Victoria Bark
Imoral
Espere ele voltar
Não vai aparecer na minha janela cantando serenata
Então deixa ele vazar
Vou correr atrás se não seria ingrata
Então deixa ele pinar
Existem mil formas de definir isso casualmente
Tomar algumas miligramas de moral para reforçar
Distúrbio de deixar partir me faz doente
Crônico
Estou com dor de cabeça porque a alma grita
A mente chora
A macaca xita
Porque está sempre frio
Porque a genética é boa
Porque quero pular no rio
Porque não moro em lisboa
As vezes da vontade de pegar uma canoa
E sumir em meio de um mar azul diurno
Sumir em uma extremidade inalcançável onde meu berro ecoa
Ouvir apenas a mim mesma, conhecer meu próprio contorno
Me julgo indomável, amável, inconsolável
Consolar a mim mesma minha própria e bendita existência, jamais
Graças a plenitude
Revejo meus conceitos banais
Mas ainda estou com dor de cabeça
E quero fugir pra algum lugar
Qualquer um onde desapareça
Pena que na lua não tem ar
Ouvido Seletivo
Aquele tal ouvido que só ouve o que quer
Que funciona 50% e não acolhe nada
Faz de cada palavra xofair
Quando quer da uma escutada
Escuta sem ouvir
Vida boa de madrugada
Não liga de ir e vir
Que a morte venha preparada
Coitado dele que meio sentia
Por driblar palavras sábias não sabia
Por traz de careta e empatia
Nada havia em viver de miopia
"No fundo gostaria de ser surdo"
Mas na verdade ele gostaria que seu nariz funcionasse tanto quanto sua boca
E meu ouvido
Trair
Te conheço e já sei tudo que vai pensar
Mas não queria saber todo esse tanto
Nenhum milagre de amar
Salva as besteiras que fiz, contudo, por encanto
Perdão é divino mas não é norma
Não sou ingrata sou realista
Perdão não para ninguém quando é prometido dogma
Nem desfaz tua hipocrisia
Mentira tem perna curta
E não a perdão que te livre da consciência
Aquela vozinha chata, inconsequente e fajuta
Te transformando em tua própria consequência
Desalinhada
Sempre quis ter um caderno arrumado
Uma mente organizada
Mas são sempre bagunçados, estropiados e desordenados
Desfeita de macumba mal amada
Gosto da forma que agiu em minha vida
Desse antro de criatividade sem porque
Essas idéias bem vividas
Com cheirinho de saquê
Perfume francês, cigarro e café
Tal moço reparou um dia
Concordei com sua palavra de fé
E gosto de minha anomalia
Do meu cheiro e manias
Cada uma desenvolvida pro meu nascer
Cantiga dos aristogatos das gatas vadias
Ter tanto prazer em analisar meu próprio ser
Principalmente antes de dormir