Victor Velôso
Resguardo de Solidão
Recolho-me ao anoitecer
Esperando até o dia amanhecer
Um dia ele virá, com certeza
E me trará de volta, toda minha pureza
Minha solidão é fruto da minha ilusão
De sempre acreditar que o coração
Sempre diz o melhor para mim
E termino ficando assim:
Meu doce amor
Sua pele delicada como um suave véu
Seus olhos brilham como a luz do céu
Eu estou perdido, dentro da cidade do paraíso
Guie-me com esse teu radiante sorriso
Meu pequeno bebê
Nos meus sonhos, sou capaz de te ter
Apenas por um segundo, por um minuto
E com um gesto nada resoluto
Privo-me de viver esse prazer
Minha amarga ilusão
Contento-me com seu sorriso
E em me esconder, sem você saber
Em teu coração, no teu viver
E ali morrerei, sem o menor aviso
Quando
Quando eu costumava mandar no mundo
Eu era alguém para mim
Simples como deveria ser, um poço sem fundo
Mas agora tudo pode me atingir, fácil assim
Quando você se deita e dorme
Procuro felicidade entre os confins do universo
Entre nós, existe um abismo enorme
Ops, quase o revelo no final de um verso
Quando eu costumava mandar no mundo
Eu sabia exatamente do que precisava
Eu tinha muito mais do que necessitava
Isso foi quando você acordou-me do meu sonho profundo
Quando eu dominava a história
Você tinha na memória
O que busquei nos céus
O que a morte tirou entre os véus
Rapsódia de Solidão
Nem mesmo a chuva fria de novembro
Nem o calor arrasador de dezembro
São capazes de acabar com toda a dor
Que carrego do amor
Eu sentei aqui nas escadas
Porque hoje quero ficar sozinho
Não significa que não preciso de carinho
E gosto de me sentir só ao longo da estrada
Agora eu sento num trono que não me pertence
E nem por Deus desejaria lá sentado um inimigo
Muito menos um grande amigo
Agora eu entendo que ele realmente me pertence
Antes minha eterna solidão
Que ver outro em minha doce maldição
Há mais uma coisa para se considerar
Não estou aqui pedindo
Para ter com quem chorar
Estou pedindo por um pouco de compreensão
E nos meus lentos passos vou seguindo
Com esse forte pesar no coração