Tadeu Cesar
Tu até podes ser um produto indesejado; um vetor deformado, sem direção; com aceleração nula e velocidade constante, um indivíduo constantemente em repouso; um número primo que só tem a si mesmo; e um alguém que nem sabe quem é. Podes até tentar parecer natural, esconder teu sinal negativo, envolver-te com essa assombrosa raiz para parecer real com teu comportamento iludido, mas não enganas a ninguém; não és imaginário nem um simples número derivado; és complexo!
Podes parecer uma raiz imperfeita, pois a imperfeição é o que se aceita. Talvez apenas não tenhas encontrado teu par conjugado que te dirá: sê positivo! Dividindo todos os teus conceitos e pensamentos, surge um produto de diferentes fatores. Não precisa ser natural, não precisa ser real, não precisa ser o que alguém diz ser. Surge o que apenas é, UMA INDETERMINAÇÃO!
A reflexão profunda sobre ser diferente implica uma compreensão crítica das estruturas sociais e uma busca autêntica pela identidade.
UM POEMA PARA O MEU AMOR
Que passem os dias e as noites,
que passem os tempos de guerra e de doença, que passem os tempos.
Mas que prevaleça.
Prevaleça hoje, amanhã e sempre —
independentemente do referencial, da situação, da variação de espaço ou tempo.
Que prevaleça.
Que prevaleça — e que todos saibam.
Não pelos alaridos, pois os alaridos, com o tempo, se calam.
Que saibam pela intensidade.
Intensidade como a do Big Bang:
que gera energia e matéria.
Energia para sempre correr ao teu encontro,
e matéria para que em nós — para sempre — exista vida.
Que prevaleça.
Que prevaleça, intensamente, como ontem,
como há dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove meses atrás.
E se não for para ser o mesmo,
que seja ainda mais intenso.
Que prevaleça o meu amor por ti.
Para a mulher mais bela que já se achou.