Thamyres Martins
Levaram-me as bonecas, levaram-me os doces,levaram-me as cantigas
Agora cuido de crianças, sinto o amargo da vida, ouço o som do meu choro
Você não escuta minhas palavras, ainda nem as conduzo tão bem.
Você fala sobre mim, se diz triste com minha tristeza, diz querer o meu bem
Mas eu moro do seu lado, passo na sua rua, vou ao seu trabalho, e você nem me vê
Meu nome é criança e sobrenome Abuso, mas também posso ser chamada de “Abstrato”.
Por favor sociedade me torne “concreto”, quero ser trabalhador, quero ser feliz
Como podem abusar, maltratar e escravizar aquilo que chamam de futuro do país?
Seu silêncio é apoio a esse massacre milenar
Abra os olhos, seja voz esse descaso tem que parar.
Tenho avidez pela tolerância que não me foi inata
Mas, se o conhecimento que é modelador do saber
Vive em busca constante do crescimento
Se o meu corpo se adapta as injúrias do mundo
Tal virtude não deve ser uma mera ideologia
As mentes focadas na servidão e reprodução de ideias afogam a essência humana de evolução do extinto ao grau de inteligência.
Me desatino tentado entender as confusões interiores
Gesto tolo costurar os dedos e querer entrelaça-los
De olhos fechados se veem os circos invertidos
Lonas em preto e branco e palhaços chorando
Um suicídio do ser tentando deixar de acontecer
O ódio tentando sucumbir o existir dos alvos
E meio a revolução sináptica o equilíbrio terce os tecidos
E os recursos da mente humana fazem suas acrobacias
Na sincronia fragmentada das danças o vento canta
A vontade emocionante de dar sentido a imaginação
Se recria nos sentidos racionais e conscientes.
Espera, esse amor altrose adagado pelo julgo pérfido da dor, se recompõe nas asas refulgentes da verdade.