Vanessa M.
O dia em que não me viste
transformou-se em noite
a noite em escuridão
escuridão em sonho
sonho em delírio
delírio numa flor.
A flor murchou
e nas palavras se machucou
o meu beijo não foi enviado
a caminho de um sem face
não era teu.
Esse beijo meu foi para outra face,
essa tem cor, dor, amor,
a nossa história
o meu e o dele,
combinação em arte
um que dá voz e o outro
cria a outra parte.
Criaram-me em complexos jogos
amar não é jogo, é arte
e quando se tem com quem amar
a criar, um universo pode gerar
os dois partilham o mesmo corpo,
conhecem as linhas um do outro.
Não pegues no meu coração
e disponhas na tua parede
não sabes o que ele trás dentro
deste batimento fechado.
Pergunta antes se ele é teu
marcação da palpitação
vibra de amor e dor
que não é tua não.
Retira tudo o que quiseres
só não me tiras de mim.
Depois da tragédia
a vida passa a ser uma ironia.
Cada dia vivido
é uma possibilidade
para não voltar a errar.
A minha vida
não vais retirar.
Guardei aquele presente, oferta muito especial
espero que a minha tenha sido recebida por ti
da mesma forma.
Tu sabes do que falo
só tu sabes
as dores que passei
e que desejei
não ter passado.
Agora vêm, tira mais um bocado.
Já não estou
nas tuas encruzilhadas
ponto de vista em lentes furadas.
Miopia optica.
Põe os oculos e talvez enxergues
que nos meus assuntos
não mexes.
Nunca estive
nem quis estar
estou no meu lugar
e não onde tu queres.
Só que eu precisei fugir
das tuas mentiras.
elas prendem
e eu, sou livre de voar
conquistei-a e não a vou largar.
E se perdi alguma coisa?
Não, nada.
O que tenho é o que preciso
não quero a tua conversa fiada.
Nem tuas dores
amargurada.
Da tua mente fechada.