Vander Lee

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Cada dia que passo sem sua presença...
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário jogado na areia
esperando que você me leia
Sou pista vazia... esperando aviões...

Que eu queria poder te dizer sem palavras...
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões...
(Esperando aviões)

Românticos são poucos,
Românticos são loucos, desvairados
Que querem ser o outro,
Que pensam que o outro,
É o paraíso.

Românticos são lindos,
Românticos são limpos e pirados
Que choram com baladas,
Que amam sem vergonha e sem juízo
São tipos populares, que vivem pelos bares
E mesmo certos vão pedir perdão
E passam a noite em claro
conhecem o gosto raro
De amar sem medo de outra desilusão
Romântico é uma espécie em extinção.

Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito...

Você chegou querendo
Tudo que o tempo não te deu
E que levou de você;
Sem saber que você já sou eu...

A onda veio e me levou
Desse lugar e agora eu sou
Uma ilusão, a solidão é meu troféu

Ó meu Pai, dá-me o direito
De dizer coisas sem sentido
De não ter que ser perfeito
Pretérito, sujeito, artigo definido
De me apaixonar todo dia
De ser mais jovem que meu filho
E ir aprendendo com ele
A magia de nunca perder o brilho
Virar os dados do destino
De me contradizer, de não ter meta
Me reinventar, ser meu próprio Deus
Viver menino, morrer poeta

Aquele jeito que você me olhou
Varreu meu pensamento
Todas as coisas sairam do chão
E eu me esqueci de tudo

E antes que eu me desse conta
Já era seu meu querer
Foi como o sol que desponta
Uma montanha dourada
Na terra do faz de conta
Pra me banhar de prazer

Mas o vazio que você deixou no meu apartamento
Quase transbordou meu coração
Meu mundo ficou mudo
Você foi pra tão distante
E eu quero tanto te ver
Por isso não se espante se numa noite bela
Aquela estrela brilhante em sua janela bater

Por isso não se espante se numa noite bela
Aquela estrela brilhante em sua janela bater

Não perca o resto do tempo que ainda te resta.
Não perca tempo pensando que a vida não presta.
Certas canções duram pouco, outras são eternas.

Caminho ao seu lado sem falar
Mas canto uma canção pra te alegrar
Só peço que não tente compreender
(Tanto tanto)

Dor de Amor
Corrói feito veneno
Destrói o peito ameno
Tortura sem matar
Ai de mim
Que não fugi a tempo
Eu não mereço tanto
Eu só queria amar

Não traga tempestade depois que o sol se por
Nem venha com piedade porque piedade não é amor

Faço de conta que sou levada
Pra ser levada em conta

Vem me ver
Vem juntar seu calor ao meu
Não te quero ter
Só nos finais de semana

Mas quem nasceu pra lagartixa
Nunca chega a jacaré,
Eu já gastei todas as fichas
Por causa dessa mulher
Ela não gosta de samba,
Ela não anda a pé,
Ela é bonita pra caramba
E não dá mole "pra ralé"
(Tô em liquidação)

Por que você não vem me dar amor
Por que você não vem pra mim
Eu não sou garota de Ipanema
Mas você também não é um Tom Jobim
(Subindo a ladeira)

Nem todo amor é em vão
Nem toda crença, ilusão
Nem todo Deus, comunhão
Nem todo pecado, perdão
Nem tudo que se dança é baião
Nem tudo que sobra é lixão
Nem toda poesia é refrão
Nem tudo que se dança é baião
(Seção 32)

ALMA NUA

Ó Pai,não deixes que façam de mim
o que da pedra tu fizestes
e que a fria luz da razão
não cale o azul da aura que me vestes.

Dá-me leveza nas mãos
Faze de mim um nobre domador
lançando acordes e versos
dispersos no tempo
pro templo do amor.

Que se tiver que ficar nu
hei de envolver-me em pura poesia
e dela farei minha casa, minha asa
loucura de cada dia.

Dá-me o silêncio da noite
pra ouvir o sapo namorando a lua

Dá-me o direito ao açoite
ao ócio, ao cio
a vadiagem pela rua.

Deixa-me perder a hora
pra ter tempo de encontrar a rima
ver o mundo de dentro pra fora
e a beleza que aflora de baixo pra cima.

Ó Meu Pai, dá-me o direto
de dizer coisa sem sentido
de não ter que ser perfeito
pretérito, sujeito, artigo definido.

De me apaixonar todo dia
de ser mais jovem que meu filho
e ir aprendendo com ele
a magia de nunca perder o brilho.

Virar os dados do destino
de me contradizer, de não ter meta
me reinventar, ser meu próprio Deus
Viver menino, morrer poeta.

Iluminado
Vi o meu sentido confundido, iluminado
Vi o sol enluarar, quando viu você
Vi a tarde inteira, a Sexta-feira, o feriado
Esperando o amor chegar e trazer você
Você chegou querendo

Tudo que o tempo não te deu
E que levou de você;
Sem saber que você já sou eu
Agora não entendo
O meu relógio o amor tirou
Mas sei que o meu coração
Tá batendo mais forte
Porque você chegou

PRA SER LEVADA EM CONTA

Vem me ver
Vem juntar seu calor ao meu
Não te quero ter
Só nos finais de semana
Os meus dias
De feira também são seus
Vem viver
Corre pra nossa cabana
Faço de conta que sou levada
Pra ser levada em conta
É pra janela do seu olhar
Que o meu destino aponta
Vem
Põe o moletom
Prova meu batom
Minha companhia
Dobra a calça jeans
Rega meu jardim
Colore meu dia

Inserida por Luamansa

Meu Jardim
Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito
E o louco que ainda me resta
Só quis te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito

Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões
Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões

Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

Sabe o que eu queria agora, meu bem...
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo, um ombro
Onde eu desaguasse todo desegano
Mas, a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém.

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender por que se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair.