Tatiana Leal
Em todas as coisas, vivo e sobrevivo. E assim irei, até o fim. Com cada um dos altos e baixos que eu tiver que encarar. Principalmente com os baixos. Pois ninguém cresce ou aprende algo significativo nos momentos fáceis, ou em episódios felizes. É assim que a vida funciona. Não adianta chorar, gritar, espernear, questionar a Deus ou aos que já passaram por isso. “Não tem uma outra alternativa pra eu virar gente?”. Não, não tem.
Teria o desejo de ser feliz se tornado algo comercial, uma forma de pensar automática? Talvez. Só sei que essa pressão absurda de ser feliz já deu pra mim.
Pois é, dona intuição. Eu sempre concordei contigo! Você sabe disso. Mas tinha um outro pedacinho de mim que ainda ardia em esperança. Que sonhava alto, sabe? Naquele estilo Cinderela colocando o sapatinho de cristal e sendo levada para o castelo, deixando pra trás todos os dias infernais que ela tinha passado.
O que é que eu posso fazer? Prossigo vivendo. E ainda naquela esperança tola de que um dia as coisas serão mais fáceis...
Abortei a missão. Deixei o barco afundar.
Nem me dei o trabalho de lançar a âncora. Deixei ele ir...
Não pense que não lutei... Lutei sim. Até mais do que devia. Fiz de tudo para o barco continuar ali. Perdi a conta de quantas vezes tentei evitar que isso acontecesse. Inúmeras tentativas! Mas o barco já tinha seu destino... Ele tinha que afundar mesmo. Por quê? Não sei ao certo. Mas é assim que tinha que ser.
Às vezes tenho a impressão de que fui junto com ele... Estou me afogando! A temperatura está muito baixa! Não consigo mais respirar! As águas me invadiram os pulmões! Mas não. Eu estou aqui, sequinha. Isso tudo não passa de um melodrama. Uma tentativa frustrada de atrair atenção. De ser ajudada, amparada. De ser tratada com um pouquinho de compaixão.
Mas a única coisa que realmente pode me ajudar agora é a aceitação de um fato: o barco permanece no fundo do mar. E eu estou aqui, em terra firme.
Depois de um tempo, de tanto engolir sapos, acabei vomitando. Aí era tempo de procurar outra saída. Por ora, estou com intolerância alimentar.
Entre ser feliz com a simplicidade da realidade e infeliz com uma falsa sensação de alegria que as fantasias causam, escolho a realidade.
A experiência só tem me machucado ultimamente, sabe? Escuto palavras de motivação, penso no que está por vir... E não tenho fé.
Se meu coração quer continuar lutando, só digo uma coisa: sua luta é comigo, rapaz. E você vai perder.