Teresa Almeida
Você xinga,se retorce, provoca e se indigna quando alguém não lhe dá a reação esperada de volta. Não entende quando não querem explicar o que com todo seu ser você grita e urge na esperança do revide. Algumas pessoas não precisam explanar o que sabem que realmente são. Outras não precisam da necessidade de se fazer entender, porque somente a elas devem explicação.
Ouvir e falar,dissipar a urgência, entender a raiva, a frustração, o desespero; é essencial, é voltar ao sossego do silêncio.Repassar, reviver, a mesma história fase após fase, é martírio. Só vale a pena (e geralmente não o vale) se protagonista.Sendo coadjuvante beira o ridículo.
Castigo maior não há de ter que de nossas virtudes sobrem apenas remorsos. Deixo que a minha criança reflita e que meu adulto desfrute dessas sensações e conhecimentos que a sensatez não trará.
Agressivos, competitivos e individualistas nos tornamos exploráveis como trabalhadores e cidadãos, mas não interessantes como pessoas. Sentados encima de ganhos, gastos e consumo devoramos nossos recursos naturais enquanto procuramos desesperadamente por ar puro, luz do sol e boa vida.
Voe para perto ou voe para longe, mas não voe pro abismo. De um jeito ou de outro tudo segue. Até para viver de mentiras, não é só mentindo que se consegue.
Amor a gente inventa, tenta e depois requenta. Se não for aproveita-se enquanto queima, lambuza enquanto apetece e depois joga fora a panela estragada. Mas aí nunca foi. Como dias de sol esquecidos simplesmente porque o nublado acizentou. Se não é o sujeito é porque era objeto, direto ou indireto.
Que desperdício de anseio em ser o herói de "e"stórias fantásticas. Estórias que só existem na rodinha de amigos, quando heroísmo soa melhor sem o descaso com o mundo real que está repleto disso. Basta querer enxergar, basta querer entender, não apenas aplaudir quando todos apontam a direção da bela ação, sem tentativas frustradas de tentar encontrar a aprovação.Como um zero, que se entende como nulo mas não o é. Complexo, é a origem e segmento. O primeiro, ainda que não o reconheçam como tal, enquanto ao mesmo tempo observa por último. Melhor assim, não estende a sua intimidade.
Se quentes somos loucos, profanos ou pagãos. Se frios somos insensíveis, nojentos ou dissimulados. Ser morno é se adequar a sociedade, a falsa alegria da normalidade, consumir até que os produtos nos consumam, reinventar-se dependendo da moda e quando a mentira não puder mais ser superficial e comprada, o sorriso plastificado dará lugar a depressão.
Agressivos, competitivos e individualistas nos tornamos exploráveis como trabalhadores e cidadãos, mas não interessantes como pessoas. Sentados encima de ganhos, gastos e consumo devoramos nossos recursos enquanto procuramos desesperadamente ar puro, luz do sol e boa vida. É uma espécie de conspiração na qual todos participam desde pequenos, um acordo velado em que você finge que fala a verdade e eu finjo que acredito.
Amor é escolha.
Escolha é sensação.
Como diria meu poeta maldito,é sentir que existimos mesmo no sofrimento.
Sensação é o grande objetivo da vida.
É o que leva a fé, a guerra, a mentira, a bondade, as drogas,ao milagre, aos filhos, ao espetáculo, a solidão e invariavelmente até a verdade.
Um tolo ri para tudo; é feliz porque vive de festas, mas chora desconhecendo o motivo de não conseguir banhar-se em uma vida concreta.
Não desejo menos que felicidade, mas pés que não te levem tão longe de ti, porque desejar que viva apenas de sonhos seria de minha parte maldade. Abrace, ame, sucumba, goteje, dance, corra, beba, engula, espatife-se, parta-se, despedace-se e consigas te recompor. Mantenha uma parte ilesa, presa a realidade.
Entre o pequeno e o grande delito é que o passional passa a ser homicídio. É onde o direito se desvincula do dever e alguns param de cuidar de suas miseráveis vidas para transformar outras vidas em miseráveis. E aí Pai, toda a ignorância será recompensada?
A parte que briga, que bebe, que acredita, medita, vacila, ignora, mata ou implora, é um todo, é só nosso, somos apenas nós em redundantes círculos viciosos. Não há uma técnica para aprender a lidar com a dor, não existe um Deus que ensinará o perdão, não existem palavras que descrevam o soneto do silêncio. É tão purista e vulgar que precisamos recorrer ao complexo e ao divino para explicar nossas próprias escolhas.
Achei que éramos iguais.
Que éramos a mesma pessoa.
Imagine meu choque, quando descobri;
Você jogava sempre sozinho.
Precisava era de uma muleta,
enquanto eu só queria teu carinho.
É humano não ser perfeito, mais humano ainda acreditar na perfeição. Lamentável é não tomar nenhuma atitude quando somos uma raça privilegiada com a opção.
Torturante consciência.
Ávida de emoções e presa em um corpo preguiçoso e desinteressado.Inadmissível ao meu ver. Pois só posso ignorar o que não é compreendido.
Já me basta apagar da memória minhas farras descabidas, as noites mal dormidas e as ações desmedidas. O dia já foi muito pesado. Tua presença é só o recado dizendo ao meu corpo que está tudo bem.
Preferir renunciar ao rancor, aos falsos casos emaranhados é sábio e confortante.Não grite nos ouvidos desconhecidos, ninguém é surdo e sendo não ouviriam de todo o jeito.
Ódio, deboche e palavrinhas ofensivas só sentimos ou proferimos por (e para)quem está acima de nós, quando somos o peixe pequeno esperando a conclusão da história do outro. História que se findará ou não de qualquer forma, independente das mutilações alheias.
Não te digo que este coração seja rico em sabedoria, pois de fato, este é um fato que ainda não sei. Mas imaturo e inconstante, sei quanto ele quer bem. Não confia muito em regras e pulsa por vontade própria. A razão, esta mocréia, frequentemente o abandona. Obedece sua natureza e não tem medo de se perder.
Se ativo, obedece. Enquanto passivo o ordena.
Faz ele certo, pois a moralidade, meu bem; está no juízo que de nossas ações fazemos. Castigo maior não há de ter que de nossas virtudes sobrem apenas remorsos.
Coração Gelado de nada adianta. Não viemos a este mundo escolher ser pecadores ou santos. Isto, escolhem por nós. Viemos para viver e palpitar de alegria, a escolha é entre chorar baixinho ou então apreciar a cantoria.