Suzana Damiani
Me-dô?
Quando o saber
Já não mais sabe o que sentir
Se pode amar
Se vai viver um grande amor
Passa a ouvir a voz do vento
O canto do encanto
O anoitecer
E, sem saber, passa a sentir
No canto dos sons
A voz do coração
Que está latente
Carente
Querendo, sem saber,
Querer amar,
Querendo, sem querer,
Saber amar
Mudanças
De um bem querer
Não restou somente
Dor e sofrer.
Ficaram lembranças
Sonhos, encantos
De doces momentos
Mas que, com o tempo,
Sofreram mudanças.
Mexeu com a cabeça
Ajudou com a bagunça
Que já se firmara
Nos dois corações.
O tempo é que firma
Afirma ou confirma
Se tanta emoção
É ou não
Pura ilusão.
Interrogações
Firma-se a incógnita
Alguém a derruba
Certo da vitória
Mas é sempre um engano
Ela tem sete vidas
Não morre
Não cai
É o símbolo:
da insegurança
dos sonhos desfeitos
dos desamores
Como será?
Para quem ama, o amor é tudo
É o centro da vida
É o universo
É a única forma de viver
É inconcebível que outros, que os outros
Vivam sem amar
É absurda a ideia de viver sem paixão, sem amor.
É fato... ou as pessoas amam e por isso vivem...
Ou não amam, mas como vivem?
Como é seu viver?
Como é seu sonhar?
Como é seu prazer?
Como é seu sofrer?
Como é seu olhar?
Como é seu sentir?
Qual não é sua dor?
Em vão
Queria poder partir
Partir e te encontrar
Partir e te sentir
Partir e te tocar
Meu desejo de estar junto a ti
É intenso
É imenso
É gigantesco
Como o mar
Que em suas ondas
Parece sempre buscar
Se avoluma
Cresce
Junta forças para chegar
Junto a você
Meu olhar, em vão...
A todo momento...
Te busca
No nada
No longe
No perto
Parece que,
A qualquer momento,
Poderá te ver...
Em vão...
Meu querer,
Meu desejo,
Meu olhar.
O doce sabor da infância reside nos sonhos. Sonhar com um mundo melhor, mais humano, mais justo, depende de mantermos viva a criança que um dia acreditou na magia.
Jogo
O jogo da vida não permite conhecer
todas as suas regras
todas as suas peças
todos os seus jogadores
O jogo da vida exige muita
ousadia
perspicácia
astúcia
O jogo da vida esconde
perigos
piratas
poetas
putos
O jogo da vida
mata
Reeditando o Ditado
Dizem que toda pessoa deve:
* plantar uma árvore;
* ter um filho;
* escrever um livro.
Ouso acrescentar…
* plantar uma árvore, regá-la, podá-la, cuidá-la;
* ter um filho, educá-lo, protegê-lo, acompanhar seu desenvolvimento, responsabilizar-se por ele enquanto filho;
* escrever um livro que seja lido, sem que ninguém o faça obrigado ou com cobrança.
A sociedade "treme nas bases" cada vez que as mulheres resolvem assumir a responsabilidade por suas escolhas.
Em tempos de pandemia, aprendemos que respeito, reconhecimento e carinho têm efeito prolongado. Agem na prevenção, no tratamento, no pós-traumático, na cura.
Se perguntar a uma pessoa quem ela é, talvez ela não saiba, mas, certamente, terá histórias para contar, terá sua história a ser contada.
A vida do poeta/escritor não pertence somente a ele e pode ultrapassar os limites do tempo... A palavra pode torná-lo eterno.
BUSCA
Busca-se.
Busca-te.
Buscar e encontrar.
Buscar para reencontrar.
Buscar e nada alcançar.
E, no nada, encontrar algo…
O fim da busca.
O recomeço da busca.
O ressignificar da busca.
O desassossego da busca.
O fardo da busca.
O vazio da busca.
A incógnita da busca.
O elo entre o anseio e a esperança.