Suzana C.
Quando me dei conta, já não havia mais ninguém na sala de espera, eu estava só. Todas aquelas pessoas, aquelas vozes que eu acreditava estarem me julgando...ah...essas pessoas já haviam partido, todas, e talvez já tivessem ido a tempos, porém, em minha mente, elas permaneciam ali. Quando me dei conta, vi o quanto eu mesma estava sendo cruel comigo mesma, eu não conseguia me perdoar. Mas, quando eu pude parar tudo, abrir os olhos da alma, olhar para aquela sentada a minha frente, eu consegui entender.
Bastava aceitar-me, perdoar-me, ter compaixão de mim mesma, assim como aquela que estava a minha frente, então, eu olhei-a fixamente nos olhos, pude ver, pude sentir, o quanto ela é bela, corajosa, inteligente, amorosa...e olhando-a eu a abracei, beijei sua face, e fiz as pazes com ela, e ela voltou a morar em mim. Olho e posso ver que todos aqueles fantasmas, muitos que eu mesma havia criado, dançavam felizes cada qual em sua estrada, e então eu pude seguir. Abri a porta onde estava escrito Felicidade.
Viajar? Basta deitar em seu peito para que eu encontre
o caminho de volta.
O caminho indecifrável da delicadeza.
Sou impulsiva, sou exagerada, sou extremista, não sei viver no meio-termo, o que é morno me dá enjoo, se isso é certo ou errado, não sei, só sei que sou assim.
Enquanto eu estou lutando por algo que amo, sou imprevisível, dou gargalhadas e choro muito, pego a estrada e grito alto, assim ninguém escuta, sei que brigo muito com você para poder trazê-lo de volta, pois minha calma não te alcança, isso te enfurece, mas saiba que, porque ainda te amo, suas ações provocam algo em mim. Porém, quando meus pensamentos param de falar comigo, quando meu coração para de argumentar, é porque minha alma se cansou, ela desistiu de lutar sem resposta, e o vazio e a inércia tomam conta do meu corpo, é todo meu ser dizendo que chegou a hora de deixar de amá-lo, o silêncio se faz presente e eu me paraliso, é minha pausa para o descanso.