Suzanna Kaysen
Na verdade, eu só queria matar uma parte de mim: a parte que queria se matar, que me arrastava para o dilema do suicídio e transformava cada janela, cada utensílio de cozinha e cada estação de metrô no ensaio de uma tragédia.
Cinquenta aspirinas são um bocado de aspirinas, mas ir para a rua e desmaiar é a mesma coisa que guardar o revólver de volta na gaveta.
'Enquanto outras esbravejavam e gritavam, contorciam-se e choravam, Polly olhava e sorria. Sentava-se ao lado das que estavam assustadas, e sua presença as acalmava. Seu sorriso não tinha maldade, era cheio de compreensão. A vida era um inferno, ela sabia. Contudo, seu sorriso deixava entrever que ela tinha queimado tudo isso dentro dela. Seu sorriso tinha uma ponta de superioridade: nós não teríamos tido aquela coragem de nos queimar por dentro; e isso ela também compreendia.'