Thaís Ferrara
E mesmo que cansado, tardo e frio, as cinzas sempre ficam, deixando o rastro do fogo que já queimou, e as velhas chamas passadas ardem , inflamam de novo o corpo daquele que um dia amou.
Importemo-nos menos como sem solução, assentido a natureza já tão deformada e pervertida que só a própria perdição lhe afigura salvação.
Embriaga-me os olhos remotos
Com a sua Intelectualidade vulgar.
Invocai-me de modo obscuro
Voluptuoso desejo a Ti adorar.
Desejava ardentemente o amor
Que atrelou as lacunas do pensamento
Desejava beber do tutano do prazer
Do Ébrio ao esquecimento.
Só aparência, empobrece a verdadeira beleza, acumulando trastes que não se sabem como usar nem como jogar fora, um encanto ludíbrio, e assim forjamos nossas próprias algemas de ouro ou de prata, prisioneiros de um falso amor a si mesmo.
As nossas qualidades mais requintadas, são como a pelúcia dos pêssegos, que só podem ser preservadas pelo manuseio delicado. E, contudo, não nos tratamos assim ternamente, nem a nós mesmos, nem aos outros.
Ausente o encanto antes cultivado,
De provocar o desejo depois renunciar,
Mas não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se quiser ficar.
Teimo em resgatar a essência do delito
Em ser mais confiante fui à sangrar.
Desista de adivinhar o que pensam a seu respeito.
e se pensam pouco importa o que pensam os outros.
Faça a sua parte, diga sempre, se doe sem medo.
Deixe escapar aquilo que emana de ti para os outros
E não desista nunca do que se sente
Deixe o seu anzol sempre lançado ao riacho,
Quando menos esperar, haverá peixe.
Só mais um último beijo antes de voltar.
Quero tudo que me é gratuito.
Quero a medida de não calcular
O vento sempre em movimento
E em seus beijos não me soltar.
Quero a atenção que confunde os pensamentos
Quero a certeza daquele que vem pra ficar
E quando vir a se escapulir entre os dedos
Só mais um último beijo antes de voltar.
Quero este teu cheiro de fel, este teu gosto de mel
Quero dosar-te entrelaçar-te em minhas entranhas
E quando o inconsciente de mim servir o invisível
Deixo-te partir pra permanecer nas lembranças minhas.
Estou hoje esquecida, como que cansada
E não tivesse mais designo com as coisas.
Estou hoje calma, talvez tudo fosse nada
Além da minha carruagem de esperanças.
Estou hoje despedida, como que tomada
De dentro da estação.
Onde lá fora a chuva lambe-me rente
Diante fria compaixão.
Onde este lado da rua parece-me insolente
De sonho e salvação.
Há que maldizer, por vaidade, quando se tem apreço, quem sabe assim maturidade seja aprender a não desprezar o desejo.
Não há enganos,
As pessoas são o que são,e isto já os aponta na superfície,
A gente que tem essa mania besta de ver grandeza na onde não tem.
Aquele que dorme com um sofrimento que gostaria de libertar-se ,verifica ao acordar que é no fundo dele proprio que o sofrimento reside,
Adiar com O que não se pode deixar-se , deixar-te que a dor aprisione toda a forma tua da essência que ainda existe.