Vanessa Cabral
Às vezes bate aquela saudade de quando era criança. Não tive uma infância muito fácil. Mas tinha minha mãe ao meu lado. Mulher guerreira, que nunca desistiu de mim. Que até hoje luta e torce pela minha felicidade. Que se preocupa como se eu ainda fosse uma criança. Que ora com todo amor e fervor para que eu viva os meus sonhos. Uma mulher que embora tenha apanhado tanto da vida e tenha uma "casca" de defesa, guarda dentro de si um amor tão puro e desprendido que me constrange. Essa é minha mãe. Que tiraria da própria boca para me alimentar e que com certeza faria os maiores sacrifícios para que eu não sofresse. Que me ama independente das minhas falhas e defeitos. Sem esperar nada em troca. Amor verdadeiro.
Hoje a saudade bateu forte. Sei que o tempo não volta, e que eu cresci. Mas nesse momento queria segurar no seu braço e não soltar mais.
Saudade
Ouvi alguém dizer que, a palavra mais bonita do dicionário, é SAUDADE. Não sei se é a mais bonita, mas é totalmente significativa. A gramática é limitada à sua grandeza.
Hoje acordei com uma saudade absurda. Tão imensa que senti na "carne". A saudade é isso, um sentimento/emoção, mas quando chega ao seu extremo, também é física. Tive aquele sonho que pareceu tão real, quanto o celular na minha mão, ao escrever esse texto. Acordei com a impressão de sentir o cheiro, a pele, o toque...
Saudade é verso ou inverso. Às vezes parece ruim, mas ao mesmo tempo é boa.
A minha me lembra de um tempo bom. E por isso, sou grata!
Parece um poço sem fundo.
Todo mundo sente em algum momento. Outros sentem em tempo integral.
Num mundo de tanta superficialidade, é difícil entender algo tão profundo.
E também, é algo muito pessoal, por isso não dá para medir por comparação.
Então, tentamos preencher. Vamos acumulando atividades, sentimentos, religiosidade, vícios... tudo para tapar o "buraco infinito". Uma busca insaciável e desmedida.
Tem momentos que fica mais leve. Outros tão pesados, que parece que nos ombros carregamos toneladas.
Até que chega o momento, que tudo parece se descortinar diante dos nossos olhos. As escamas começam a cair. E a luz volta à brilhar. Mas não se engane, em algum momento, tudo escurece novamente.
Existe uma fonte, capaz de tornar esse caminho mais fácil. Algo em que podemos nos agarrar, porque é inabalável. Isso é: FÉ.
Padrões
Sobre beleza ou comportamento, sempre há o que ler ou ouvir. As pessoas emitem suas opiniões e achismos. Todos, consciente ou inconscientemente, fazemos isso. Não há como se abster. (Prova disso sou eu, também dando aqui minha opinião).
A verdade é que todos querem estabelecer regras e ideais. As vezes os próprios criadores, não vivem metade do que discursam, mas a ânsia de opinar é maior do que o esforço para ser alguém melhor.
Se fôssemos exemplo perfeito de algo, não necessitaríamos de remissão. E ao que me consta, o único perfeito que já existiu é o próprio CRISTO. Homem algum, pôde alcançar esse nível. E se pudermos em algum momento galgar algo que sugira bondade ou justiça, também vem dEle, não é nosso mérito. Não quero com isso, dizer que não precidamos ser imitadores dEle. Mas me refiro ao fato de que o padrão à seguir é do próprio, não nosso. Porque ao usarmos a justiça própria, nos colocamos como juízes. Somos totalmente repreensiveis, em nossa condição humana. Por isso, a importância de sermos justificados pelo único que é justo. (Mas isso é assunto para outra instância).
A questão é, quão medíocres são alguns pensamentos que acabamos verbalizando. Como é fácil se colocar como juiz dentro da imundície alheia. Como é fácil ser portador de críticas destrutivas. Como é fácil ser mensageiro da desgraça vizinha. Como é fácil se abster da empatia e não sentir a dor do outro. Como é fácil colocar os nossos gostos e escolhas em oposição a outros. Como é fácil definir o que é aceitável e o que não é, quando o "barulho" não vem da nossa casa. Como é fácil achar soluções, quando os problemas não são nossos. Como é fácil resolver a vida de todos, enquanto temos o nosso telhado de vidro.
É o que nos para, distrai e atrapalha. É o que nos mantém na ilusória zona de conforto. É o que nos impede de fluir e ir além.
É o medo que penetra mais fundo que as convicções. É a idealização sem a coerência. É a busca insensata nos lugares errados. É a falta de fé, que nos distancia cada vez mais do real e absoluto. É a ânsia misturada com a covardia. É a falta de preparo, que nos faz correr muito no começo e desistir antes de chegarmos na final. É não saber onde depositar as ansiedades e preocupações. É sermos levados por emoções e sentimentos, fruto de uma mente pequena e fechada. É não se agarrar aquilo que é sólido, transparente e infalível. É a falta do CRER no real sentido da palavra.