Sofia Leal
A magia da sorte é fácil de concretizar: cozinham-se meia dúzia de feijões e depois costuram-se os feijões uns aos outros até a sorte ficar do nosso lado.
Existe um amor que é um vale verdejante onde nós dois damos as mãos dentro de um barco de madeira, a madeira arde com a nossa união.
Atormentada vou fazendo todas as questões, sou artista que até pergunta sobre a cor das framboesas, pergunto: porque são tão saborosas?
Perfeito jogo de damas entre uma rena desvairada e um Pai Natal voador dançante: as peças quase não caminham de tão desnorteadas.
O teu horizonte em forma de furacão apanha-me com a sua cana de pesca e transformo-me num peixe verde teu.
Não me vou livrar disso - dessa mentira envenenada dos venenos que podem aniquilar-nos - queria estar na minha Primavera e o céu ser apenas azul claro.
Vida minha doce docinha aparece com uma sobremesa-pudim-jocoso, anima as festas todas, recheia-te de tudo aquilo que fizer sorrir.
Uma questão de sabor a chá verde queimou-se com o chá, entornou-se, molhou tudo em volta e descobri um tesouro.
Existe no meu estômago uma coleção de efeitos visuais, as cores correm estômago acima, estômago abaixo e a plateia canta de aplausos pois enlouquece com as cores flasharem tanto.
Imã meu vai buscar as ovelhas, elas demoram-se, precisam de ir dormir e sonhar com a manta quente das estrelas.
Há mar e mar, os Nossos mares remexem as areias fundas, descobrem os nomes dos peixes e surripiam a cor mansa do céu.
Adiciono dois pensamentos: a vida é passada a ferro para não ter tantas rugas, as rugas desaparecem para nós sermos sempre juventude.
Tenho insetos gigantes no interior do sangue, eles são os instrumentos que rodam à volta dos órgãos principais e os tornam letais.
Ouve, ouve minha árvore, aquela árvore onde se levantam as folhas cor-de-rosa que decoram a floresta e os Nossos olhos.
Uma canção só Nossa que se rebola pelas ervas sempre daninhas e faz descobertas sobre os escaravelhos que cantam a sorte do Amor: cantemos também.
Um som malandro ri-se chamando o nome do meu gato desvairado, és preto e branco, de bigodes pareces um senhor.
Uma crispação cheia paixão foi de piquenique para os montes, caçou ervas a tarde toda e bebeu uma groselha acompanhada de ervas.
Sofri horas de frio, a ponte estava fechada e ninguém chorava por mim, eu chorava tiros de lágrimas pois elas saíam à força pelos meus olhos.
Salvar-me...pensei mas logo desisti...sempre existiu demasiada dor em muitos anos de terror...quero sair deste mundo tão diferente de mim...salva-me
Sou jardineira de trepadeiras, elas gostam de subir as casas singelas pois brilham nelas diamantes e ladram poemas do negócio do amor.
A Rena Arles estava a caçar chuva na floresta de Paris, baixou o seu chapéu-de-chuva porque pressentiu algo brilhante: era um tesouro de berlindes, então vendê-os e comprou um champô especial chifres oleosos.