Thais Luz Loureiro

Encontrados 9 pensamentos de Thais Luz Loureiro

⁠Olho através da janela.
Anseio um recomeço, um futuro ausente de lágrimas e grata por despertar a cada nascer do sol.

Digna de um amor que transborde os rios e mares que serpenteiam meu coração rachado, secos após tantas lágrimas perdidas.

Então, ao olhar através desta janela branca, desgastada com o tempo, eu escuto.

Escuto o sussurro dos pássaros cantando, a suave brisa da maresia,que agita a vida presente nas folhas de Louro.

E, ao fundo, escuto o som da água, a correnteza cristalina que purifica meu horizonte luminoso.

⁠A Bonequinha de Porcelana
Houve um período em que ela era perfeita, intocável, sem riscos em sua porcelana rara.

Subitamente, a Bonequinha de Porcelana já não era mais tão bela e rara, resumia-se a apenas mais uma boneca danificada.

Diante de brincadeiras bruscas, gritos, mágoas, mentiras e falta de cautela, a Bonequinha foi se arruinando.

Aquela que antes era uma Bonequinha de Porcelana, rara e intocável, agora não passava de uma boneca danificada e abandonada.

A Bonequinha de Porcelana que antes era desejada e admirada foi descartada.

Em um canto qualquer, ela ainda espera ser admirada e amada novamente.

En moi, habitent des versions ; j'ai toujours su que je n'étais pas la seule habitante.

L'esprit, qui commande le tiraillement entre vivre et mourir, a besoin de versions de mon être.

Différentes, certaines supplient de vivre et de renaître, tandis que d'autres se dopent avec l'intention de partir et de périr.

Je ne suis pas la seule personne dans cet esprit chaotique, mais je sais que je suis unique dans chacune des versions qui se manifestent en moi.

Em mim, habitam versões; sempre soube que não era a única habitante.

A mente, que comanda o cabo de guerra entre viver e morrer, precisa de versões do meu ser.

Distintas, algumas suplicam para viver e renascer, enquanto outras se dopam com a intenção de partir e perecer.

Não sou a única pessoa nessa mente caótica, mas sei que sou única em cada uma das versões que se manifestam em mim.

Sua ausência me insatisfaz, corrói aos poucos o amor frágil que temos em nossas mãos.

Como é possível sentirmos o vazio da solidão se estamos emaranhados em nosso velho lençol azul.

Este, que antes ardia com nossa paixão, agora se mantém congelado com as memórias, antes cálidas e carinhosas.

Ausência de algo prometido no passado, e não será recuperado no futuro.

⁠Em momentos de aflição, volto aos meus 15 anos.

Céu e mar azuis, o sussurro das ondas, a brisa suave da maresia e o cheiro de casa.

Cenário perfeitamente feliz e você, como sempre, realizando sonhos e loucuras para me ver radiante.

Nós duas, unidas como único ser, tal qual a água e o sal do mar.

Mamãe, meu amor por você é mais profundo que o oceano. Obrigada pela vida.

⁠Certa vez, disseram-me que eu nascera com uma profecia, destinada a despedaçar corações.

Uma garota sem laços atados em seu coração, uma ilusão de diamantes, mas talhado em poucas camadas de gelo.

Ao concretizar a profecia, senti meu coração quebrar; não havia notado que também estava fadada a me despedaçar.

⁠Oceano

Conversávamos sobre seus poemas e poesias, segurando suas mãos, agradeci, herdei o dom de irradiar emoções com palavras.

Somos silenciosos, mas com papéis e canetas escrevemos oceanos de sentimentos, e aqui, pensando em como você me suplicou para ser feliz, eu alago o nosso oceano com lágrimas, inundando o papel.

Não sei se serei plenamente feliz como você espera, pai, mas ao seu lado, sempre estive e serei.

⁠O lar 422

Todos os dias eu passo por esta casa, belíssima em um tom azul caribe, encantada com as janelas brancas, recheadas com flores azuis e violetas no peitoril.

Essa casa não é minha, e talvez nunca seja, mas em meus devaneios, quando o sono me escapa, eu me permito sonhar acordada.

Em meus sonhos, sou criança, as dores atuais não me atingem, estou protegida por cerquinhas brancas que rodeiam a casa.

A casa continua com a mesma aparência, familiar e acolhedora, agora em um novo lar, em frente ao mar de Zimbros, onde meu coração pertence.

Vejo a família feliz e reunida, os cachorros correndo e latindo para os beija-flores, e sinto o inacreditável cheiro de Marlboro e Sampoerna menta, que traz o conforto do lar.

Enfim me vejo com o amor da minha vida, minha mamãe, as duas boiando no mar cristalino, em silêncio, pois pensamos o mesmo.

Somos almas gêmeas, mãe e filha, irmãs, independente, sempre destinadas uma a outra, meu coração é seu, somos nosso lar, uma casinha azul com janelas brancas.

Pra sempre sua Luz, seu mar sereno, por vezes revoltoso, contudo, sempre trazendo a correnteza fluída, te amando com nossas águas cristalinas e luminosas em um dia de verão.