Thais Luquez
Ele vai embora e é como se nunca tivesse existido paz. Ele leva todo o meu melhor quando sai porta afora com meu coração no bolso. Sabe qual o pior disso tudo? Ele não dá a mínima. Sabe o quanto sou louca por ele e o quanto me esforçaria para tudo dar certo então, a solução parece simples, não? Se nada der certo, ele me procura. Porque não? Me coloca na reserva como se esperasse qualquer crise existencial aparecer, só pra correr pra me abraçar, como se nunca me machucasse, como se estivesse fazendo um favor para mim. E eu adoro. Conto os segundos para ele desorganizar o meu sossego e ir embora como se eu nunca tivesse existido em sua vida.
E me pego tendo, cada vez mais, certeza de que você sempre vai voltar, não para perturbar meu equilíbrio como todos insistem em dizer, mas para nunca me deixar esquecer que com destino traçado não se brinca.
Sei que é meio bobo, mas não consigo não me preocupar com o dia de amanhã. Como é que eu posso esperar como-quem-não-quer-nada o grande amor da minha vida aparecer se, ao menos, encontro alguém pra andar de mãos dadas comigo? E eu já passei dessa fase de acreditar que quando menos esperarmos, aparece alguém pra bagunçar nossa vida. Mas porque diabos ninguém comenta sobre os alguéns que aparecem, bagunçam nossa vida e depois vão embora sem sequer se despedir? Sempre assim. Filho feio não tem pai. Decepções amorosas funcionam da mesma maneira.
E no meio de tanta confusão, eu só quero cuidar de mim. Quero pode mexer em caixas velhas com lembranças que não vão me machucar mais, ou até vão, mas eu quero fazer isso sozinha. Quero não precisar mostrar todas as minhas qualidades e defeitos de novo, e depois, agir como se esperasse o fim antes mesmo do começo. Não quero ajuda, não quero consolo, não quero mais ninguém. Eu só quero ser dona dos meus próprios passos e dar satisfações apenas pro meu destino. Em um mundo onde o amor é descrito com temores e dor, só resta a esperança.
Sabe o que é mais perigoso do que lidar com uma menina má? É enfrentar uma boa. Enquanto as más mantêm o batom vermelho retocado e os olhos de águia prontos para atacar, deixando claro seus interesses, a boa se esforça para esconde-los. Ela ainda gosta de conquista, de primeiro beijo e de um bom papo, mas aprendeu a gostar muito mais do que a vida lhe ensinou. Por isso, não importa o quanto você tente, o quanto você se esforce, o território sempre vai ser desconhecido. Enquanto você se pega tentando controlar o frio na barriga e escolhe sua melhor camisa, porque combinaram de se encontrar hoje à noite, ela acaba de desligar o celular e bater a porta da sala com um sorriso no rosto. A realidade é que, bem lá no fundo, a gente não quer pertencer a ninguém além de nós mesmas.
Trato romances como um jogo, que você pode descobrir cada estratégia e ponto fraco do adversário. Você pode usar, brincar e deixar que seja responsável por parte de seus pensamentos e felicidade, só não pode viciar. Não pode ter rotina, não pode haver envolvimento maior do que psicológico. O jogo só pode participar da sua vida, de forma, que você esteja sempre pronta pra passar ele pra uma outra pessoa jogar. Evite jogos recém usados, daqueles que nem chegaram a parar em cima do armário. Eles se comportam como jogo da memória: Cada vez que você descobre algo em comum, todas as outras cartas se viram novamente. É um jogo para os pacientes e principalmente, para os que tem sorte.
Esse deve ser o segredo da vida. Muitos vão te machucar e fazer você sangrar, mas nem todos você vai querer esquecer. Existem dores que você nunca vai compreender e outras, que se comportam como o vento. Elas surgem de repente, bagunçam toda sua vida, desarrumam tudo o que você conquistou e acabam com sua maquiagem em um piscar de olhos, e mesmo assim, você não descarta.
Penso em terapia, horóscopo, espiritismo, magia negra ou qualquer outra bobagem que possa se transformar em alguma teoria sem sentido, só pra que eu consiga viver melhor e ter na ponta da língua, explicações para as pessoas. Mas aí, paro e penso: Porque eu tenho que me explicar para alguém? Sim, dói. E eu choro e grito e bato o pé. Não me arrependo de agir como uma criança mimada em momento algum. E é isso me assusta.
E aí tenho preguiça do que não mexe com todas as células do meu corpo, de quem não brinca com a adrenalina, porque quando não é assim, pra que sair do comodismo? Eu tenho repulsa por tudo que pareça mecânico e tenha cheiro de passageiro.
Cuido para que todos os meus passos sejam mantidos na linha enquanto estou aqui. Sozinha e fria, por dentro e por fora. Me olho no espelho e parece que é, cada vez mais, claro. Eu já consigo ver menos tristeza no meu olhar. Óbvio que às vezes, acordo como uma criança assustada no meio da noite, e novamente, minha visão se torna turva e perdida. Mas é somente questão de momento. Trata-se apenas de ventos inesperados, cheios de lembranças que ainda machucam. E toda vez que alguém insiste em me fazer um carinho mais demorado, eu me isolo num canto qualquer para chorar. Desaprendi a lidar com o compromisso de ser importante para alguém.
Eu sempre tive medo da maneira absurda de carinho que quis te dar. Tive medo de gostar mais ainda de você e tornar o que podia ser um simples vento na minha vida, uma dependência. Evitei que você olhasse demais nos meus olhos e descobrisse todos os segredos que escondia, temi cada vez que você insistia em me envolver como se eu fosse uma criança precisando de proteção e fugi do meu coração todas as vezes que ele insistia em nós dois. Assumo que foi por medo. Medo de fazer de você o meu mundo. Medo do amor enorme que sempre quis te dar, mas não sabia nem por onde começar. Medo de ser feliz demais, mas ser sozinha.
Não me confunda com essas meninas bobas que tem medo de viver, muito menos, com essas que conseguem tirar a roupa no primeiro encontro. Saiba que não suporto meio-termo, intensidade é obrigatório. O morno me cansa, me consome inteira por dentro. Aceite meu lado mulherzinha que chora com a novela das 20h, mas ri alto com filmes de terror. Respeite o meu silêncio, que é mais produtivo que meu estado de euforia. Tente entender que vivo em um eterno carnaval de emoções inexplicáveis. Entenda que minha lealdade e fidelidade não significam que estou em suas mãos! É apenas um princípio que não descarto por ainda acreditar no ser humano. Não duvide das minhas promessas, dos meus sonhos infantis e do meu amor. Confie na minha transparência. Sou eternamente explícita. Se não gosto, não faço charme. Doa a quem doer, minha sinceridade e bem-estar são colocados em primeiro lugar, não nego.
Eu gosto do silêncio e da ausência, simplesmente, porque sei me virar melhor assim. Levanto, tropeço nos meus próprios pés, mas logo depois, percebo que sei todos os passos da dança. E eu nem precisei ensaiar. Sem pensar muito, concluo que isso deve ser instinto de sobrevivência e não consigo achar a parte ruim de ser fechada e sozinha.
Gosto da maneira de como as lembranças se encarregam de reviver cheiros e sensações jamais esquecidas. Gosto de mudança, de ver que o tempo realmente cura toda a dor, mas nos apresenta uma nova. Gosto da culpa que nos privamos de sentir quando algum princípio ou regra é quebrado. Gosto do medo de escuro que sempre é responsável pelos pés cobertos. Gosto de não precisar de você, mas te adorar com toda a força que posso, depositando qualquer resto de esperança ainda viva. Gosto de poder sentir que o amanhã é responsável por mais algumas dores e mágoas, e mesmo assim, não ter vontade alguma de desistir (ou resistir).
E até hoje me emociono de maneira fria, sem mover um músculo do rosto, quando sinto seu cheiro em outras pessoas. Tenho vontade de gritar e mandar todas elas não sairem de perto de mim. Nossa, como me tornei boba depois que te conheci! Não consigo ver um filme romântico, porque choro. Não consigo investir em outras pessoas, porque tenho preguiça. Não consigo amar ninguém, porque amo você.
Hoje doeu mais do que ontem, mais do que mês passado. E aí, eu vejo que de nada adianta ficar corroendo todos os órgãos do meu corpo com qualquer ácido barato, se a pergunta certa não é até quando dura um amor. Então eu me pergunto: Até quando dura uma dor? Com a esperança de encontrar qualquer teoria boba e sem nexo, só para me servir de apoio, para que eu, finalmente, consiga mudar o disco e a minha vida.
Sabe do que eu gosto?
Gosto de carinho, de abraço, de sorrisos. Gosto de M&M's, feriados e amigos. Gosto, principalmente, da mistura que tudo isso provoca dentro da gente. Acredita que eu gosto de sentimentos? Mesmo quando os bons vão embora e são responsáveis pela mágoa e falta de esperança nos corações partidos. Eu gosto de gostar, de adorar, de amar pessoas. Não vejo prazer maior do que descobrir cada segredo e ponto fraco de alguém.
E lá estou... Em silêncio, retocando cada centímetro de rosto para esconder cada milímetro de alma machucada. Não é assim que fazem? Não é assim que ensinam em todas as revistas femininas? Ensinando todos os dias que as mulheres não devem ter coração, devem apenas ter inúmeros homens sem qualquer futuro atrás, para que o ego seja sempre massageado e se mantenha inflado. E no final das contas, acabamos sempre mais solitárias do que antes de entrar nesse jogo doentio. Terminamos com um olhar fixo direcionado para o nada, pensamentos vazios, café e com uma mistura de cheiros desconhecidos, de homens que nunca mais veremos. Nesse momento me pergunto: Quando é que valeu a pena não ser de ninguém?
CARO EX-NAMORADO(...) Pensei que deveria fazer uma lista, contando todos os seus defeitos e podres, e mandar alguém entregar na sua casa com uma bomba (Mas não consegui encontrar a bendita bomba e sem ela, não haveria graça alguma). Porque, como ex-namorada compreensiva, achei justo destruir o conto de fadas que as mulheres cismam em te contar, por isso, achei digno falar sobre seus defeitos. Só pra te avisar, sabe? Só pra ver se, um dia, você consegue amar alguém além de si próprio. E caramba, olha como eu sou fantástica! (Lembrando que você foi um idiota em me perder de vista.) Consegui transformar essa lista em um conselho! Simplesmente: morra. Isso mesmo. Não vem me chamar de vaca escrota não. Até porque isso ainda é pinto perto do que você me fez passar todo esse tempo que ficamos juntos. (...) Beijos da mulher da sua vida, que você perdeu pra sempre.
Injusto mesmo é a maneira como as pessoas mudam e esquecem de avisar pras outras. Claro que a dor vai embora. Alguém nega? Nada de drama. Lava o rosto, se olha no espelho. Tenta não esquecer que só você pode mudar esse script. Não esquece que o coração, um dia, vai sentir todas as mesmas sensações (ou até mesmo melhores) que já sentiu. Mas até lá? Injusto seria não ter o direito de sofrer em silêncio.
Todos os dias você é responsável por uma escolha que tem 50% de chance de dar certo. Ah, tem aquele garoto da sua igreja. Como é mesmo o nome dele? Não importa. Ele nem é tão bonito assim, mas é dono de um sorriso encantador. Tem também aquele outro! Com um jeitinho canalha que te dá água na boca. Porque diabos você não levanta da cadeira e escolhe uma opção? É simples. O sorriso encantador de um junto com o jeito canalha de outro te traz um cheiro conhecido. Por mais que você insista em trocar de perfume, aquele parece que foi feito exatamente pra você. E por mais que você resista e se obrigue a jogar jogos novos, somente, aquele antigo, que você colocou em cima do armário, faz alguns meses, que você consegue jogar de olhos fechados. Ele sim, é seu vício favorito. O que fazer quando o jogo velho e o perfume gasto ainda te prende?
E você vem... chega como um furacão, me enche de felicidade, me pede pra não sumir, me pede carinho, me pede pra te amar. E começa tudo de novo. Eu não fujo, não nego, não saboto. Pelo contrário, me entrego de corpo e alma. Deixo escorrer, vazar, transbordar. Deixo meu eterno retorno entrar pela porta da frente e estou sempre tentando convence-lo a ficar um pouco mais do que 24h.
Meu problema é específico. Tem nome, endereço e principalmente, história. É uma daquelas bagagens que você leva por toda a vida nas costas e ao menos, sabe o porque. Não machuca os ombros com frequência, mas não hesita em avisar, de vez em quando, que nunca saiu do mesmo lugar. E no meio de tanta confusão, eu só quero cuidar de mim.
Ela sempre vai ser a mulher da sua vida. E eu? Eu vou ser apenas uma menina boba, sem nenhuma liberdade, mochila nas costas e all star nos pés. Vou ser um daqueles carmas agoniantes, que passe o tempo que for, vai te provocar uma mistura de sensações e lembranças em cada reencontro. Uma eterna ferida que você nunca tira a casquinha, com medo de doer novamente. (...) Mas e aí? Você simplesmente se afasta da menina desajeitada, que não entende nada de economia e da vida, na esperança de tudo ser passageiro. Até mesmo a saudade.