Susan Greenfield
Se o desenvolvimento é a marca registrada de nossa espécie, onde quer que nos encontremos, então as tecnologias digitais poderiam muito bem trazer à tona o que há de pior na natureza humana, ao invés de se revelarem inofensivas.
Se um único indivíduo pode ser capaz de alcançar uma mescla ideal entre o virtual e o real, isso não significa automaticamente que os demais são capazes de ter o mesmo controle e o mesmo bom senso.
Embora a moderação possa ser a chave, a tecnologia não vem, necessariamente, sendo utilizada dessa forma.
A tecnologia pode ser empoderadora e nos ajudar a forjar vidas mais plenas, mas isso só ocorrerá, de fato, se nós mesmos tomarmos a frente e contribuirmos para o cumprimento dessa tarefa.
Mesmo o fanático digital mais obstinado não consegue escapar do simples fato de que cada hora passada na frente de uma tela, por mais maravilhosa ou benéfica que seja, é um tempo que se passa sem segurar a mão de alguém, nem sentir o cheiro da brisa do mar. Talvez até mesmo o ato de ficar à vontade e contente, em perfeito silêncio, venha a se tornar uma commodity rara, que, em vez de fazer parte do repertório humano, será encontrada em uma futura lista de desejos melancólica.