Túlio Mércio
Chorei: Logo existo. Sorrio: Logo permaneço. O que se dará daqui pra frente dependerá da natureza em seu ciclo".
...
O silêncio rompe a noite
O dia rompe o silêncio
Rompo à plumas, como à foice
As masmorras do silêncio
Adiante do futuro
Transformar em brandos ventos
As tempestades que sussurram
O pasado que o futuro representa
Sendo alheio o pensamento
Que o momento "inespera"
Me comporto como alheio
Sendo meu; que bom; quem dera
Ter zilhões de coisinhas invisíveis
Nesse crânio quase esfera
E se as células que interligam
Esse crânio a Aquiles
Desencadeassem em discórdias
O tendão seria a bilís
E a questão não mais seria:
Ser ou Não ser
O depois pode ser breve, ou até mesmo estar fora do nosso alcance, mas só o fato de nele acreditar é o que o faz acontecer"
NOVENA
Faz a minha refeição
Porque quase tudo que eu quero
Não se compara a querer ser sincero
Põe esse doce na minha boca
Mesmo que depois a louca
Queira deitar-se sobre meus pés
E se a água vai correndo
O branco e o grizalho da serra
Parece com neve, que parece com céu
Aceita essa minha oração
Pai nosso que está no Céu
Ajuda os pais nossos que estão no chão
Acorda cangalha, veludo
Levanta, "vamo ao mei do mundo"
Colher flores nos cabarés
Mais tarde "nós volta" pra casa
Quem sabe a passarada
Lambe os calos dos nossos pés
É mesmo uma "ruma" de gente
Tem beatas, pedreiros, tenente
"Vamo embora"... Lelé, Lelé"!
AUTOANÁLISE
Não faz mal a gente se perguntar, se tudo o que nós fizemos, aonde queríamos chegar é real e pleno.
"Se aqui estamos", a quê devemos estar?
Questionando nós mesmos sobre a realidade, buscando nos afirmar que são reais e plenas nossas escolhas, aqui devemos estar!
Nessa busca nem quer fechar os olhos
(certo mesmo não querer)
Estarmos certos em nós mesmos
Mas pra fechar os olhos na paz, sem temer o lado de lá questione a realidade, plenamente à sua verdadeira forma de amar.
Questione as formas de amar, as palavras soltas no ar, a verdade explicita;
Por direito ou por cobiça? Bastardo ou idealista? Tudo o que pôde ou preguiça? Mágico ou ilusionista?
Comum apenas ou raro? Real ou mesmo abstrato? As Boas Novas ou Antigas?
Verdade ou mentira?
EIS QUE SOU IRREDUTÍVEL
Há em minhas mãos uma ferida
Que um dia foi meu coração
Lançá-lo-ei na fogueira das desilusões
Caia todas suas pétalas margarida
Da vaidade ao vil rancor
Não mais me digas compreender o meu Amor
Não há aonde quer que fores
Tranquilos Amores
Tu sufocas a Paz
Dito o que disse agora
Sumas, vá embora
Não me comovo com seus ais
Barreira do inferno
Uma noite sombria como a muito não via. Uma alma perdida grita entre nós, pedindo perdão para viver.
Uma centelha acesa ilumina na noite um beco escuro; um silêncio profundo; apenas visível a luz da centelha.
Fique entre nós, encontre sua luz, dizia uma voz: só haverá noite, apenas verás dia se encontrardes a luz da centelha.
É triste ver uma alma perdida clamando a morte apenas sossego, implorando a vida um novo começo, mas quem ousaria o risco correr de um novo erro?
Quando a centelha apagou, nada se via nem mesmo a noite; vozes e agonia e um vento de açoites jogava a alma por qualquer lugar.
O corpo muito sofria, mas a alma perdida já o esquecia, apenas o via uma lembrança vazia; dolorosa lembrança.
O tempo passou e foi tão longa a noite e a alma sumiu com a noite... a noite, na cidade do sol.
Nem tudo é exatamente como é. Relatar-se; um fato; pode nem ser o que é!
Às vezes metáforas são bem mais convincentes do que dados e bases, discursos eloquentes.
Uma noite na terra do sol, Las Vegas nem parece tentação.
Uma noite na terra do sol, tanta tentação"!
Experiências de vida
Peça perdão. Será que não fez
um mal com aquilo que nem um pouco o culpou,
a dor que o outro você nem percebeu?
Não fique tão triste, faz parte da preparação,
ouvir o que os outros tem de bom para nós
e nos corrigir antes da próxima ação.
O bom e o melhor; melhor Bom pra todos
Solidariedade; sólida compaixão...
A boca expressa a voz do coração.
Sinta-se mal, faz parte da vida.
Não dura pra sempre, mas o bem vem depois
e o que foi nosso erro é a experiência que fica.
Depois que os anos forem passando,
bem em frente ao espelho da Vida;
nossos passos, nossos planos;
as experiências que ficam.
A criança, agora mulher ou homem;
cicatrizes, não mais feridas.
Ontem planos, hoje provas
de uma vida construída
Peça perdão. Será que não fez
um mal com aquilo que nem um pouco o culpou,
a dor que no outro você nem percebeu"?
Ha linguagens que a boca fala que o coração não interpreta, assim como, há linguagens que o coração fala que a boca não expressa".
QUEROSENE
Eu, eu priferia não saber
Sim, o que viria acontecer
Sem as pegadas na estrada,
Sem uma linha a percorrer
Não, não sou o que não posso ser
Eu, eu queimo e ardo sem sofrer
Sem uma fagulha acendo e morro
E sem pedir nasço de novo;
Um nome escrito pelo fogo
Um sacrifio com prazer
E sou, um "litro" de certeza
E vou, rodandos pelas mesas
Me dou, aos provados na fé;
Veneno inofensivo praos que sofrem a prova
E suo, saem dos poros meus dilemas
E voo, aos paralelos dos problemas
Me doo, litros de sangue cor celeste
E soo, canções repletas de Amor comum
A cura letal, para as virtudes não mais que egocêntricas, repletas de vaidades
Sermos o nosso próprio exemplo, faz-nos, mais honestos conosco, mais responsáveis com o outro, mais ponderantes com o todo".
Não ha nada tão grande que a Luz não possa revelar, como, tão pequeno que mesmo nas trevas não venha a ser encontrado".
ENLATADOS DE TELEVISÃO
Eu sinto fome
Eu sinto sede
Eu como o barro das paredes
Mas no domingo eu como óstea
Regada ao vinho quem não gosta
Eu não trabalho
Eu não estudo
Mas todos pensam no meu futuro
Já elegi muitos presidentes
Sem mim tudo ia ser diferente
Eu cheiro mal
Eu pesso esmolas
Nessa terra que respiram bola
Minha tragédia é uma comédia
Terrivelmente como novelas
Eu ando sujo
Eu cheiro a cola
Sou tão antigo quanto a história
Eu agradeço ao ser preso
Pois só assim vou ter endereço
Me livrando dessa escarcês
Tentando ser um pouco igual a vocês
Me alimentando dessa ilusão
Comidas enlatadas de televisão
Sou prisioneiro do desamor
Me traga comida, não me traga flor
Sou passageiro desse trem
De pessoas famintas pra comer alguem
Sou nas notícias o refém!
Uma seca barriga roncando pra ninguem
Sou a garganta do cantor
Gritando bem alto a fome que não passou"
"As vezes falo só, mas isso só eu faço, quando o que preciso dizer é exatamente o que preciso ouvir".