Tânia Franco
Entenda
Quero teu beijo;
Quero teu cheiro;
Quero teu sonho;
Quero este olhar risonho.
Quero o "te amo", mesmo que seja um engano.
E quero o brilho dos olhos, até nas lágrimas da desilusão.
Quero tuas mãos a me tomar e teu calor a me inundar;
Quero a festa desse prazer e a certeza de que vai renascer.
Quero-te por inteiro na metade que me oferta;
Quero-te alegria, riso, festa.
Quero tanto ter, que me esqueci de saber
Que o querer sucumbe quando a valia é momento.
Quero, então, desaparecer;
Porque em mim há a certeza de que nunca existirei.
Sei que vai me procurar, mas teus olhos não mais me alcançarão.
Não me culpe.
Depois da solidão, nem mesmo eu sei onde me achar.
Um torrão-de-açúcar
Sinto o cheiro do café fresco e me dou conta da xícara à minha frente. Meus olhos se voltam para a mesa posta para dois, mas o relógio na parede insiste em mostrar que o tempo não volta.
Minha mente dispara regressa naquilo que sou capaz de manter… lembranças. Sem foco ocular, me perco no fundo dos teus olhos e me deixo mergulhar num sorriso marcado pela redescoberta da paixão.
E, na acelerada do peito, vejo o pote ainda cheio de doces pequenos quadradinhos. Então, me dou conta de que no amargor dos dias, de fato, resta apenas um torrão-de-açúcar.