Ta-Nehisi Coates
A raça é filha do racismo, e não sua mãe. E o processo de definir quem faz parte desse “povo” sempre foi menos uma questão de genealogia e de aspecto fisionômico do que de hierarquia. Diferenças de cor de pele e de cabelo são antigas. Mas a crença na proeminência da cor e do cabelo, a noção de que esses fatores possam organizar a sociedade corretamente e de que significam atributos mais profundos, os quais são indeléveis, é a nova ideia que prevalece no âmago dessas novas pessoas que, de forma desesperançosa, trágica e ilusória, foram levadas a acreditar que são brancas.
Eu não gostaria que você mergulhasse em seu próprio sonho. Prefiro que seja um cidadão consciente desse terrível e belo mundo.
Você está crescendo com consciência, e meu desejo é que não sinta a necessidade de se constranger para fazer com que outras pessoas estejam confortáveis.
Toda a nossa fraseologia – relações raciais, abismo inter-racial, justiça racial, perfilação racial, privilégios dos brancos, até mesmo supremacia dos brancos – serve para obscurecer o fato de que o racismo é uma experiência visceral, que desaloja cérebros, bloqueia linhas aéreas, esgarça músculos, extrai órgãos, fratura ossos, quebra dentes. Você não pode deixar de olhar para isso, jamais.
Ir atrás do saber era, para mim, liberdade, o direito de declarar a própria curiosidade e procurar satisfazê-la em todos os tipos de livros.
Eu era feito para a biblioteca, não para a sala de aula. A sala de aula era uma prisão, para os interesses de outras pessoas. A biblioteca era aberta, sem fim, livre.
Você deve acordar toda manhã sabendo que nenhuma promessa é isenta de ser quebrada, e menos ainda a promessa de simplesmente acordar. Isso não é desespero. Essas são as preferências do próprio universo: verbos acima de substantivos, ações acima de estados, luta acima da esperança.