Thamilin Barão
As vezes as pessoas não entendem o poder que elas têm sobre a sua vida. Se elas entendessem e respeitassem, ou se matariam, ou nunca ficariam longe.
Tenho tido saudade.
E isso me tem feito chorar.
Choro com comerciais de margarina, com o cisco no canto da parede, com minhas flores que murcham e caem.
Choro por não saber a qual lugar pertenço. E não pertencer a lugar nenhum me dá saudade.
Ai que saudade de mim.
Quando paro e penso em como foram essas últimas duas décadas!
Nos anos 90 quem não brincou de gato-mia, passa-anel, telefone sem fio, polícia e ladrão, elefantinho colorido? Quem não ouviu ilari-lari-iê, trem da alegria, hanson, n'sync e coisas desse tipo? Quem não viu TV colosso, ursinhos carinhosos, buffy a caçadora de vampiros, friends, animaniacs, tiny toon, sailor moon, pokémon, cavaleiros do zodíaco, dragon ball, maria do bairro, simpsons e castelo rá-tim-bum?
Quem não sabe que a internet explodiu, o playstation surgiu, a familia real britânica ruiu, e o apartheid sumiu?
Grande como Sena, Princesa Diana, Fredie Mercury e Madre Tereza de Calcutá, morreram...
Muita coisa legal aconteceu nos anos 90.
Mas o mais marcante realmente foi minha primeira década nesse mundo!(Mas mal sabia eu da invasão da paleta de cores nas roupas da molecada dos anos 2000 - decepção...¬¬)
Mas virou o milênio com um bug fenomenal, atentados, boom da internet, dos piercings e tatoos, dos emos, dos happy rock(Afff...), dos desenhos com duplo sentido, dos avanços na ciência....e por aí vai...
Talvez aconteceram mais coisas nessas minhas duas décadas de vida do que nos outros 64 bilhões de anos da Terra...
Ou será que o fato de eu estar aqui torna tudo mais significante e complexo?
Por esses dias tem me doído de mais ficar longe do lugar onde eu habito e sou maior do que tudo o que me cerca. Longe de casa.
Na verdade longe do lugar que eu chamo de lar - mas nem sei aonde fica.
É difícil não pertencer a lugar nenhum e estar, mesmo que um pouco, em tantos lugares ao mesmo tempo. Um pouco de mim aqui, um pouco ali. Mas não ser, efetivamente, de algum lugar, me dói.
Mas me dói mais ainda ficar longe daqueles, esses seres que amo, que tem um pouco ou tanto de mim.
embora pareça que não tenho sido de ninguém. Mas ao mesmo tempo perteço um pouco a todas as pessoas.
Por esses dias, tudo tem me feito chorar: uma música, uma mensagem no celular, uma brisa, um grão de areia no canto da parede, a lagartixa a olhar copiosamente para mim.