Vomitei borboletas mortas.
E eu? Bom, eu sou um erro no percurso, uma curva mal feita, a batida do carro, um grito de desespero, sou a visão de um cego, a audição do surdo, sou o espinho da rosa, a guerra na faixa de Gaza, sou aquela lágrima que não cai, a angústia, sou as palavras não ditas, sou o adeus, a ida, a partida, o não voltar mais. Sou aquilo que incomoda, pesa, dói e machuca.
Eu sou tão fraca, tão estúpida, tão tola, tão nada, tão ninguém. Não aceito você me amar. Como pode amar alguém assim?
Eu não preciso de ajuda, nem de palavras de consolo e nem mesmo de um abraço. Eu não preciso de nada. Agora vai embora e encontre o tudo que você merece. Eu estou bem.
Eu sou aquele tipo de pessoa fachada. Você sempre vai me ver sorrindo, conversando animada, ouvindo atentamente o outro e fazendo o impossível para ajudar. Mas aqui dentro tem uma grande escuridão, tem uma pessoa que esfriou, uma flor morta, uma borboleta sem asas, um alma doente, que de vez em quando escapa por ali ou por aqui.