Talyla Souza
A dor era algo que sutilmente atormentara a mente daquele pássaro.
A liberdade lhe era de direito e sem procedentes,
Sem obrigações ou cobranças.
Um dia o pássaro cansado de ser refém do medo,
Ousou se lançar-se no abismo.
Um grito ecoou seguindo do salto.
Após alguns milésimos de segundos,
O silêncio se fez presente.
A voz que antes guiava tal passaro,
Ficou aflita e preocupada.
Pois não via mais seu pequeno.
Mais alguns segundos se passaram,
E um grito de liberdade soou na imensidão!
E lá estava o pássaro!
Voava como se estivesse passado sua vida toda a vagar no alto dos céus.
Por entre as nuvens e arco-íris.
Sol e ar.
O pássaro hoje vive a voar,
A explorar novos ares.
Mas sempre volta ao seu criador,
Para agradecer por ter sido o seu guia.
Guia nas palavras e conselhos.
Pois o maior aviador,
Só será um bom aviador,
Se libertar seus pássaros e ensina-los a ter coragem de se jogar
E viver.
Há uma grande diferença entre o "ser" e o aparentar ser.
Quando se é, tudo se torna mais prático, descomplicado e verdadeiro.
Pois a essência inicial, foi aperfeiçoada a partir de vivências reais. Tornando assim, o indivíduo em um ser altamente capacitado para viver.
Já o "aparentar ser", é um processo falho. Pois o indivíduo frustrado, não mais consegue ser o seu "ser inicial".
As frustrações o moldaram. O receio do qual ele outrora vivera, passa a estar no campo central de seus interesses, mesmo que de forma indireta.
Não conseguindo assim, ser capaz de realizar suas próprias promessas.
Talvez, as variantes que esse indivíduo escolhera, aparentem ser mais seguras. Porém, internamente ele sabe que o "quase ser" é como morrer em meio ao sol escaldante em um campo de batalha. Onde ele se encontra sem armas ou proteções corpóreas.
Aprender a calar é a base de tudo.
Pois as palavras não ditas, salvam vidas que não tinham de serem jamais afetadas.
O remorso e a culpa são os piores sentimentos dos quais o ser humano pode ser infectado.
Aprender a calar, é deixar morrer lentamente o inocente.
Sem oferecer uma ajuda simples e sem custo.
A morte de fato, é a salvação.
Depressa.
É engraçado a maneira como o tempo passa em diferentes situações.
Quando se quer que ele passe voando, ele corre arrastado.
Parece que traçamos guerras com os ponteiros do relógio.
Cada hora vem a demorar tres horas ou uma infinidade eterna de espera.
Já quando se acostuma com a necessidade imposta pelas circunstâncias, o tempo passa gradativamente rápido.
A grande eternidade se transforma em um intervalo para um café.
Toda aquela euforia pela chegada, vai perdendo o foco e transformando-se na alegria da presença dos pequenos infinitos de estar.
Acalma-te.
Respira.
E espera.
Mas espera com o coração.
Por que os ponteiros do relógio são as vezes, humanamente falhos.
Em seu bater de asas mais rápidas e quase incontáveis, o beija flor em sua plenitude, beija docemente as rosas do jardim.
Alguns milésimos de segundos são mais do que suficientes para que o néctar e pólen das flores sejam espalhados no chão quase sem vida.
Um beija flor me disse, que se agíssemos com total cuidado e sutileza, a vida seria vista com mais leveza. Tudo aquilo que antes estava murcho, exaltaria sua plenitude no jardim sem vida.
Ando encontrado almas.
Almas que mesmo de longe posso senti-las.
Acho que no momento do descanso, elas se encontram e saem por ai, bebendo um café e fumando um cigarro.
Existem pessoas que te expiram!
Pois tiram lá de dentro dos poros da alma, aquilo que você tanto buscava.
Um entendimento poético, divino e de irmandade.
Te preenche com plena inspiração e poesias lavatórias.
Viajar
As viagens não ocorrem apenas quando o corpo não está inerte.
Estar parado não consiste necessariamente o desligamento parcial ou total do mundo.
Durante as viagens vividas em qualquer transporte, ocorrem dois tipos de viagens em uma só.
Sao as viagens corpóreas, das quais o teu corpo repousa e tira um cochilo.
E as viagens transcendentes.
Essas tem forte relação com as corpóreas.
Estao intimamente ligadas.
O relaxamento do corpo, possibilita ao indivíduo o chamado "sono", que poderia ser considerado também, como uma espécie de meditação. Que te possibilita a elevação da alma.
Viagens não são apenas viagens.
E sim, viagens.
Que dentro delas, multiplicam-se e te viajam.
In: Verso
Inverso
-Em verso!
Avesso
-Há vêr sô!
Diverso
-De verso!
As palavras se invertem de certo.
Transformam o enredo em um acervo de melodias.
Uma biblioteca imensa de sentidos e vividos.
Vive o autor da melancolia,
A vagar pelas entrelinhas da cólera,
Do suspiro,
Apego e desprezo.
Do aqui ou agora,
Do de certo e outrora.
Invertem-se os papéis:
A Dama desce do seu trono,
O Rei perde a majestade,
O Maestro, a maestria de fato.
O silêncio, que se torna o grito ecoante.
A escuridão, que é vencida pelo brilho da luz celeste.
A morte, que é superada pela vida no constante alvorecer.
A dor,
A necessidade,
A angústia,
A dinastia,
Anarquia,
Falsa profecia!
Tudo caiu por terra.
Eternos são os quilômetros.
As curvas a cada segundo..
A escuridão ganha vida
E a vida repousa no sombrio e doce céu de março.
Vejo corpos a vagar pelo sono.
A sintonia sintonizou e sentiu o grito da calada noite.
Lembranças de acidentes celestes chegam tão turbulosos
Quanto a velocidade rapidamente reduzida nas curvas da estrada.
Uma canção me dizia:
"É preciso força pra sonhar e perceber,
Que a estrada vai além do que se vê [...]" Mas será isso que acontece?
Sigo por uma estrada sem fim.
O meu ponto de chegada seria o fim ou o inicio de outros pôr de sois?
Bem.. Certamente o fim não existe.
Pois ele é sempre um recomeço.
Vital,
Mental
E de paz.
Mais uma vez as luzes da cidade brilham na minha frente.
E a pergunta ressurge:
Será esse o meu ponto final?
Ou ele seria o ponto inicial na vida de alguém?
Simpli(C)idade
O terreiro de barro seco domina a frente da casa.
Sua simplicidade aflora nos maus acabamentos do recinto azul celeste.
A brisa natural, o cantar dos pássaros, a brisa leve..
Tudo encaixa-se perfeitamente,
Como a xícara e o piris.
A caatinga vista pela janela,
Trás os ares do sertão.
O bafo quente da terra seca,
A folhagem verde perdida em meio a vegetação cinza.
Na mesa ao lado, encontra-se um filtro d'água.
A frente, o choque de realidade.
O aparelo televisivo, que quebra total simplicidade.
Que devasta a visão simples,
A realesa celeste que reina para além dessas quatro paredes.
Meu aconchego e alento são agora a caneta e o papel.
Os dedos e a escrita.
Os pensamentos e as palavras.
Um amontoado de sentimentos e sensações que ganham vida através do transver.
Ah! Como quisera adormecer agora.
Acordar em meio ao crepúsculo.
Estar ao lado da estrela matutina.
Escalar os céus junto ao sol
E pôr-se na lua.
Calmo,
Tranquilo,
Celeste.
Uma simples cidade.
Com sua simplicidade supera o abstrato.
O vago,
O cansaço,
O sono!
Tudo é lindo e fascinante.
Como os olhos de criança que me acolheram pela manhã.
O sorriso.
O riso.
Mostram que no meio do sertão,
A vida aflora de tal forma,
Que o fugaz da cidade ficou para trás.
(Des)construindo
Não crie muros protetores de areias.
Pois o vento e as ondas do mar, ressecam e caem com um sopro das palavras.
Praça Vazia.
E quando todos os pássaros adormecem em seus ninhos,
Quando toda aquela euforia toma forma de silêncio e paz.
O que vem a acontecer num local antes tão cheio de vida e alegria?
Éis chegada a hora de os besouros e o tic tac do relógio dominarem o ambiente.
De a velocidade da vida recuar,
Se tornando inerte e pálida.
Doce, frágil e forte ao mesmo tempo.
O calçamento, que outrora fora tão pisado,
Riscado,
Transitado,
Sem ter ao menos o direito de dizer "Sim" ou "Não"
Para aqueles que o invadiram.
Horas se passam.
Pessoas chegam e se vão.
O coração daquela praça se enche de vida!
Com a correria das crianças brincando de ser feliz.
Os amores encontrados e perdidos nos seus bancos.
O doce sino da Igreja que anuncia a vida do Criador naquele meio.
Durante horas fora preenchida por doces risos,
Salgados lanches e lágrimas de dor e alegria.
Mas na realidade, o que vem a ser uma praça vazia?
Seria a presença de milhares de pessoas que passam e repassam naquela rua?
Ou seria a ausência delas, de fato?
Este(L)ar
A noite caí
A negritude dos céus domina o sol que se pôs.
Enquanto ele se deleitava sob o horizonte infinito,
Eu via teus olhos.
Sentia tua pele.
Um arrepio bom passou pelo meu corpo agora,
Certamente foi a tua mão a me tocar.
Sinto o teu cheiro na madeira jovem do quarto.
Recosto minha cabeça sob a cadeira,
Imaginando ser o teu corpo.
Novamente sinto o vento a me arrepiar.
Chamo o teu nome.
Sinto-lhe.
Minha.
Tão minha.
Uma pequena gigante,
Que nem Davi poderia derrotar.
A tua aura é doce.
Fina.
Resplandescente.
Me invade como os raios de sol
Ao romper o crepúsculo.
Oh, meu doce anjo.
Que nossos olhares se encontrem entre as Marias do céu.
Que atravessemos os anéis de Saturno,
E façamos deles as nossas alianças.
Um casamento de almas.
De anjos que se encontraram.
Que no dia da Criação foram designados:
Um para o outro.
A mente,
O corpo,
A alma,
O espírito!
Estamos ligadas pelas forças celestes.
O nosso amor é puro!
Minha menina e mulher.
Meu doce bom!
Do qual jamais enjôo.
Amo-te de alma.
Não carnalmente.
Pois te sinto a cada brisa que toca o meu corpo.
A cada pulsar de neurônios na minha cabeça.
Os pensamentos te puxão à mim,
Minha pequena.
Que as estrelas nos protejam
E sejam nossas guias.
Acolho-me em teu abraço,
Beijo-te no silêncio
E amo-te,
Amo-te como se fosse o último dia de vida nas galáxias.
Sabe em que me fascinam as rosas?
A sua simplicidade e elegância.
A fragilidade explicita e a sua força colocada em meio a espinhos..
Os espinhos não são apenas uma proteção natural, mas sim, uma forma delicada de dizer "eu tenho vida! Não me trate de qualquer forma. Eu preciso de cuidados"
Rosas, margaridas, girassóis.. todos sem suas belezas particulares.
Suas cores veementes
Suas doçuras exorbitantes
Bem, eu poderia passar horas a admirar um belo jardim, mas se não houvesse ali, tal rosa frágil, quase pálida devido aos devaneios em que ela fora imposta
As dores daquela rosa me chamaram atenção e me fizera perceber que um lindo jardim, só será um lindo jardim, se um dia for destruído e que aquela flor outrora arrancada de seu alento, jogada as traças, irá ressurgir em meio a espinhos
Que dessa vez não mais serão agressivos
Mas que trarão a força extraordinária de poder escolher entre
Ser seus próprios espinhos
Ou faze-los seus aliados fortificantes.
Refletindo.
A luz do luar reflete nas ondas do mar.
Se elevam.
Recuam.
Caem.
E surgem sem parar
O mar sempre a procurar
Uma luz pra iluminar.
O sol que outrora quebraste a escuridão no crepúsculo,
Volta a se calar.
Reflete agora a jovem moça.
Que sentada a beira da praia,
Aguarda ansiosamente a sua onda de inspiração.
Para que possa sem medo
Refletir o brilho da lua
A beleza do crepúsculo que logo surgirá.
Refletir no papel, molhado por suas lágrimas escritas
Ganha vida no seu pincelar.
A reflexão já está chegando!
Dominando os vários vazios que se espalharam pela imensidão celeste.
Calmamente chega.
Aconchega-se no peito poeta.
Bate na alma, assim como no mar
E reflete o maravilhoso sonhar!
O servir nas mais singelas palavras
Nos mais singelos gestos.
No vai e vem do lápis
No piscar do olhos.
Refletem e acalma o mar agitado
Que hoje é chamado de saudades.
Sob a Mesa.
Olhando ao longe, percebe-se aquele objeto reto, parado, mas que sempre está em movimento.
A dona da casa que insiste em pôr e tirar um objeto qualquer do seu repouso.
A mosca que suavemente pousa sob aquele recinto plano e suave.
O copo de café ali parado. Nem quente, nem fio, mas que aconchegantemente ali se deleita.
A luz do sol que reflete no vidro do copo de café. Que ilumina a mesa e faz voar aquela mosca que antes se encontrava em estado inerte, num vácuo chamado: segundos.
As horas passam e refletem que o brilho do sol se fora, trazendo consigo o brilho do luar; da lâmpada que agora ilumina aquele recinto, e trás de volta a euforia das crianças, o barulho, o bater na mesa, que novamente vem a ganhar vida! E que logo, se calará ao término da refeição, e o silêncio reinará sob aquela mesa. Que espera ansiosamente o renascer de um novo dia. Para que venha a alegria! O brilho do sol e a festas das moscas que pousarão lhe fazendo companhia.
Observações de (s)uma noite.
Ultimamente, a noite anda tão vazia. Vazia?!
Sim. Vazia de vida e cheia de corpos sedentos por algo um tanto, vago.
Não sei se sou alheia a esse mundo ou se esse mundo anda alheio a mim.
Gosto de constatar a segunda hipótese.
Pois, mesmo que assim de um jeito apático, eu vejo, percebo e ainda ouso sentir esse mundo na pele.
É uma devastação de desamor, onde corpos - enfatizo bem agora - buscam apenas outros corpos para satisfazer os seus desejos, sejam afetivos ou carnais.
Onde viemos parar?!
Que mundo é esse de almas sedentas de carne dominam o amor?!
Quanto mais saio na rua, mais vejo e ouço esses copos vazios atrás de um liquido para preenche-los.
"Tenho quase certeza que eu não sou daqui", já dizia Renato Russo em sua canção.
Sinceramente, não fui, não sou e jamais serei desse mundo - não no sentido que acabou de observar.
Antes ser cheio de estrelas, amores de livros, amor de Deus, Jah, Alá, Oxum, seja lá de que for, do que ter de "doar" ao mundo dessa forma.
Cronologia.
O tempo passa..
As horas voam..
Os segundos se dissipam sob os ponteiros do relógio sempre apressado.
Calendários marcam dias,
Datas comemorativas.
Festividades, anuidades e melodias.
As melodias da vida!
Que se dissolvem e acontecem nesse tempo óbvio.
Quanto tempo demora um mês pra passar?
Perguntara o poeta na canção.
Mas na realidade, o tempo realmente existe?
Cíclico.
Divino.
Passivo.
Cronologicamente dominante.
Domina a vida do trabalhador.
Do vendedor que sai em busca de seu sustento.
Da mãe, que aguarda ansiosamente seu filho dormir.
Para que tenha tempo pra um breve descanso.
Tempo..tempo.. tempo!
Há tempo de tudo!
Pra tudo.
Exceto, para um tempo com nossos pensamentos.
Mas se não houvesse esse ditador,
Como organizaríamos nossas vidas?
Seria mais fácil ter tempo para tudo?
Ou esse "tudo" se tornaria um nada perante a imensidão finita de viver?
Aroma de Café.
Porque algo tão “comum” nos proporciona momentos tão felizes?
O cheiro, sabor, a cor.. Tudo isso desperta em nós um desejo envolvente.
Um doce mistério que se vive a cada gole na xícara.
Te acalma, anima, alivia e esquenta!
Assim como o pão, o café é vida!
Vida para aqueles que saboreiam sua essência estejam eles numa mesa de botequim, na calçada de uma casa, na mesa do café, lendo ou ouvindo músicas.
Café não é um vício ilícito ou uma droga.
Ele te liberta dos anseios e aflições.
Então, é açúcar ou adoçante?
Morno ou frio?
Forte ou fraco?
Numa xícara ou em um copinho?
Não importa!
Viva o Café!
Copo Vazio.
Quanto cabe em um copo vazio?
Dependendo do seu tamanho, cabem diferentes quantidades liquidas ou sólidas.
Eis o ponto chave!
As liquidas ou as sólidas preenchem mais o compartimento desse copo?
Condensando-se, caberiam mais coisas sólidas. Mas ficaria num aperto, que sufocariam o que está embaixo.
Já as liquidas, são medidas exatas. Ou cabe ou transborda. Sem mais, nem menos.
Percorrer todo o caminho sem nada no copo, poderá fazer com que ele voe nas tempestades de areia.
Um copo vazio é a chave para o entendimento pessoal. Enquanto você esvaziar o “seu copo”, não se encontrará na vida.
Um copo cheio de liquido requer equilíbrio, aprendizado e paciência. Dando um passo de cada vez, algumas gotas se perderão ao longo do caminho.
Mas lembre-se: você poderá completar esse copo vazio ao final da caminhada. A fonte do conhecimento não secará enquanto você almejá-la.