Special (série)
Estou no limbo. Tipo… Não sou fisicamente apto para o mundo normal, mas não sou deficiente o bastante pra ser da nata da fisioterapia.
– Certo, pessoal, prestem atenção e morram de inveja da Kim. As publicações dela têm mais sucesso. Por quê?
– Porque sou fodona, talentosa e mudei a forma como falamos dos nossos corpos. Não esquece, meu bem.
Escuta, escrever coisas pessoais é assustador, mas pode ser cicatrizante. Você toma posse daquilo, e ninguém pode tirar de você.
Mãe, eu preciso me desafiar. Ser uma mulher independente. Imagina se o carro tivesse me matado. (...) Quero dizer que meu obituário teria sido um tédio!
– Por que não escreve sobre sua deficiência?
– Não. Escrever sobre a paralisia cerebral (PC)? Você não entende. A PC sempre foi
o prato principal na minha vida e era pra ser só o aperitivo. Ou melhor, tinha que ser retirada do cardápio.
– Sua deficiência é parte de você. É o que te torna...
– Especial.
Seu artigo sobre o atropelamento ainda está bombando. Talvez pudesse se machucar de novo. Nada grave. Uma costela quebrada? Brincadeira. Não conte ao RH.