Sofia Goulart
Faz um mês que sinto teu cheiro
Te trago em meus braços
E te alimento em meu seio
Faz um mês que o sono não tem monotonia
Ha algo novo todo dia
E a casa nunca está vazia
Faz um mês que a ansiedade terminou
Que enfim você chegou
E fez maior minha alegria
Faz um mês
Toda espera valeu a pena
Numa tarde tão serena...
Já faz um mês,
nasceu a minha Elena.
Neste brando inverno
Nosso amor floresceu eterno
Em descendência e vida
Nos regalou essa flor querida
De alma tão serena
A nossa doce Elena.
Uma escada escarlate
de inconstantes degraus e sonhos de prata
Onde o vento passeia
E um silente poeta
Seus sentimentos semeia
Não são leves os laços a unir os que se amam.
Lado a lado no absurdo e perpétuo exercício de sincronizar seus ritmos.
Isento de impossível e pleno de esperança
O coração veia por veia se derrama,
Hora mais fria, hora fervente
A cata de si mesmo e do que é chama.
Tudo o que pôde foi dito.
Em palavras, notas e olhares.
É tudo um misto de silêncios e ruídos.
Tu que conheces o eco interminável do pulsar que canta o verso
Da fina linha melódica em que o Criador supremo nos inseriu como clave e figura.
O tempo e a vida passam dilacerando o ar
Sem jamais calar o instinto tão distinto desses dois mundos
Tudo o que pôde foi dito
No silêncio, na calada, no infinito.
Para além das grades entre a linguagem e a luta.
Deixa-te embalar, como eu me deixo cantar,
e a este acalanto chamaremos Nós.