Sri Prem Baba
Durante a jornada, facilmente nos encantamos com as sensações e com tudo o que experienciamos, e nos esquecemos do poder, da presença que nos habita. Esquecemos que a vida é um mistério e passamos a acreditar que ela é apenas uma fórmula matemática. Somente começamos a lembrar quando verdadeiramente perguntamos: Quem sou eu? Quem habita esse corpo? Quem realiza esse jogo e porque estou me movendo dentro dele? Uma pessoa sensata faz essas perguntas. Essa sensatez é o início do resgate de si mesmo - você está começando a sentir a fragrância do mistério.
Se puder observar o que é transitório sem se identificar, você encontrou a saída do labirinto da mente. Utilize cada acontecimento da sua vida como material de escola que te ensina a desenvolver a habilidade de testemunhar e a equanimidade mental, que é permanecer no observador, sem se incomodar com o que está acontecendo fora – tanto na alegria como na tristeza você permanece o mesmo.
Um coração puro não julga. Ele não acusa e não compara, assim como não deseja. Um coração puro aceita e perdoa; agradece e ama. Ama de forma desinteressada. Um coração puro é aquele que só observa. Ele se expressa através de uma mente equânime, pois assiste as misérias e as alegrias sem se identificar. Através dele, o fluxo de vida e de amor não é interrompido. Ele está além dos dramas e dos jogos da natureza inferior, e sempre vibra em gratidão. Ele está sempre celebrando a vida (o sol, a lua, as estrelas, o vento, as flores, o sorriso...) e tudo que se expressa através do ser humano, porque compreende que tudo é sagrado; tudo faz parte do jogo divino. Esse coração é um símbolo que representa o seu Eu mais profundo.
O que é vital? Tornar-se espiritual; tornar-se o amor e a compaixão; transformar-se numa prece; transformar-se numa meditação. Então, tudo que você fizer será bom. As suas atitudes serão o amor em movimento. Eu chamo isso de serviço, de karma yoga. Você coloca seus talentos e dons a serviço do amor, sem nenhum interesse. Você não está tentando mudar o seu passado - não é uma reação. Você não está fugindo de nada. Você age a partir da presença e isso serve para qualquer coisa.
Eu saí de carro em um dia de chuva de granizo, e o carro ficou todo arranhado. Mas, quem escolheu sair de carro nesse dia? Eu escolhi; por isso a responsabilidade é unicamente minha. Não me canso de repetir: você não é uma vítima indefesa das influências nefastas do espaço sideral. Eu sei que pode ser difícil ouvir isso, e talvez você até fique com raiva de mim, mas preciso dizer a verdade: você está onde se coloca.
As nuvens sempre passam. Podem ser nuvens claras ou escuras, mas sempre passam. Talvez tenha que chover uma tempestade, mas ela também passa. Compreenda que você não é a nuvem, você é o céu.
Amor, assim como Deus, é uma palavra que foi muito distorcida. Muita gente usa essa palavra para expressar nada. Dizem “eu te amo” quando, no fundo, sentem raiva. Mas, se pudermos ser mais honestos com o uso das palavras, reencontraremos seu verdadeiro sentido. Amor no seu estado mais puro é sinônimo de doação desinteressada; é o desejo sincero de ver o outro feliz, de ver o outro brilhar. Essa capacidade de se doar, essa capacidade de ser um canal de bênçãos para o outro, é a fragrância do divino no ser humano. É por isso que eu digo que Deus é amor, e que o amor é Deus.
Jesus é um mestre a quem muitos milagres foram atribuídos. Dizem que ele ressuscitou mortos, transformou água em vinho, multiplicou alimentos e fez cegos enxergarem. Mas isso é pequeno perto do maior milagre que ele realizou; é apenas um jogo para acordar a fé das pessoas. Às vezes, somente milagres como esse (que transcendem os limites da mente) podem acabar com o sonho do ceticismo. Porém, o maior milagre de Jesus foi amar e perdoar até mesmo aqueles que o crucificaram. Esse é o verdadeiro milagre: a superação do ódio, da vingança e do medo; é compreender que o ataque, os maus tratos e o ódio do outro são, na verdade, gritos de socorro.
Confiança é uma das principais virtudes a serem desenvolvidas no caminho espiritual. Mas, não é possível fabricar confiança com a sua cabeça, assim como não é possível fabricar firmeza, lealdade, humildade, perdão e gratidão. Essas virtudes são frutos da árvore da consciência. Se você ainda não tem uma árvore, ou se sua árvore não está em condições de dar frutos, não se desespere, trabalhe para ampliar sua percepção através da auto-observação e da prática espiritual, pois é assim que você expande a consciência.
Por que você não consegue perdoar quem te fez mal? Por que você ainda não compreendeu a razão pela qual precisou passar por determinada situação. Você ainda está na posição de vítima, com o dedo apontado para o outro. Porém, por mais que você tenha sido machucado e que o outro esteja realmente errado, somente a autor responsabilidade pode te libertar. Por isso eu te convido a dar um passo adiante: liberte-se da raiva e do sentimento de injustiça, pois isso é o que sustenta a ideia da vitima. Isso é somente um microfragmento da realidade - é apenas uma história. Você não é o corpo e nem o ego. Comece a perguntar "porque precisei passar por isso?". Dessa forma você dá um passo rumo ao real.
Muitas vezes, sem saber, somos assombrados pelos terrores dos nossos ancestrais. Somos influenciados pelas feridas de humilhação, de exclusão, de abandono que eles viveram.
A dor gerada por esses choques pode reverberar por gerações.
Então, às vezes, sofremos sem compreender o motivo. Não podemos compreender e nem fazer a relação de causa e efeito.
Essa dimensão do nosso psiquismo é chamada de ‘transpessoal’, pois está além do ego e da biografia, mas ela ainda nos influencia intensamente.
Muitas vezes, nossos ancestrais estão presos em quadrantes da consciência, sofrendo e aguardando cura através de nós.
Eles esperam que alguém da sua linhagem parental amadureça o suficiente para iluminar as dimensões do amor capazes de quebrar as correntes que os mantém aprisionados.
A crença de que a felicidade depende do outro está por trás de todos os problemas de relacionamento. Essa é a raiz do sofrimento nas relações humanas. Por isso, se puder voltar-se para dentro e finalmente buscar a felicidade no lugar certo (em si mesmo), você estará contribuindo não somente para a sua própria evolução, mas para a evolução do ser humano como espécie.
Você não explica o amor, mas tem notícias de que algo assim existe; E é isso que dá sentido para a vida humana.
A experiência da liberdade e da unidade somente é possível quando você pode realmente seguir o seu coração.
A essência do ser humano é o amor. Mas, por conta dos choques de abandono, exclusão, humilhação e rejeição, nos esquecemos de amar e aprendemos a odiar. Por isso, tenho dito que nosso principal trabalho não é aprender a amar, mas sim desaprender a odiar.
A partir da imaginação, construímos imagens, criamos expectativas e enxergamos no outro tudo, menos aquilo que ele é de verdade. E isso pode ser qualquer coisa, menos amor.
Tenha sempre em mente que, quanto maior a agressividade, a arrogância, ou qualquer outro mecanismo de defesa, maior é a dor que aquela pessoa possui dentro dela. Eu acredito que crescemos espiritualmente quando nos abrimos para amar até mesmo aqueles que nos incomodam. Essa é a grande aventura da vida.
Sem honestidade só é possível crescer no mundo material (se é que podemos chamar isso de crescimento). Alguns chegam a construir impérios com base na mentira, mas tudo o que é construído sobre fundações de mentira – fundações irreais – está fadado, em algum momento, a desmoronar. Tudo que nasce da mentira é ilusório e temporário; tudo que nasce da verdade é real e eterno.
Você não precisa conquistar o mundo para ser feliz. Você pode ser feliz agora, mesmo sem ter conquistado o mundo.
Enquanto adultos conscientes, o nosso trabalho é resgatar a inocência perdida, a espontaneidade e a pureza da criança em nós, pois assim poderemos resgatar também a alegria e a leveza de viver.
Sempre temos a escolha de cultivar o sofrimento ou se aproveitar a situação para crescer e nos libertarmos dele. Essa escolha depende da nossa maturidade e disposição para tomar as rédeas do nosso próprio destino.