Taís Botelho
Cruzar, entrecruzar
por cima, baixo, diagonal,
dedos, mãos, punhos,
braços, abraços,
segurar, força
leveza,
um vai e vem
que não tem fim,
é movimento!
Seu pó de café é solúvel a minha água, nós nos misturamos, teus grãos se dissolvem na fervente temperatura que estou, e mesmo que eu esfrie, não vais para o fundo da caneca, ficas condensada no meu líquido e seu aroma nunca se perde...
Ame...
Ame os pássaros e as árvores
Ame a natureza unida ao sol
Ame os sons e o silêncio
Ame a si e a todos
Ame irmãos, tios, sobrinhos, avós
Ame a família e mais agregados
Ame os instantes
E ame quem faz de um instante, sua felicidade
Ame os olhares trocados por segundos
E ame quem não consegue mais tirar os olhos de você
Ame as coisas por tampouco ou quase nada
Ame os dias, tardes, noites
Ame o destino e seu movimento de dançar a vida
Ame o toque e talvez a saudade
Ame pessoas ou a pessoa
Ame o amor e o coração
E ame doar seu coração a quem lhe ama
Ame todo esse jogo sedutor da paixão
E ame explorá-la, ela tem muito a oferecer
Ame habitar o mundo e desvendá-lo
Ame viajar pelo mundo dos sonhos
Ame sonhar
Ame o desejo de ser feliz
E ame fazer os outros felizes
Ame, ame, ame
E ame mais ainda...
Pois amar é infinitamente a eternidade da vida.
Meias de pele...
Meia-segundas-pernas
peles sobrepostas
delineiam o contorno exuberante
de tornozelos, panturrilhas e coxas,
calçadas pelo salto alto
movidas pelas cores
seduzem, enfeitiçam, aliciam
o misterioso jogo
a verdadeira dama de nylon.
Um adeus para quem não vive dentro de si. Pois aqui quem vos fala, está com a felicidade mais do que vivida, está impregnada.
Amo me perder no mar imenso de teus olhos castanhos..
você é que os torna interessantes
torna o castanho uma cor inovadora e atraente
um mar que desejo me banhar,
e as flores vermelhas de teus cabelos, cheirosos
a brisa sutil de tua respiração
que equaliza em nosso amor
Foi a partir daí que o amor ensinou,
as palavras a se tornarem poesia.
Elevar pelas escadas
caminhos a fio
dei-te de presente
me acompanhar
te olho aos cantos
dos teus próprios olhos
pego sua mão
vamos poetizar.
Em um meio sem fins
somente de começos,
uma totalidade esplendida
de flores, cores, amanheceres.
Já era amor.
Escrevi poesias nas tuas cartas de amor, construí um livro, onde você é a personagem principal... Exclamada de paixão pela autora poetiza!
Me perco em poesia,
me perco nas ruas
entre as pessoas
as folhas que me cobrem
o vento que me tapa de ansiedade
é o tempo que passa
depressa
apressa
aperta..
E dizer que sentir...
a àgua pousar no corpo
delicadamente,
é como se acariciasse
deixando desenhos em toda a pele,
se aproxima do toque das mãos,
ou até mesmo dos olhos,
que por mais distante que esteja
irá aflorar o desejo...
A àgua toca e se espalha,
cobre todo o corpo
deixando seus rastros,
e mesmo que a seque
já terá penetrado
todos os lugares das suas marcas...
Vejo por tais linhas
inquietudes advindas,
tempos de outrora
a textura das páginas,
ásperas, porosas,
cansadas do tempo,
escondem histórias,
abrigam mistérios,
despertam curiosidades
dos olhos que as fitam..
Consigo ver em teus olhos
uma inexistência das minhas próprias certezas,
mas ainda sim quero continuar
olhando -te
admirando-te
acariciando-te...
Há... lembrem de coisas importantes...
lembrem de olhar o sol pela manhã...
lembrem de olhar o céu cinzento se o sol se esconder...
lembrem do bom dia muito agradável de vocês...
lembrem do ar puro, das folhas das árvores...
lembrem de olhar nos olhos, verem eles brilharem...
lembrem do abraço...
lembrem do dia passando...
lembrem do canto dos passarinhos...
lembrem da água, importante para a hidratação do corpo..
lembrem, não esqueçam do corpo, ele é importantíssimo...
lembrem de olhar ao redor, tem muita coisa que passa desapercebida...
lembrem do quanto é confortável o lar, a cama e uma companhia...
lembrem que sentar numa praça e observar o tempo passar, também é...
lembrem dos parentes...
lembrem que as horas voam...
lembrem então de aproveitar os segundos...
lembrem de se alongar durante o trabalho...
lembrem que o corpo fala e ele também precisa de atenção...
lembrem que nem tudo é azedo, podemos escolher doces aromas da vida...
lembrem que tudo são escolhas...
lembrem também que fazer escolhas não é ruim...
lembrem que a vida é passageira, por isso cada dia é eterno...
lembrem de si e do outro...
lembrem dos filhos, netos e bisnetos, eles lembraram de vocês...
lembrem também de amar...
lembrem de beijar...
lembrem de se tocar...
mas lembrem...nunca esqueçam de lembrar!
Meu vínculo com esta terra
é ter a liberdade no meu corpo,
sou mulher,
sou cigana e tal qual dançarina,
dama das Camélias,
Capitu e seus olhos,
sou Anita,
sou a primeira das Elena's do Maneco,
sou mulher que busca sonhos,
dos desejos mais profundos,
a que não tem vergonha de exposição,
na vida tudo vai e volta,
pouca coisa fica,
sou mulher que resolveu não ter filhos
e que é amaldiçoada por essa escolha,
sou a que prefere poetizar os olhos
do que aplaudir a genitália na TV,
pois meu senso de sensualidade
é entre dois corpos...
Sou o que construo da vida,
não o que outras pessoas desejam que eu seja,
ser mulher não significa rebaixar-se,
o mundo nasce de nossos ventres,
e por milhões de anos
parece que ninguém lembra disso,
por isso sou eu e quantas mais mulheres
eu desejar ser!
Um desejo por mulher
uma cobiça
são esteriótipos
ou apenas particularidade
são moradas em,
únicas frações de segundo
e até grandes temporadas,
neste corpo receptivo
delicadamente
perpassado por suaves mãos
pelas facetadas regiões dos meus olhos
pela troca de peles.
Mulher... mulheres
singulares em suas amplitudes
são voluptuosas, anti - efêmeras,
emburrecem de amor
cegam-se em paixão
mil, se falando de virtudes
sonhos extensos, inacabáveis.
Com uma mulher
pode-se habitar horizontes
ir do visível ao inimaginável,
certos extremos,
como ouvi por tais dias
na voz rebuscada de um homem
com tom castellano e poético
"cada mujer es un mundo",
pensei poesias infinitas
pois justamente na rebuscada voz
surge toda uma literatura sensível,
no momento faço pausas
agora escuto ao fundo a trilha,
sim é Martinho da Vila
trazendo sua proza,
seu desejo, sua vida por tantas mulheres,
por tantos "mundos" e horizontes habitados...
Há a procura de alguém que não se encontra ao meu lado,
no momento,
visto um pouco da natureza
apanho um espelho
quem eu procuro está pelos meus olhos,
e não só por eles...
Dançar sempre esteve para muito além de todos os esteriótipos, gêneros e cores, não está no homem ou mulher, gordo, magro, mas em Tudo e em Todos... Dança é a vida, a parte mais sensível dela, que é lida pelo corpo e ouvida pelos olhos atentos de quem a vê/assiste. Dança é permitir-se, é explorar o inexplorado, é gritar sem dizer ao menos uma palavra, é escrever poemas com os movimentos, e é fazer viajar os pensamentos para outra dimensão. É o toque, a sensação, a grandeza da felicidade... esgotar-se de si e não querer parar...
Dança é algo que se torna indizível, onde só buscará uma explicação, quem a dançar...