Umbelina Marçal Gadêlha (Umbelarte)

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⁠Se eu pudesse...

Se eu pudesse te deixar algum presente,
deixaria aceso o sentimento de amor à vida
dos seres humanos e a consciência de apreender
tudo o que te foi ensinado pelo tempo afora.
E te lembraria dos erros cometidos,
como sinal para que não se repetissem,
e te deixaria a capacidade de escolher novos rumos.
Eu te deixaria, se pudesse, o apreço
pelo respeito àquilo que é indispensável:
além do pão, o trabalho;
além do trabalho a ação.
E quando tudo mais te faltasse,
eu deixaria, se pudesse, um segredo:
o de buscar no interior de si mesmo a força,
a coragem, a esperança e a fé
única resposta para vencer as complicações da vida.

Umbelina Marçal Gadelha

⁠Tempestade

Às vezes sou vento sereno à mercê do destino.
Outras vezes sou vendaval estrondoso
perdida em sentimentos ferinos, e desatino.
Insisto num convite induvidoso
Vem comigo se afogar nessa tempestade
que sou eu, e se quiser ser meu
então se entregue com total insanidade.

Umbelina Marçal Gadêlha

⁠Tempo

O ontem não me pertence mais
O que eu cobiçava já não me apetece
Eram quereres sazonais.
Hoje reúno ensinamentos que aprendi
Se não me servem as calças jeans
Cabe-me sentimentos que entendi.
O amanhã eu desconheço
Poderá ser saudade
De um descomeço.

Umbelina Marçal Gadelha

⁠Tigresa


Não me julgue pela trivial aparência,
pois, não sou o que pareço
e mereço melhor apreço.
Por trás da voraz tigresa
que aparentemente ostento
esconde-se a inocente
e a inofensiva atitude
de uma gata arisca
e profundamente ingênua
que não tenciona
mostrar-te as garras
nem arranhar-te a alma.

Umbelina Marçal Gadêlha

⁠Castelos inalcançáveis


Rabiscando castelos inalcançáveis na areia sonhei
que desvendavas o meu corpo, como um cão no cio
fareja os feromônios da sua fêmea a viçar. E ansiei
que esquadrinhasses as minhas curvas em precipício
desvelando e compreendendo seus mistérios, divaguei.

Imaginei que absorvias incessante e despudoradamente
meus contornos, como um sedento de luxúria mergulha
em águas doces e cristalinas, e tu bebias insaciavelmente.
E desejoso, atravessastes a impenetrabilidade lascívia imaginada
e, desvairado de apetecer, te deleitastes em prazer sofregamente.

Umbelina Marçal Gadelha

⁠Se as pessoas nascem sob o signo errado, seria culpa do destino?
Teria eu sido vítima do tal? Como sabê-lo?
Se a ciência colaborar e o meu horóscopo permitir,
eu vou traçar o meu próprio destino, sem previsão a seguir.

⁠Parti-me em pedaços.
Rompi-me em sentimentos e suspiros
e um vendaval de sensações espalhou meus fragmentos.
Desfiz-me!

⁠Para te transformares em borboleta,
a mudança tem que vir de dentro para fora,
caso contrário continuarás simples lagarta.


Espiralei com linhas fictícias e imaginárias cores
pensamentos que habitam e distraem a minha mente.

⁠Eu daqui ligando pontos, pontilhando, tracejando eencaixando máscaras
e você daí tentando desvendar o que há por trás delas.

⁠Amigos secretos partilham segredos

Amigo, desde que ocasionalmente descobri o teu segredo
Mesmo sem tencionar, me tornei tua amiga oculta,
conhecedora das vicissitudes do teu predileto brinquedo.
Guardo segredos que nem mesmo tu consegues guardar.
E por saber dos teus mais libidinosos pecados, eu sinto medo
E uma profunda incerteza começa a me habitar.
Uma amizade que começa com segredos mal contados
pode ser mesmo amizade verdadeira ou é pura asneira?

Porém, seja lá o que for essa insensatez resistiu ao tempo.
É que de ti fiquei cativa a espera de tantas outras revelações
driblando as limitadas situações, fomento astuciosas ocasiões
que me alimentam de inusitadas confissões do teu passatempo
porque existe dentro de mim uma pessoa avidamente curiosa,
que precisa ser constantemente saciada de tuas peripécias.
E quando desapareces irrompe-se uma aguda lacuna queixosa,
um hiato que precisa ser quebrado, que só por ti é realimentado.

Sinto falta de jogar conversa fora, cedo da noite ou fora de hora.
E desde que fostes embora, acompanho o tic tac do passar das horas.
Mas o vazio interior não faz parar o tempo que alimenta a ansiedade
de uma solitária e introvertida senhora. O relógio corrobora.
Já não existe um cretino aventureiro a me entreter e me fazer rir
derramando seu charme e fofocando dos seus casos de aventuras inusitadas.
Suas conquistas, suas diabruras que me racham de sorrir.
Já não há que me choque com suas loucuras salientadas.

Não queres mais me chocar com a tua falta de compromisso e afeto
por tuas amantes insaciáveis, tuas ficantes de cenas picantes?
Onde estão as tuas charmosas idosas carentes e as vorazes ninfetas?
Cadê as senhoras viúvas sedentas e as mulheres casadas carentes?
E aquelas mulheres avulsas que logo afastas se te afetas?
Tenho curiosidade de rir com tantas mentiras esfarrapadas,
contadas como se fossem verdades irrefutáveis. Tantas luxúrias.
Sinto a falta de sentir pena da ingenuidade delas. Quanta espúria!

Sinto falta de destilar meus inúteis e incontáveis sermões
sobre as tuas atitudes rudes de despachar as tuas aventuras.
Tenho curiosidade de conhecer o mistério de tantas conquistas.
Que feitiço jogastes em todas elas que se dão sem exceções
e acreditam inteiramente nas tuas mentiras e tuas falsidades?
Que mandiga fizestes para que elas aceitem o tempo limitado
roubado da tua matriz que nem desconfia da infinidade de filiais?
Eu gostaria de desconhecer os teus segredos incompartilháveis.

⁠A marcha da vida

Na marcha da vida é importante mantermos a quietude e seguirmos em frente.
Todos imaginamos um mundo perfeito, mas não é isso que estamos vivendo porque inda temos muito a aprender para poder oferecer. E o mundo quem o constrói somos nós com as nossas ações, nossos combates, nossas virtudes e defeitos.
Ainda não sabemos respeitar o próximo, ainda não entendemos que estamos todos no mesmo barco e que se ele afundar, afundamos todos juntos.
Carecemos de aprender os valores morais que nos tornam melhores, o que não é fácil, porque a humanidade adoeceu.
Basta olharmos em nossa volta para percebermos como estão os nossos irmãos:
uns têm família, e outros nem mesmo sabe quem são;
uns têm teto e outros dormem ao relento, com frio, no chão;
uns fazem pelo menos uma refeição ao dia e outros nem têm um pão;
uns recebem amor e não valorizam e outros só recebem indiferença e injustiça.
Muitos se sentem vazios, pois perderam a fé e a esperança. E o que resta ao homem que não tem nem esperança?
Ainda não temos a solução para os nossos problemas, mas se tivermos tolerância, benevolência, acolhimento e amor ao próximo tudo ficará mais fácil.
Somos seres independentes, mas não significa que temos que ser individualistas.
O mundo seria realmente um paraíso se não houvesse o egoísmo, a soberba, a ganância, orgulho e o desamor. Tudo seria maravilhoso se houvesse mais fé e caridade.
Portanto, é chegado o momento de contermos os impulsos, a arrogância, a soberba e o egoísmo que cega a razão.
É chegado o momento de nos colocamos no lugar do outro irmão.
O mundo é maravilhoso, o que lhe falta a harmonia e o equilíbrio para que todas as partes formem o todo.
Todos nós precisamos de paz, mas precisamos lembrar que ela deve começar dentro de cada um de nós, para que possamos compartilhá-la generosamente e assim podermos exigi-la das outras pessoas.
É o momento de reaprendermos as virtudes para mudarmos o mundo a partir de nós mesmos.

⁠Tatuagem

Fizestes dos meus sentimentos um grande parque de diversão.
Jogastes sem ressentimento com o meu coração desatinado.
Brincastes vai e vem, de pega e ioiô com as minhas emoções
Fostes leviano ao vadiar de o gato comeu e de lobo danado.

Fizeste-me tua escrava por puro prazer ou por pirraça.
Tatuastes a minha terna alma desavisada com o teu ferrete
uma marca tão corrosiva que me destroçou a carcaça
Ficou por dentro a cicatriz cravada como lembrete.

Golpeaste profundo um coração sonhador.
Feriste à frio, à ferro e fogo o teu aconchego
que ressentido, fechou-se submerso em dor,
tatuado na bagagem, com marcas do desaconchego.

⁠Desfecho

A vida é feita de ciclos e infalivelmente
para cada ocasião há uma estação
com maduração e contradição do tempo.
Há tempo para fomentar o sentimento
e envolver-se gradualmente
no fascínio da sedução,
tempo de cognição, de apreensão
tempo de desconhecimento.
Há tempo de surpreender e ousar
assenhorando-se do que se semeou.
Há tempo de causar sem se deixar intimidar
e tempo de recuar, de desadormecer.
E tempo de teimar em sonhar e apetecer.
Tempo de se abandonar os hábitos enraizados
que levam sempre aos mesmos tropeços.
E por enfim a estação terminal: the end.
É o tempo do desfecho sem recomeço.

⁠Lavo as minhas preocupações nas divinas gotas de orvalho
que o céu me enviou, entrego a minha ansiedade
nas mãos de Deus e confiante,
em Seu colo descanso.

⁠De vez em quando, a vida te joga em redemoinho em alto-mar e, quando você pensa que vai se afogar, ela te puxa à tona de novo.


Se me aperta a saudade,
mesmo se demoro padecente
Não me derrota a tristeza,
Pois é a mulher que vive por dentro,
que fortalece a mulher de fora.

Entrega

⁠Entregue-me todas as suas fantasias.
Sem medo e sem vergonha me confie
e os seus segredos mais atrevidos.
E se me desejares tua
assim como eu te quero meu,
então me faças para sempre tua,
porque dentro de mim
tu serás para todo sempre
unicamente meu.

⁠Nunca se engane porque nem tudo é o que parece ser.
Por trás dessa garota aparentemente serena,
há uma delicada moleca sapeca, sedenta
de amor, de carinho e de atenção.
Esconde-se uma mulher plenamente intensa, edaz.
Há um vulcão em ebulição.

Auto avaliação


“Não devemos esperar por uma crise para descobrirmos quem e o que é importante para nós”. Porém nem sempre agimos assim, na maioria das vezes só percebemos a tensão quando o conflito já está instalado, aí não temos como pular o obstáculo.
Incontadas vezes não refletimos e nem avaliamos sobre as nossas atitudes e sobre as atitudes do outro em nossa vida.
Sobre o que vemos, sobre o que ouvimos, e se o que pensamos em fazer é realmente aquilo que gostaríamos que também pensassem sobre nós e que fizessem conosco.
Hoje esse pensamento caiu em minhas mãos e sei que não foi por acaso. Então dei-me conta de que fazemos justamente o contrário daquilo que pensamos e que expressamos em palavras e atitudes.
Pense nisso.

⁠Procuro me desvestir do que aprendi
Procuro me esquecer de não me lembrar o que me faz sofrer
Procuro me deslembrar dos meus conceitos
encaixotando a angústia de tudo que não quero reviver.
Procuro me encontrar quando de mim encontro-me perdida.
Procuro-me.

⁠Elos rompidos

Alma ludibriada, desorientada,
sem ânimo para encarar a pisada.
Coração partido, elos rompidos.
Necessito de mudar o meu itinerário,
fugir do sofrimento.
Desenho um sorriso no rosto,
imagino um novo cenário
e até ensaio uma canção
tentando esquecer das mentiras
apregoadas, mas tenho a visão
de um fantasma desleal disfarçado
contaminando o cenário em construção.

⁠Diante do Senhor

Algumas vezes me imagino diante de Nosso Senhor que abre o livro de minha vida e diante da Verdade me reprova nos mandamentos da Sua lei.
E eu sem argumento aguardo o meu veredito final do justíssimo Juiz porque sei que diante dele não há argumentos, justificativas ou mentiras porque Ele tudo sabe e tudo vê.
Quantas vezes sinto raiva, rancor, e espero que o meu próximo se dane. Quero que ele se exploda, pois, o meu desejo é me vingar! E eu sei que esse sentimento não é cristão.
Eu sou consciente e reconheço que sou imensamente fraca por falhar diante da minha pouca fé quando Deus me põe à prova.
Eu amo, respeito e quero bem a quem me ama, mas isso é muito fácil. Como não amar a quem só nos trata bem?
Mas Deus quer que nos irmanemos e amemos a todos por igual, mas é muito difícil amar a quem nos faz mal.

⁠Linhas fugazes traçam memórias
são tempos passados história de vida.

⁠Sejamos luz e amor neste mundo sem fé,
derrubemos os muros de indiferença que nos cercam.