voltairehodierno
Salvação do quê???
As pessoas crédulas no sobrenatural e na Bíblia, estão sempre querendo nos salvar.
Afinal, do querem os teístas nos salvar?
Ora, o que há para ser salvo e do quê?
Logo ali, nossa finitude individual nos espera e isso é algo tão natural quanto nosso nascimento.
De igual forma também nosso planeta algum dia será naturalmente extinto. Assim, como do nada veio, ao nada infinito voltará.
A concepção de uma salvação na percepção teística expressa desse modo um procedimento anti-social perante o mundo, pois de forma dolorida, os teístas vêem o mundo e as pessoas, e as recusam. Com a invenção de uma salvação imaginária tentam arrastar as pessoas que se sabem apenas como seres naturais, para seu imáginario mundo de fantasias.
Agindo dessa forma, os teístas prestam um lástimável estrago ao convívio social, a todos nós, pessoas de verdade, de carne e osso. Ou seja: pessoas e não almas etérias temporariamente alojadas num invólucro de carne.
A Igreja é uma imobiliária: uma grande vendedora de casas no Paraíso aos que aceitam seus dogmas, e mediante dízimos e ofertas de caridade; porém aos que os rejeitam, oferecem por herança a perpétua danação do Inferno.
Aos três monoteísmos um nome deve ser dado com urgência: Terrosismo.
Pois, eles sempre foram e são um terrorismo; e embasados pela sua mitológica escatologia, há tempo escrita, consumarão o "armagedon"
Está escrito: nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede de Deus - como ainda não conversamos, continuo vivendo de pão.
Se a Igreja aboliu o Limbo recentemente, por que não aboliu tambem o Inferno, essa mentira infinita, essa
ficção aterrorizante?
DESVALORANDO A ANGÚSTIA
O homem suplicou a alguém para vir-a-ser?
Acaso esteve lá do Nada implorando para vir a este mundo?
Ora, se assim é, por que há que angustiar-se ?
Penso que o melhor é abraçar a possibilidade de ser livre.
Mas, o que é ser livre? Senão o direito de optar em ser ou não ser?
Como dizia Camus - a continuidade ou não continuidade da vida era a única questão séria para a filosofia.
Angústia é dor.
Dor é escravismo.
Logo, para que sermos escravos da dor?
Por que não findarmos de vez este episódio perturbante, este investimento do nada que é a vida?
Que nos impede?
Para que a perpetuação de uma espécie que apenas grita à existência,angústias e dor?
Cessemos a perpetuação e teremos o fim de toda angústia, pois esta jamais teria como ser um salto para um alto qualquer, senão um desmoronamento para a profundeza morta.
Não há vôos infinitos, mas apenas a queda única na finitude.
A vida existe apenas como um caos escuro e sem sentido.
Penso não haver nada de mais elitista na angústia existencialista, que a do
senso comum.
ETERNIDADE SEM PAI
A Eternidade é, e não tem como não ser.
Logo, a a Eternidade dispensa um criador.
A Eternidade é composta de inumeráveis
e infinitos objetos em seu Corpo infinito
e imensurável.
Os objetos são corpos que contém maté-
ria e ocupam lugar no espaço eterno.
Os corpos nunca param e estão sempre
em constante pulsão evolutiva de trans-
formação.
Logo, nada foi ou é criado, mas transfor-
do num processo ininterrupto de evolução.
Os humanos (como tantos outros seres a-
nimados), são seres sem pai. São apenas
filhos de um processo evolutivo de trans-
formação, ou seja: filhos da eternidade.
O homem criou a mulher — com o que, afinal? Com uma
costela de seu deus — de seu "Ideal".
Diz-se que a mulher é profunda — por quê? se nela jamais
chegamos ao fundo. A mulher não é nem sequer plana.
As seitas de Constantino, de Lutero e de Calvino, assassinaram tanta gente, que faz o vocábulo cristianismo ser repugnante até nos dicionários.
A morte de Jesus nem deve ser considerada morte, posto que algumas horas depois ele estava belo e fagueiro se regozijando com sua seita.
Agora, quem realmente morreram, e por causa dele, foram os seus fiéis jogados na fogueira da Inquisição.
Já vivemos num mundo onde as concepções pretensamente ideais, são originadas no útero das computações em escala universal. Já somos produtos programáveis. Só os demasiadamente céticos ainda não enxergaram isso.
O mundo humano Ocidental é movido pela infantilidade da fé e pelo descaso físico de si mesmo no mundo-aqui. Vive para alma e dedica ao exercício da vida física um desprezo que beira o masoquismo.
Se a Bíblia fosse a palavra de Deus, cada bebezinho ao nascer já nasceria com ela escrita na palma da mão, e em seu próprio idioma.
Nunca vi um profissional da fé, multiplicar cinco pãezinhos para alimentar os famintos que o ouvem, mas ao contrário, só vejo tantos deles enchendo as bolsas, tornando abundante o Capitalismo das fés.
Lírios e delírios
Se Deus é um delírio, que mal há nisso... deliremos pois.
Mais infeliz é aquele que nem pode delirar.
Que seria do poeta sem o delírio da poesia?
Que seria do tirano sem o delírio da tirania?
Que seria dos profissionais da religião, sem esse delírio?
Não ganhariam seu pão, visto que esse delírio é sua profissão.
Se Deus nos faz delirar, logo Deus existe como delírio
Se nisso deliramos, decerto a idéia Deus seja assaz delirante.
Portanto não se turbe o vosso coração com algo de somenos.
Mas se Deus nos faz delirar, logo Ele existe... ou não?
Isso não importa, o que importa é o delírio.
Nem importa se tal Delírio fomos nós que criamos ou Ele que nos criou.
Regozjemo-nos e nos alegremos, pois a vida é bela.
Bela e eterna de lírios e delírios!
Autor: (José Hunaldo de Souza - maio de 2008)