Sonia Quartin
Palavras borboletas:
Às vezes, as palavras me seguem;
Me perseguem, me encontram,
E me encantam como pequenas borboletas
Sobre flores.
Chegam assim, de repente,
Em meu jardim de sonhos.
E, borboletando, travessas, elas pousam
Em minha mente.
Solitárias às vezes…
Às vezes aos pares, similares…
Casadas… Iguais… Confusas…
Como imagem no espelho refletidas.
Às vezes, atrevidas
Chegam em bandos,
Coloridas… Agitadas…
Brancas… amarelas… azuis…
Ensolaradas e belas. Cheias de luz!
Então, abro todas as janelas
De minha imaginação despovoada
E deixo que repousem cansadas,
Dobrando suas pequenas asas,
Na poesia empoeirada de meus versos.
Se queres saber de mim,
Não me perguntes de planos e desejos.
Apenas se sente, assim aqui e agora,
Ao meu lado onde, mendigo de seus beijos,
O meu silêncio mora.
E o meu silêncio vai te fazer uma proposta:
Vivermos juntos este encantamento.
O futuro? Que sei eu dele, meu amado?
O futuro eu viverei de um passado
Vivido como agora.
Então, assim, a sua mão
Sem querer e já querendo, segura a minha
Em silêncio.
E, em silêncio,
Vamos viver este momento.
O resto é nada.
Queria ser
Cerejeira rosa
Alta e frondosa,
Enchendo o chão de sombras
E os galhos de passarinhos
Que nela, aos pares,
Construíssem ninhos,
Lançando aos ventos
Sonoros pensamentos.
Então, a minha sombra
À tarde, abrigaria namorados
Trazendo juras de amor
Tão puras e ternas
Que parecessem eternas.
Como as flores rosa
De meus galhos.