Thalita Oliveira Araújo
Há tempo?
Como vai a sua agenda?
Imagino a rotina penosa
As infindáveis tarefas
Os dias curtos demais para tanto a fazer
Como vai o seu tempo?
Parece correr depressa?
Corre correndo como quem está em atraso?
Semelhante a alguém que nunca dormiu o suficiente e se sente cansado?
Como vai a sua semana?
Cabe o precioso em tão pouco,
Ou ocupa muito e não sobra nada?
Passa voando e quando viu...
E quanto ao tempo que você separa?
É para quem importa muito
Ou para você quem merece mais?
Penso em repartir o pão ou guardar pra outra hora.
E quanto ao seu amado?
Quantos segundos para não perder o trem?
Quantas horas para praticar a honra?
Quantos dias que ele não é valorizado?
E quanto ao que precisa?
Terceiriza o que te pertence
Ou compromete-se com o que só é teu?
É valioso mas pode esperar que outro realize por você?
E quanto ao teu coração?
Sente o que é urgente
Ou descansa enquanto o outro fica doente?
Bate forte ao ver a dor, mas não vês que é insuficiente?
E quanto aos teus olhos?
Percebe o que está à frente
Ou espera que alguém veja por suas lentes?
Enxerga de fato ou apenas finge cegueira?
E quanto ao teu planejamento?
Cabe um tópico para servir
Ou um parágrafo para amar?
Cabe uma conclusão para ser humano?
Cabe um espaço pra ser gente que vira gente que precisa de gente, pois como a gente, todo mundo é gente.
Desejo tanto meus pensamentos no teu colo
Minha pele contatar a tua
Senti-lo abraçar-me e dizer - tudo bem -
Encontrar calma nos teus braços
E no teu toque suave, incendiar as maçãs do meu rosto
Nevar meus sentidos
Viajar os olhos em nossos sonhos.
Enquanto espero cobrir o frio com o seu calor
Desespero-me em saudade do perfume fundido e do olhar de sorte
Como um bilhete dourado achado e contemplado
Visto-me como um lírio no campo a despreocupar-se do amanhancer
A completar-se pelo sol que aquece
Mas não é refém da chuva que cai
Pois mais do que se vê, são raízes profundas e fortes.
Enquanto penso na infinidade de dias que temos juntos
Desfaços os nós e o embaraço
A corda que une não amarra
Não há correntes, é leve e livre.
Há quem diga que não existe
Pois digo que é real
Embora pareça fantasia
A realidade confude a inexistência de um amor tão especial que achei em você.
