vitalves
Eu sou o que eu sei, mas nem sempre eu sei o que eu sei, às vezes o que eu sei é muito pouco, com isso me acho insuficiente, com tudo me sinto fraco, com nada me sinto forte, eu sou o silêncio de um grito forte, eu sou as lágrimas de um sorriso nos olhos, eu sou um rei, eu sou um réu, eu tenho Dólares, eu tenho damas, fui a última inspiração de um poeta suicida, eu tenho vida e tento conviver, eu tenho um barril de mágoas e um pequeno cofre cheio de perdão, mas aqui não vejo ninguém nessa multidão, mas 'tou tranqüilo, tranqüilo...
Eu sou tranqüilo, tranqüilo...
É TUDO MENTIRA
Sou o que sei mas não sei o que sou
sei o que digo mas nem sempre digo o que sei
eu sou um pouco de tudo, um pouco de nada
um pouco de mim e um pouco do que vem até mim
sou indecifrável, um inadiável fim
eu tenho um coração bem maior que minhas idéias
gosto da naturalidade das coisas naturais
eu sei tudo sobre nada e uns dizem que eu sou gênio
outro vêem o meu imenso desconhecimento
uns me compram, uns me vendem e uns me estragam
E é tudo mentira, não há ninguém pra me compreender
As pessoas parecem ter medo de quem fala o que sente
de quem sente o que pensa e de quem pensa diferente
eu quero ser igual mas essa normalidade não me atrai
é bem mais fácil eu tentar me controlar.
Há sempre algo bom em ser incompreendido
Há sempre incompreensão em algo bom...
PROTÓTIPO APRENDIZ
Sou Sarcástico, um poeta burro,
Um protótipo, um aprendiz...
Traduz-me essas palavras em um silêncio,
O silêncio de uma incógnita incompreensão,
Nos meus passos deixo
Marcas mas os rastros Eu desfaço,
É meu vício um desperdício,
Uma loucura e um complemento
Pra minha paz que eu mesmo faço,
No acaso, no vácuo, no espaço,
Num lago profundo à solidão,
Num vago espaço de tempo
Eu lembro o que não vi,
Eu vi o que não lembro e
Mergulho em pensamentos,
Idéias sádicas, lixo mental,
Esconde em meu olhar
Minha revolta e minha razão,
Incompreensão, de amor eu sou imune
Pune-me o meu rancor,
Um dia ainda aprendo a amar,
Mas, antes tenho que aprender sonhar...
QUANDO FAÇO ACONTECER
Se me entendes é um gênio
Se me ouves é louco
Já sonhei um milênio
Só vivi um pouco
Sigo os traços de um laço
Rego as ondas do mar
Transfiro ondas no espaço
Faço um astro girar
Tenho um pouco de louco
Tenho passos de mago
Sigo em fé no sufoco
Sou o vilão num estrago
Amo ouvir o silêncio
Adoro fazer barulho
Faço lágrimas molharem um lenço
Sou uma serpente num embrulho
Sou a fúria do entendimento
De repleta ignorância
Vigor de conhecimento
E rigor de tolerância
Eu sou fonte de prazer
Quando faço acontecer.
PREMATURO
Às vezes eu queria ser eternamente criança, e permanentemente ingênuo das peculiaridades mundanas, desconhecer os problemas da vida, não ter que insatisfatoriamente viver sobrevivendo, apenas viver, apenas existir, existir diante do inexistente sentimento psicológico, ver os dias passarem e minha vida permanentemente prematura, desconhecer que guerreiam para dominar os dominados que me dominam, desconhecer que existe infelicidade, maldade e ambição, não ver que a cada instante pessoas me traem com sorrisos e aplausos, dramas e lágrimas, seres em busca da auto-realização, contra tudo e contra todos, que não se satisfazem com o simples e divino dom da vida. Eu queria viver e te ver feliz, mas isso é pura ilusão.
EPITÁFIO D’UM AMOR
Fui extenso, limitado, fui belo, fui pródigo, fui profano,fui...Hoje nada sou, de mim resta quase nada, muito pouco, não mais o bastante, talvez lembranças, sonhos, mas foram-se as ilusões. As esperanças devoram-me dia após dia como um vapor que leva a última gota do que já foi um oceano, mas não me rendo, vou até o fim, mesmo que não mais me percebam, que não falem mais de mim, ainda estarei aqui, alimentando-me do que me devora, e quando tudo de mim se for irei ao meu mausoléu e lá ficará em memória esse meu epitáfio, que aos poucos se diminuirá, mas jamais se findara totalmente, pois, não fui eterno mas o que restará de mim será.
Quando for-me deixarei tudo preparado para um próximo, meu espaço vazio, minhas duas metades desfeitas, ambas buscando outra metade, que provirão dois amores, mais duas histórias de amores que podem terminar igual a mim.
amor, conheço?
Já ouvi falar do amor, mas não o conheço pessoalmente, eu acho que já o vi por algumas vezes, acho que já tirei os olhos dele, fingi não vê-lo, já fingi revê-lo, fingi, apenas fingir, o amor têm medo de mim da mesma forma que eu tenho medo dele, mas não se esconde de mim o quanto eu me escondo dele, eu tenho um poder imensurável pra amar, mas eu não quero amar, o amor é imensurável, mas ele também não me quer, na verdade, talvez sejamos inimigos mortais, mas, o amor não é mortal, mortal é apenas eu, o amor nunca morreu, ele está dentro de tudo, inclusive dentro de espaços vazios, o amor é o som do silêncio, o amor preenche a vácuo, o amor é sublime, suas conseqüências são inimagináveis, eu mataria por amor mas de amor eu não morro, eu não sou imune à ele, mas ele é impune, por isso o temo, o respeito e às vezes até o compreendo, o amor te faz crescer e ficar pequeno, te derruba e o te faz grande, o amor que pode ser descrito é pequeno, o amor com um feliz fim não é eterno, o amor que te prende não te condena, o amor que constrói não imagina o que corrói, o amor é simplesmente indescritível mas eu sou tão insano à ponto de tentar descrevê-lo.
Antes de tentar dormir
Noite sem sono, versos sem razão, eu quero crer na ilusão, quero um transplante de cérebro urgente, não aguento mais essa gente demente, eu quero um chão pra pisar, quero ter um coração pra amar, eu preciso não ver nada em algo, algo preciso, ponho-me a me amar, amo-me a me expor, eu vi o vermelho do céu, vi o azul do teu véu, as cores inversas, as ilusões imersas, os rastros de tempo na beleza do teu templo, te contemplo, nada mais à fazer, nada à me obedecer, eu não sinto nada, nem tuas mãos de fada e nem o golpe da tua espada, eu fui um menino mau, fui um homem vital, eu fui o meu passado e fui ultrapassado, fui ao meu presente e te vi ausente, fui ao meu futuro e tive medo do escuro, fui pro quarto e não te vi, vou tentar dormir...
Eu ontem esqueci de tudo hoje, preciso de um novo cérebro ou de um cérebro novo, talvez um cérebro estranho ou o cérebro de alguém, será se preciso de alguém? Essa interrogação me causa medo mas desse medo eu não preciso, ou preciso? Ah sei lá! Eu só quero um jardim, Não precisa ser do Éden, nem preciso de Eva nem de erva. Quero viver, quero ouvir, quero ver quero conviver e compreender, mas, será se isso basta?