Sto. Antônio Maria Zaccaria
Agradeço muito a Deus, porque ele me abençoa mais do que eu mereço e me castiga só um pouquinho. Nem sempre me dou conta dessa situação, por causa da minha falta de sensibilidade.
Fique conformado com a vontade de Deus. Eu também quero conformar-me com ela, custe o que custar, mesmo contrariado.
Seja meu intercessor junto a Deus, para que Ele me livre das minhas limitações, da minha moleza e do orgulho.
O livro, "A vitória sobre si mesmo", vou ter que escrevê-lo com a vida e não só no papel.
O Deus da paz e de toda graça os guarde e lhes conceda aquela firmeza e decisão em tudo o que fizerem e desejarem, como eu gostaria.
É uma grande verdade que Deus fez o homem instável e querendo sempre mudar, para não ficar parado no mal e, também, para que, conseguindo um bem, não fique parado só nele, mas passe para outro maior e, desse, para outro maior ainda.
E, assim, crescendo degrau por degrau, chegue à perfeição.
É por isso que se diz que o homem que está no mau caminho, não fica nada satisfeito, isto é, não encontrando prazer no mal, não pode continuar nele: e assim, não parando no mal, irá para o bem.
Do mesmo modo, não se satisfazendo só com as criaturas, passará para Deus. Bem! Por enquanto, deixo de lado as várias causas das insatisfações dos homens: o que já escrevi, chega!
Coitados de nós! A firmeza e a decisão que devemos ter para fugir do mal, não as estamos usando para fazer o bem; tanto é verdade, que eu me admiro muitas vezes com a grande falta de firmeza que está em mim e isso vem de longe!
Meus irmãos, eu estou certo de que, se eu meditasse profundamente a respeito dos males que surgem por causa dessa tal falta de firmeza, já os teria arrancado pela raiz há muito tempo!
A falta de firmeza, antes de mais nada, atrapalha o homem: ele não progride, fica como quem está entre dois imãs: não é atraído nem por um, nem pelo outro; isso quer dizer que ele não faz o bem agora, porque se preocupa com o futuro, nem se prepara concretamente para o futuro, porque perde tempo agora e não acredita no futuro.
Querem saber com quem este homem se parece? Com quem tem a pretensão de amar duas coisas opostas. É igual àquele que quer caçar dois coelhos ao mesmo tempo: um foge e o outro escapa!
Enquanto o homem ficar indeciso e cheio de dúvidas, é certo que não vai fazer coisa boa: é a voz da experiência, eu nem preciso falar.
E tem mais: a falta de firmeza deixa o homem instável como as fases da lua. E não acabou não! O homem indeciso está sempre inquieto, nunca se sente satisfeito; mesmo quando está muito alegre, fica triste facilmente, fica irritado e procura facilmente suas compensações.
Na verdade, esta erva daninha vem da falta de luz divina. O Espírito Santo chega logo ao mais íntimo das pessoas, não fica na superfície, mas quem não enxerga o seu interior, não consegue decidir de jeito nenhum.
Esta falta de firmeza é resultado da mediocridade, mas também a provoca: de fato, o homem indeciso, na hora de dar conselho a respeito de algum problema, é capaz de falar todas as razões que existem, mas não sabe decidir quais as certas.
E então, nunca diz o que deve ser feito e o que deve ser deixado; por isso, se antes a dúvida era pequena, depois se torna grande e, assim, nós nunca nos decidimos.
O homem indeciso perde o entusiasmo e se torna medíocre (morno).
Quem quiser apontar as tristes consequências e as causas da falta de firmeza, vai levar mais de um ano; a verdade é que, se o mal fosse só esse, já seria até demais, porque, enquanto o homem fica duvidando, não consegue fazer nada.
Para fugir desse defeito, temos duas saídas que o próprio Deus nos indica: a primeira nos ajuda, quando somos obrigados a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa ali na hora: qual a saída? É elevar nossa mente, pedindo o dom do conselho; em outras palavras, quando acontece uma coisa repentina e imprevista, que exige providências rápidas, aí é que elevamos a mente a Deus, pedindo que nos inspire o que temos que fazer: desse modo, sob a inspiração do Espírito Santo, não vamos errar.
Para fugir desse defeito, temos duas saídas que o próprio Deus nos indica: (...) a segunda é que, tendo tempo e oportunidade para pedirmos orientação, vamos ao nosso orientador espiritual e, conforme o que ele disser, fazemos ou deixamos de fazer algum trabalho ou outra coisa qualquer.
Meus caros amigos, se não tomarmos providências contra essa erva daninha, ela vai provocar em nós um péssimo efeito: a negligência, que é totalmente contrária aos caminhos de Deus.
De fato, o homem deve pensar e repensar, moer e remoer na hora de ele fazer alguma coisa importante mas, depois que pensou e se aconselhou, não pode deixar para agir mais tarde.
Pois, nos caminhos de Deus precisamos, antes de mais nada, de prontidão e dedicação.