e você dançando tango.
Areia ao redor e cheiro das flores nas narinas.
Pessoa aos montes e você caminha solitária por montanhas.
Amores distantes e você ouvindo suas risadas.
Bendita mente milagrosa.
Que me proporciona diariamente viagens sem malas e sem amarras.
Desejo:
Um instinto incontrolável que percorre cada célula do meu corpo.
Como um vulcão prestes a emanar sua lava.
Sinto minhas entranhas gritarem.
Cada jato de sangue bombeado.
Meus músculos vascularizados
Não sinto os pés no chão tocarem.
Inundo-me em fluidos.
Arrepios descomedidos.
Uma queda livre e vagalumes no abdômen!