Trícia
Você sempre foi a que ajuda, a que está sempre disponível, a que protege e acolhe os outros, mesmo quando isso te machuca. E de repente você sente que isso tá te consumindo, te deixando distante de quem você realmente é. Você se vê cansada, exausta e se sente culpada por estar assim e esse sentimento te consome ainda mais.
É nessa hora que a sua cabeça vira do avesso, que seu coração fica perdido e que você simplesmente dá "pane" As pessoas não entendem e algumas simplesmente não querem entender que você não está às abandonando, só está tentando descansar e tentando entender porque o que era tão "natural" passou a ser tão exaustivo. A culpa, as cobranças pessoais... Tudo isso te coloca num universo paralelo que você não sabe sair, e você se vê perdida mas ainda assim cheia de demandas. Começa uma briga interna entre o que você precisa e o que os outros esperam de você. O isolamento é inevitável, você está confuso logo você que sempre soube as respostas pra tudo, que sempre ajudou todo mundo. É dolorido, é confuso, você perde pessoas no meio do caminho enquanto tenta não se perder, e de repente se vê sozinho. A primeira coisa que você descobre é que tudo isso é culpa sua, por não ter imposto limites, por ter passado uma visão de que aguentava tudo, que dava conta de tudo. E as pessoas simplesmente acreditaram, isso faz com elas não cuidem de você e não aceitem, mesmo que inconscientemente você não pode ser frágil enquanto você se sente mal por querer um colo e cuidado mesmo que em silêncio.
Sim, existe culpa em perder as armaduras, existe insegurança, fragilidade, e é aterrorizante se sentir assim, pq ninguém tá preparado pra te acolher e você se vê sozinho nessa Sempre que começar um relacionamento, seja amoroso, seja na amizade, ou uma conexão com a família, deixe claro que você tom é sua prioridade e que vão haver momentos em que você não vai poder ajudar porque isso te sobrecarrega e que não é falta de amor, é saber se respeitar pra não se perder.
Eu nunca soube ser "frágil", nunca tive tempo para ser. E ao decorrer da vida, eu até esquecia de tentar nutrir essa parte. Até que eu encontrei alguém, e esse alguém me lembrava diariamente que eu era, sim, "frágil", que eu só precisava parar e VER. Eu demorei a parar, talvez por medo de perder a única parte que eu conhecia; eu tinha medo de não saber conciliar as duas.
Mas sempre que esse medo vinha e essa minha parte, chamada por mim de "ogra", queria dominar, ele vinha e alimentava a minha parte "frágil", e eu comecei a amar esse descanso que vinha com ela.
Ele me ensinou a alimentá-la para que eu não precisasse ser forte novamente caso ele precisasse ir embora. E hoje... Eu sei ser "frágil".
Mas eu sinto falta daquela vozinha me dizendo: "Você é, sim, frágil. Eu amo isso em você."