Tabata Amaral
Já não é segredo para ninguém que são inúmeras as barreiras que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho, em ambientes sociais e por aí vai. E seria diferente na política? Claro que não! Meu início de mandato parlamentar todos os dias me lembra que ver uma mulher jovem eleita deputada federal é desconcertante para muita gente.
Em um país tão desigual como o nosso, onde a grande maioria dos adultos é analfabeta funcional, não podemos esperar que as famílias sejam responsáveis por ampliar o horizonte das nossas crianças. Se a escola não apresentar os mundos que existem para além dos muros das periferias, se não apresentar as diferentes profissões que existem, se não motivar o aluno, com exemplos e encorajamento, a acreditar no poder do estudo e a sonhar, é muito pouco provável que isso aconteça.
Eu queria muito que alguém com experiência na política tivesse me dito que iam me tratar diferente porque era mulher. Saber disso faz com que a gente consiga destruir as barreiras internas.
Me esforço como poucas pessoas que conheço, mas não posso ignorar que tive muitas oportunidades que outros não tiveram, também por ser branca. Nunca caí nesse mito de “quem quer consegue”. Tenho consciência da desigualdade, sei que tenho sorte, sou privilegiada. E, quando falo da minha realidade e da vontade de mudá-la, as pessoas acreditam em mim e na minha proposta.
Vamos seguir unidos, a eleição acabou. Em uma democracia, se passa o bastão, isso não está ocorrendo