Vanessa Carvalho
Já não me surpreendo mais com o comum, nem com o incomum. Se é para realmente me surpreender, tem que ser com algo além do incomum.
Não me diga palavras bonitas se elas forem mentiras. Não diga que sente sem sentir. Não me faça criar esperanças para depois destruí-las.
Eu sei, mas finjo não saber. Às vezes eu gosto, mas demonstro não gostar. Penso em falar, mas lembro que não vai fazer nenhuma diferença.
De repente o que antes era importante para mim, com o tempo vai perdendo a importância, e quando eu percebo, já não me importa mais.
Me ofendem e não percebem. Eu me afasto e depois me perguntam o porquê. Eu não digo, e depois dizem que eu é que sou a estranha.
De umas pessoas eu preciso de justificativas, de outras não. De umas os detalhes me importam. De outras, afirmações ou negações já bastam.
Pessoas são como quebra-cabeças. Cada atitude é uma peça. Peças que com o tempo eu vou montando, e desvendando o que cada uma delas são.
Existe um só acontecimento, mas as interpretações são muitas e diferentes, e fazem esse mesmo acontecimento ter vários lados.
Encontro mentiras em verdades e desconfio das verdades, porque sei que um dia elas se transformarão em mentiras.
Não mostro às pessoas a onde elas estão errando. Prefiro deixar que elas mesmas, sozinhas, percebam os seus erros.
Pequenos acontecimentos trazem de volta antigas lembranças, que trazem antigas sensações, que trazem antigas saudades.
Não adianta você querer consertar o que fez de errado com atitudes melhores. As suas antigas atitudes vão ficar, mesmo você as mudando hoje.
Tenho o controle sobre os meus atos, mas não tenho sobre a minha mente. Consigo controlar o que faço, mas não consigo controlar o que penso.
De pouco em pouco vem o afastamento, para quando se notar, estar muito distante a ponto de não ter mais como se aproximar.
Ando em ré
Querendo ter fé
Para ver se o tempo volta atrás
E eu te encontro naquele tempo
Em que eu te via mais.
Flores e Feras
Faces de flores
Com feras aprisionadas
Dentro de seres,
No último despetalar
Talvez mostrem
O que há nas entranhas.
Feras estranhas
Vagando nos subúrbios
Junto com o caos
Urbano e vivido
Têm brotadas em si
Pequenas flores.
Flores, feras,
Temos em nós todas elas.
Com faces de flores
Aprisionando feras,
Com faces de feras
Escondendo flores.
Feras e flores,
Somos todas elas.