Tita Tuif
Fantoche
No embaraço falho
que conduz o exílio ao fracasso
pelas vozes que envolvem o ser descabido
perturbando a doce consciência suja
que se encharca de álcool
no aguardo de desatar os nós
sem arrebentar a fita
melodia e lágrimas banham a face
alcançando os pés
convertendo os passos
em aplausos desolados
o fantoche no palco
abriga uma alma ignorada!
Permita-me dizer que às vezes sou uma confusão danada, com picos de euforia e melancolia desenfreada. Mas não espere que minha boca pronuncie lamúrias!
Sou uma criatura de fluidez com uma capacidade imensa de se mover, enquanto os destroços empatam a ladeira da vida.
Meu caminhar é torto e desaforo, mas jamais me desvio do caminho que quero seguir.
De cócoras entre os escombros
a luz que incita, também assombra
aqueles que apesar de nada temerem
compreendem que o perigo também é amigável!
Destrinchar as próprias dores, requer lapsos de insanidade com pitadas de desaforo! Mas carregar um sorriso no rosto, na pior das hipóteses, sustenta o brilho nos olhos.
Às vezes você só quer um abraço que te salve do corte lento e profundo, que foi provocado pelas desilusões da vida!
Hoje me fiz mar
naufraguei todas as tristezas
e na areia apenas pegadas
do que um dia eu fui
amanhã espero ser pássaro
que aprende a fugir da gaiola
e se perde com o bater das asas
Para o poeta que me ensinou a amar
todas as noites eu me atrevo
nas suas histórias
percorro seu corpo através das páginas
perco-me entre as vírgulas
me transformando em servo da imaginação
que consegue arrepiar a espinha
levando o derrotado
ao ápice da loucura
se ser é pertencer a alguém em algum momento da vida
eu me permito por algumas horas
e me delicio sabendo que toda diversão
tem hora para acabar
e quando acaba
já não me encontro no chão
às vezes é preciso retirar cirurgicamente
as borboletas do estômago
antes que elas cheguem ao coração