Tato Villanova

Até mesmo para um coração cego existe um amor em braile.

Uns deixam rastros, outros deixam restos.

Às vezes me rendo à anarquia dos meus pensamentos e deixo fluir o além do possível. Realidade apenas não me basta. Eu a quero em todas as suas versões e filões. Eu desejo o absurdo!

Se sofrer é embriagar-se de escuridão, todo poeta é um sommelier de sombras.

O cérebro também tem corredores assombrados.

É uma pena que para muitos o sucesso só ganhe fôlego quando construído sobre os esqueletos dos outros. Vencedores não são aqueles que usam cabeças como degraus, e sim os que fazem do caráter suas muletas.

Fotógrafos são cleptomaníacos irrecuperáveis que sempre atacam a mesma vítima: o tempo!

Somos todos livres em um beco sem saída.

Somos as sobras do que já se foi e um mero rascunho do que está por vir.

Às vezes recorremos à solidão, mas nem sempre somos a nossa melhor companhia.

A vida desconhece esses tais trilhos que chamamos de destino. Ela é feita um cachorrinho, caminha apenas para onde a puxamos pela coleira. Quem conduz o destino somos nós mesmos. Ou estamos no controle da locomotiva ou estatelados nos trilhos esperando o trem passar por cima.

Deus é o pintor do Universo e faz do céu a sua galeria de arte.

Por que tentar manter os erros nas sombras se o sol sempre muda de lugar?

Há sempre um fim de tarde disposto a pacificar um coração turbulento.

A minha alma, embora pareça serena, explode em luminosa existência e ecoa acordes produzidos por uma orquestra sinfônica de emoções.

Todos nós temos o direito de lutar pelos nosso 15 minutos de fama. O problema é que muita gente acredita que para ser apanhado pela luz, precisa apagar tudo que está em volta.

É hora de deletar algumas lembranças e ganhar espaço na memória pras experiências que estão por vir.

A gente se perde, se acha, se perde, se acha, se perde outra vez, mas acaba se encontrando de novo, porque assim é a vida, um eterno pique-esconde que cada um de nós brinca em segredo consigo mesmo.

Admitir a nossa pequenez não torna-nos inferior a ninguém, apenas demonstra que somos mais sábios que muitos.

Não fomos feitos pra solidão, mas isso não quer dizer que a felicidade só exista a dois. Existem caminhos na vida onde só é possível andar sozinho.

Desejo apenas que o sentimento encontre refúgio em algum barquinho quando os ventos não forem muito favoráveis no oceano do pensamento.

Pra reconstruir a sua muralha é preciso enfrentar as suas ruínas.

Um mundo de dores disfarço com cores.

E a vida segue nos presenteando com atalhos quando, na verdade, deveria nos oferecer algum destino.

Quando o dia fecha os seus olhos, a cidade cega os nossos.