Vinícius Felagund
No mais, ainda existe algo aqui dentro que afoga e desafoga, pois a maré é como o vento e não tem hora pra chegar. Talvez seja somente uma questão de tempo, justo juíz que faz jus ao seu intento. Então se assim tiver de ser, que o tempo decida me engolir ao invés de mastigar, pois não ofereço resistência, estou somente deixando me levar.
De repente me sobreveio uma vontade súbita, afastando de mim o presente e revigorando o passado. Senti-me preso em tudo aquilo que um dia eu escolhi e vivi, pois é ali que se encontra o que outrora foi a vontade mais ardente e o cair mais profundo. É por isso que sempre ao raiar do dia estou a matar meu o presente, na tentativa amarga de reviver o passado.
O amor não é quantificável, mas as expectativas geradas no desenrolar da histórias são. Então eu penso que no fim, toda aquela camada de esperança e expectativa criada ao redor de um amor bruto se transforma em frustração, deixando assim uma sensação de vazio, já que você não estava cheio de amor, mas sim de ideias.
Ser perfeito seria arrancar de mim a humanidade em sua essência, porquanto ainda sou humano, vacilante e errante, faço disto meu desígnio; uma busca incansável pela evolução de um ser melhor, se eu erro por impulso, inexperiência ou condição humana imperfeita, reconheço, me arrependo, aceito e aprendo. Pois o que seria a vida, senão um eterno aprendizado para nos tornar melhores e fazer o bem aqueles que nos cercam. Quão bela é a virtude daquele que tropeça e por isso retira as pedras do caminho para que outros não sofram o mesmo, ou daquele que, ao se arrepender do erro, cumpre com obstinação a vontade de nunca mais fazê-lo novamente. Assim então é a vida, nada mais a dizer, somente o silêncio a percorrer, o abismo de profundo arrependimento do meu ser.