Stanislaw Ponte Preta
Stanislaw Ponte Preta nasceu em Copacabana, Rio de Janeiro, no dia 11 de janeiro de 1928. Revelou desde a infância a sua vocação para o humor, e que o futuro escritor colocaria em suas engraçadas crônicas satíricas. Estudou Arquitetura até o terceiro ano. Foi funcionário concursado do Banco do Brasil. Ainda bancário, iniciou sua carreira jornalística, e escreveu para revistas, jornais, programas de rádio e televisão.
Em 1951 ingressou no Diário Carioca, onde começou a usar o pseudônimo de “Stanislaw Ponte Preta”, inspirado no nome de um personagem satírico de Oswald de Andrade – o Serafim Ponte Grande. Fez crítica teatral e crônica social, e depois se dedicou apenas à crônica da vida artística. Em 1953 transferiu-se para o jornal Tribuna da Imprensa. Grande apreciador da Musica Popular Brasileira e do Jazz, nessa época, escreveu “Pequena História do Jazz”. É autor do “Samba do Crioulo Doido”, uma sátira aos enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Stanislaw criou vários shows para a televisão e boates. O mais famoso foi a eleição as “Dez Mais Certinhas do Lalau”, uma paródia aos concursos das dez mais elegantes, promovidos por cronistas sociais. Todo ano ele escolhia dez das mais bonitas atrizes e vedetes do “Teatro Rebolado”.
Publicou obras assinadas por Sérgio Porto, entre elas: “O Homem ao Lado” (1958), “As Cariocas” (1967, novelas) e “Na Terra do Crioulo Doido” (1968, crônicas). Como Stanislaw Ponte Preta publicou as crônicas: “Tia Zulmira e Eu” (1961), “Primo Altamirando e Elas” (1962), “Rosamundo e os Outros” (1963), “A Casa Demolida” (1963), (uma ampliação do livro O Homem ao Lado), “Garoto Linha Dura” (1966), “Febeapá nº 1 – Festival de Besteira que Assola o País” (1966), crônicas dedicadas aos abusos cometidos pela “redentora”, nome que ele deu ao golpe militar de 1964, e “Febeapá nº 2” (1967). Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de setembro de 1968.
Acervo: 19 frases e pensamentos de Stanislaw Ponte Preta.
Frases e Pensamentos de Stanislaw Ponte Preta
Se o Diabo entendesse de mulher, não tinha rabo nem chifre.
A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.
Lavar a honra com sangue suja a roupa toda.
A Velha Contrabandista
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega - tudo malandro velho - começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim pra ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais outros, que ela adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com 40 anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia! - insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espáia"? - quis saber a velhinha.
- Juro - respondeu o fiscal.
- É lambreta.
O marido enganado é um homem que se engana a respeito da mulher que o enganou.