Tsering Paldron
Acredito que a felicidade é um hábito. Um hábito que se pode adquirir, cultivar e partilhar mas que, como qualquer outro, precisa de condições para se desenvolver, necessita de dedicação e de empenho.
Tal como nada pode roubar à água a sua natureza transparente – porque tudo o que a turva lhe pode ser retirado – nada pode retirar ao espírito a sua natureza cristalina.
Quando cremos que chegámos ao limite das nossas forças, parece-nos estranho ter ainda de auxiliar os outros. Do ponto de vista do ego, se não temos energia para nós próprios, como poderemos ajudar outra pessoa? Porém, se a barreira do ego desabar, temos acesso a um manancial de energia que não imaginávamos possuir. Não é raro que isto aconteça e que pessoas saiam do impasse em que vivem, esquecendo-se de si, em prol dos outros.
É quando pensamos que não temos forças para dar mais um passo que o pensamento dos outros nos dá o alento para nos erguermos e irmos até ao fim. Isto é verdade para um soldado, para um pai de família ou para qualquer pessoa comum, desde que se sinta responsável por alguém.
O problema é que, ao ficarmos sozinhos, sem contas a prestar a ninguém, ficamos também à mercê das nossas emoções e dos seus caprichos e privados de uma das nossas maiores forças – o altruísmo. Já repararam no que o ser humano mais comum pode fazer pelos filhos, pela família ou por uma ideologia? Coisas que decerto nunca terá a força de fazer por si mesmo!