Vitória Mayara Cima
Poemas;
São detestáveis
E prescindíveis
Até você encontrar algo ou alguém que o faça entender o real motivo de criação
De estrofes e versos
Que pairam em laudas
As quais não eram exploradas até o devido instante
E que impetuosamente são tomadas como refúgio - daí para sempre.
Se eu escrevesse
A cada sopro de inspiração
A poesia que você emana
Eu não seria capaz de apanhar
Os momentos dessa terminação: poesia
São fagulhas impossíveis de serem captadas
Então eu questiono esses momentos
Porque em pensamentos
Você sempre está presente
É uma sede
De finalização
Um deleite inexplicável
Não sou capaz de apanhar o processo
Tampouco o final
E o princípio. Porque você é poético.
E emana poesia
Se eu descrevê-la, ela sairá da dimensão do belo
Para concretizar-se em imitação.
Você é a arte pura e ideal
E inapreciável é ter de percorrer esse sistema para explicar o que você significa
Em um poema.
No âmago da essência todos são eremitas.
Há os que se consideram conhecedores de tudo,
Mas vivem enclausurados em uma bolha.
E há os cônscios de sua ignorância,
Esses vivem errantes em meio aos indivíduos.
Entre uma e outra xícara de café
Os dias seguem e eu alimento a fé
De poder viver cada segundo como é
Mantendo o controle ao entoar um ré
Intitulável
Resolvo criar um poema
Talvez resolva meu impasse
De pensamento a dilema
Não quis que nisso você se tornasse
Paramos, assim, do modo que começamos
Um sopro, um vento no ocaso
Incrédula ao que passamos
Quem pode explicar o acaso?
Cardinal, contato carnal
Pondero as proporções
Por quê de casual
Passou para turbilhões
E toda a gama de clichês
Com o fito de um poema e só?
Secundário é o que você quer dizer
Às coisas que viraram pó.
Saia de mim
A verdade desagrada
É a forma material
Que ninguém tolera
Manter sob seu astral
Tal ônus que é cólera
E mata o jovial
E a verdade nua e crua
É que o amor é uma falácia
Que de boca em boca na rua
É mentira que atrofia
Quem quer estar bem na praça!
Infiel ao soneto
Eu vou cuidando de mim,
De um jeito ou de outro
As coisas sempre têm seu fim.
Nonsense, passageiro ou verdadeiro.
Ó Cronos, só eu por eu até os confins.
Da minha existência és timoneiro
E eu mera tripulante enfim.
Que resguarda as perguntas
Nesse mar sem respostas.
À deriva, às escuras sem norte
Sem rumo e jogada à sorte.
Só sei que nesse trajeto de luta
Vez ou outra me recordo, latente,
A boa gente que meu ser recruta.
A imprevisão do tempo
Em uma chama de olhares
Saem faíscas de fervores
Não importa os lugares
Aonde quer que eu vá
A lembrança desse teu olhar
Me deixa em torpor
As precipitações de sensações
Fazem chover em mim,
Fazem eu inundar em um leito
Deslizar nas águas
Ser errante no mar
Ainda bem
Que aquele dia
saí desavisada da chuva de você.
Então eu te deixo chover.
AncoRa
tento não pensar
que estou cada dia mais triste
tento me ancorar
no momento que agora existe
tento não divagar
Sobre escolhas que não pude fazer
tento me conformar
com as decisões e o que elas me fizeram ser
tento todo dia ao menos conseguir
um minuto e um motivo genuínos para sorrir
e esquecer da dor que tem sido viver
e da bagunça que transformam o meu ser
o meu ser que não sabe o que quer ser
porque tanta inconstância não me deixa ver
que essa inconsistência me faz perder
tudo de bom que posso viver