Solitária_75
Esquecido
Eu voltei sem nunca ter ido,
Escutei muitas pessoas,
E no fim fiquei com meu colação partido.
Estive muito perto,
Mas sempre muito longe,
Por isso fui esquecido.
Sempre aqui,
Sempre ao seu lado,
Não sei como você não tinha me notado.
Tanto tempo,
Por quê a censura?
Teria sido eu, o seu mero passatempo?
Senti raiva,
Fui de certa forma ignorado,
Mas talvez isso não seja errado.
São apenas sentimentos,
Apenas sentimos,
Não controlamos.
Estou cansado,
Isso é tão exaustivo,
Sinto que já estou até debilitado.
Anjo
Todos diziam que eu estava errada,
Mas na real estava "cega", por não percebi,
Que estava me afogando nas minhas mágoas,
E que o meu próprio veneno bebi.
Pra mim ninguém ligava até você aparecer,
O meu anjo de asa quebrada,
Que foi o único que me fez perceber.
Você me fez um grande favor,
Mas eu não tive tempo de te gradecer,
Pra mim você tinha um grande valor,
Por isso ao céu eu quis te devolver...
Moço da Esquina
Lá estava ele,
Com o cigarro e o isqueiro na mão,
Como um tiro certeiro,
À atingir o seu pulmão.
Não digo nada,
Aliás isso não me corresponde,
O moço lá da esquina,
Fumava e pensava longe.
Ao passar ao meu lado,
Uma leve tossida tirar de mim eu conseguia,
E logo olhava de volta,
Pra ver se ele percebia.
Lá ele sempre estava,
Com o cigarro e o isqueiro na mão,
À observar na frente aquele muro,
Cheio de pichação.
Eu não compreendia,
O motivo de tanta solidão,
Ao estar sempre, todos os dias,
Com os olhos cheios de escuridão.
Mas com tudo isso,
Mal eu sabia, que era apenas impressão,
Pois ao atravessar a rua,
Notei a sua simples expressão.
Barba Branca e chapéu na cabeça
Triste olhar com os olhos caídos,
Com os sentimentos todos perdidos,
E lá eu estava, como uma simples criança.