Tiago Resende Souza
Desprezo
Aceitei de peito aberto teu desprezo,
Andei pela noite com pena de mim mesmo,
Pelos bares procurei o teu olhar,
Pra em qualquer face encontrar...
Um resquício seu, uma breve ilusão.
Não vou suplicar o seu perdão,
Não faz meu estilo, não me faz dormir tranquilo,
Amanhã posso não acordar contigo,
Mas não vou implorar a migalha do teu pão,
É tão pouco para saciar a fome do meu coração.
Luz
Hoje eu vi o sol nascer,
Há tanto tempo eu não via,
A noite ir embora, e dar lugar ao dia.
Abri os olhos devagar, deixei a luz entrar,
Ela me contou uma história,
veio morar na minha memoria.
Luz que exorciza o medo, que traz o sossego,
Que tira da escuridão, que pega pela mão,
Mostra tudo que reluz, as estrelas e o luar, um rosto familiar,
Aquele sorriso sincero, para sempre há de lembrar.
Porém não só das rosas lembrará e o que ver não poderá apagar,
Mas para que não voltes a tropeçar, teus erros ela iluminará,
Âmago
Fixo meus olhos nos teus, escancarando tua vergonha,
Fitando a nudez de sua alma, não há o que mais a exponha.
Trejeitos inconscientes revelam teu desconforto,
Mira os próprios pés me desejando morto.
Seu invasor, impostor, deflorador.
Um sorriso amarelo, um aperto de mão,
Um insosso adeus para quem viu...
O âmago amargo do seu coração.
Perdão
Meus algozes, deixáreis-vos sobre a penumbra de um sol escaldante,
Para saborear lentamente minha vingança tardia,
Rechaçarei meu sombrio sentimento, para novamente usufruir de minha vil existência.
Sádico sorriso oriundo de falsa alegria, meu gratificante malefício me perseguirá,
Não instantaneamente, mas me consumirá,
O perdão levaria pedaços de minha alma,
Meu orgulho é minha zona de conforto,
Estou certo de que não estou pronto para evoluir.