Uilton Dutra
Do lado direito
da via indicada
corre o jovem pueril.
E a noite sonha
com os louros
as moças
mas não com o futuro.
Não precisa.
É apenas
mais um.
No meio do caminho não tinha nada
Não tinha nada no meio do caminho
Não tinha nada
No meio do caminho não tinha nada.
Nunca me esquecerei deste dia
que mudou minha vida tão fatigada.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
não tinha nada
não tinha nada no meio do caminho
no meio do caminho não tinha nada.
No espaço que não existia aparece um buraco
Mas a fenda aberta não posso fechar
Distante está a peça, engrenagem que me faz andar
No espaço que não existia aparece um suspiro
Mas o gemido ecoado não posso abafar
Distante está o beijo, toque que me faz calar
No espaço que não existia eu desapareço
Meus pensamentos soltos já não posso controlar
Distante está a musa, ser que me faz cantar
Sou amigo da solidão
Primo da ilusão
E pai da poesia
Minha filha não é bonita
Não disperta nem arrebata
É apenas poesia
Minha terra tem coqueiros,
Onde canta o ACM.
As aves que aqui rapinam,
Não rapinam como lá.
Nosso céu tem uma estrela,
Nossas casas têm mais grades,
Nossos morros têm mais vida,
Nossa vida é futebol.
Por que sem asas?
Vejo nas formas um ser celestial.
Irmã de Cupido, talvez Psique.
Oh Deus, ela põe meu coração em brasas.
Mas a sinto tão longe
Suave como uma brisa,
Amena e funesta.
Seria mais fácil ser um monge.
Não agüento a angustia
De não ter ao meu lado
Essa flor que não conhecia,
Não temia, não existia.