SouzaSouza

"Na minha terra ser menino era buscar na arvore a forquilha e fazer estilingue, fazer arapuca.
era correr atras de galinhas, e coriscar com o bufar da vaca.
era andar no meio do pasto, escalar cupinzeiros, afrontar Quero-queros.
era passar a tarde no açude e se gabar com o lambari no anzol.
na minha terra existe o limite; e um, só é um, quando termina o outro.
A minha terra não toma um homem pelo seu bigode,
mas fecha acordo na força do aperto de mão."

"Dica de todos os dias,
Deleite-se em sua ociosidade julgando a si mesmo e verás que, bater o pó do seu joelho é muito mais satisfatório que delatar o pó nos joelhos dos outros"

não me entristecem os homens, mas acho asco em certos espécimes
que por condição ou escolha desafortunam-se como proliferadores da maledicência.
fadados à covarde sina do manifesto oculto,
sem colhões de ofertar a face a cargo de sua purulência verbal.
estes não me compadecem e não mais me infeccionam.

E SOBRE TUDO VOS DIGO...
" ACIMA DE QUALQUER VERDADE IMPERA A PARTICULARIDADE DE CADA UM. E EU ME ENCONTRO VERDADEIRAMENTE FARTO DE 'VERDADES' CRONOLOGICAMENTE INCOERENTES AFIRMADAS POR SEUS PROFERIDORES." TROCANDO EM MIÚDOS QUERO DIZER QUE EXISTE UM ABISMO INFINITO ENTRE SE AFIRMAR MATURIDADE E EXALAR MATURIDADE. TAL QUAL A TODOS OS RACIONAIS VIVENTES SOU ERRANTE, PORÉM GRATO POR ESTA CONDIÇÃO. SOU DECISÓRIO EM CADA ATO POR MIM PRATICADO E A MINHA VERDADE ME BASTA, TENDO EM VISTA A CONSTANTE MUTAÇÃO INTELECTUAL COM A QUAL EXISTO. MINHA ESSÊNCIA É UNICA E INDISCUTÍVEL, PORÉM CONDIZENTE COMIGO, E MEU PENSAR É INCONTESTAVELMENTE TRANSITÓRIO, MAS PLENAMENTE CÚMPLICE DE MINHA ESSÊNCIA.

sou do campo,
sou do mato e sou da terra.
sou do céu cristalino de estrelas
e pirilampo nas noites sem lua.
sou da roça, do fogão a lenha
e da vela alumiando a historia.
sou do sitio e arreio em madrugada,
e sou dos pés descalços na grama molhada.

A DOR DO RENASCIMENTO AS VEZES, É TÃO AGUDA E PRAZEROSA QUE SE TORNA INCOMPREENSÍVEL...
ATÉ MESMO ÀQUELES AFLIGIDOS POR ELA.

Meu desejo é ser mais incisívo, mais preciso.
não posso, pois carrego nas mãos a responsabilidade de um destino.
queria poder gritar, mas me incomoda o fato que todos saibam o que penso.
queria poder mostrar-te, temo que enxergues na bela e tranquila face do amor, os traços rústicos de um monstro.
e te espantes com não saber sobre o que existe!

"meu jardim estava sem vida, ressequido e triste por minha ausência.
percebi que há tempos não sentia o perfume de minhas flores, outrora meu fôlego de vida.
Quando dei por mim, havia trilhado por outros caminhos, que me lançaram longe de onde deveria estar!
Dediquei então todos os recursos, tudo que havia em mim para encontrar novamente o caminho de volta ao meu jardim.
Quando enfim cheguei, tratei de socorrer minhas flores, retirar as ervas daninhas e podar os galhos afligidos por meu descuido.
E enfim voltei sentir as notas de seu perfume, aquele mesmo de outrora, meu fôlego de vida"

Felizes são os sabedores da palavra e dominadores de tal poder.
Bem aventurados aqueles que a tomam por sua pacificidade harmônica
e candura. E piedade àqueles que a inflamam, deturpam e tomam-na
por arma, adaga que fere o próximo. Sangrar uma alma, qualquer alma,
não frutifica em nada além de cicatrizes e marcas eternas em si mesmo!
Por sorte, esta ampulheta em que se resume a existência terrena,
como um oráculo, oferece ensinamentos aos dispostos. Contudo as cicatrizes trazidas pelas duas pontas ferinas de uma mesma lingua, serão sempre o algoz de seu proferidor. Para não mais tornar a fazê-lo.