Simony Thomazini
Peço desculpas por chegar atrasada. Andei ausente eu sei. Percorrendo caminhos errados. Escolhendo atalhos errados. Desculpe-me por chegar até você tão cansada e tão fraca. Mas digo que foi preciso estar longe. Eu não saberia tudo o que sei agora. Precisava me encontrar antes de te encontrar, precisava deixar que o ar puro entrasse novamente em meus pulmões. Precisava me desapegar de tudo que me fazia mal. Precisava até enlouquecer, como de fato enlouqueci. Precisava ir até o auge de minha loucura e perceber o que é real e o que é fantasia, pra então poder perceber o que quero de verdade, o que quero esquecer e o que quero lembrar.
Estou aqui agora, ainda cansada e um pouco fraca mas o mesmo tempo cheia de vida e vontade de realmente estar aqui. Não pude estar contigo antes, mas agora e como em nenhum outro momento da minha vida tudo se tornou claro e definitivo. Espero que perdoe minha ausência e me permita estar ao seu lado de novo e assim possamos reviver o sonho que ficou guardado
Faz algum tempo que você bateu aquela porta. Porta esta, que eu abria sempre com um sorriso, mesmo que por algumas vezes meus olhos denotassem tristeza e sentisse uma estranha dor... Mas nunca deixei que soubesse... Seria um aviso? Não sei. Hoje sento e choro diante dessa porta fechada e que aos poucos tornou-se também, sombria. Onde errei? Onde erramos? Sinto-me impotente ao me fazer essas perguntas e no chão permaneço. Estou presa em lembranças. Por vezes ouço vozes. Vejo a maçaneta girando... Ilusão. Alucinação. Mais um pesadelo. Só há uma pessoa que poderá abrir essa porta de novo. Ao pensar nisso, uma lágrima escorre. Decidida, levanto-me e abro-a e num ímpeto rápido a fecho de volta prendendo toda e qualquer lembrança. Aqui fora faz sol e a vida segue
Faço as compras. Pinto as unhas. Visto a melhor roupa. Me "encho" de livros e fico culta. Vou a Igreja. Faço inglês, francês. Viro poliglota. Me olho no espelho e não tenho coragem de sair de casa ao seu encontro. Travo. Quem sou eu? Quem me fiz pra você? Me questionei antes? Não sou da engenharia mecatrônica. Não preciso me desfazer e me refazer pra você. Hoje não vou com você a lugar nenhum, desculpa. Só saio de casa no dia em que eu mais você, formos dois. Essa coisa de UM não existe. Paciência meu bem, eu anda vou ser sua, mas antes preciso que você me aceite sua!
E se tudo fosse uma miragem? Se nada disso fosse real? Se todo sentimento acumulado for mentira? E se você me fizer sofrer? Ela não se conteve e o sufocou com perguntas ininterruptas. Ele as ouviu silenciosamente. E depois perguntou: "Acabou?” Ela o olhou fixamente. E depois fechou os olhos. Disse a ela: "Vou dizer uma só vez, uma só e ouça bem. “Se isso for miragem, eu sinceramente quero permanecer nela. Se isso não for real, o que me diz quando a toco? Se esse sentimento for mentira, estou em sérios apuros, porque vou sofrer também. Posso não saber do futuro, mas te digo que escolhi você pra construir presentes. Não tenha medo de ser feliz. Não tenha medo!”
Pensei em uma palavra, uma frase algo que definisse isso. Isso que tá aqui gritando, sufocando. Mas, nem o dicionário seria capaz de definir. Não. Você. Você é tudo. Piegas, clichê, mas você é tudo. E quando você surge, o resto desaparece. Eu juro que queria que isso não fosse verdade, mas não posso. Você é tudo e que droga, mas você é tudo. Tudo. Não sobra nada, não há vida onde você não esteja.
Eu queria entender esse seu olhar. Juro, eu queria! Você me olha e me ama, como nunca fui amada antes. Mas quando fala, sinto o ódio por todos os poros da sua pele. Não entendo. Porque me ama, se me odeia? Ou seria, Porque me odeia se seus olhos revelam amor? Não entendo.
Palavras, olhares. Não há muito sentido nisso, não há lógica qualquer pessoa diria. Ou me ama, ou me odeia. Esse jogo não me interessa mais. Quero o inteiro, não a metade. Ninguém é feliz com metade. E metade por metade prefiro o nada. Que nada causa, nada perturba, nada, nada.
As promessas ficaram sobre a mesa. A conversa também ficou sobre a mesa. Atirei meu coração sobre a pilha já feita. Num ímpeto a mesa virou. Não sei se foi a minha ou a mão dele, mas não importa agora. Não existe mais. Pertence ao chão agora. E logo mais, ao nada!
-" Venha sem chão". Que eu já conheço todos os caminhos possíveis dessa parte. Quero o que ainda não conheço. Quero mudar o ciclo. Inverter os fatos.
Reservado, incólume ao abrigo de todo e qualquer perigo, destemido de guerras aí está ele: Meu coração. O único que diz quem eu sou e para onde vou. Com algumas sequelas, mais ainda 'ele'. Coração, deve ser tradado com coração num trocadilho simples e mágico assim. Sem mais.
E hoje ao ver você passar por mim, e a vida entre nós, percebo o quanto a sua presença já não mais "causa", virou "coisa" e coisa meu bem, eu desconsidero.
Coleciono tristezas, fracassos, promessas não cumpridas, dizeres abstratos. Coleciono uma vida de desilusões. E chega um tempo que a coleção fica completa. Esse tempo chegou. Minha coleção de tristezas e desilusões está completa. Qualquer que vir agora, será REPETIDA!, logo, descartada. Não há mais espaço pra nada parecido. Tem que ser diferente, precisa ser diferente. E sou eu quem ditará as regras de meus novos fracassos, minhas novas desilusões. Eu determino quem entra e quem sai. Quem faz morada. A felicidade é minha, e não dos outros. Minha coleção será refeita, totalmente. Porque eu quero mais, porque a vida muda e eu mudo junto com ela.
Tem dores que eu não gosto de nomeá-las, pois elas me lembram aquilo que eu ainda não consigo esquecer. Uma delas: Saudade.
Continuo amaldiçoando você todos os dias antes de dormir, pra que um dia sua alma se canse de se conectar a minha.
Há palavras que desconsertam. Outras subentendem. Outras ainda escancaram. O poder da palavra a gente vê quando ela está no poder. Palavras. Apenas palavras. Mas capaz de mudar todo o resto.
Diante das blasfêmias ditas, sussurradas, continuo viva.
Não como mera sobrevivente, mas quase como uma heroína. Palavras me apunhalavam pelas costas. Sentira seus estúpidos efeitos sobre minhas costas frágeis e cambaleantes. Não ousei virar-me. Senti o frio assolar-me por completo. Palavras, tantas palavras, tanta sujeira. Embriaguei-me e entorpeci com o peso descomunal de tantas palavras. Não sucumbi. Não caí. Aguentei. Torturam-me violentamente e sarcasticamente. Minhas costas meu domínio sobre o mundo. Atlas não era nada diante do que eu fui. Diante de quem me tornei. De todas aquelas palavras, do vocabulário esperto e doentio permaneci inerte. Aprendi a usar o escudo só quando de fato preciso lutar. Minha cara está exposta assim como minhas costas. Tenho um espírito livre que aprendeu voar. Ali, mal algum consegue chegar. Ali, e só ali eu vivo!
Eu te falei pra não confiar. Te falei pra não cair nessa de novo. Você nunca me ouve. Ou ouve, mas ignora. Nada aconteceu além do seu prévio conhecimento. Nada é novo e tudo é novo ao mesmo tempo. Você sempre cai nas mesmas e bobas armadilhas, e tudo é novo porque a cada queda uma nova dor surge.
Estúpida! Quantas vezes serão o suficiente para você parar de vez?
Vai precisar sangrar?
Vai precisar tirar pedaços?
Eu não agüento mais te ver assim. Coração bobo eu não sou, mas você me rotula assim por conta própria.
Um dia você vai me ouvir, vai parar e com certeza vai ser tarde. Nisso tudo eu que sofro, eu que sangro quietinho aqui no escuro e frio de ti.
Um último apelo: Saiba me ouvir mais e se me perder nas mãos de quem você não merece saiba, por favor, me encontrar de novo. Os caminhos nunca mudam. Apenas siga os sinais que sempre te dou todos os dias da sua vida a cada batida. É só parar, silenciar e escutar.
To indo embora sim e dessa vez sem me despedir que é pra que o tempo passe depressa apague e esqueça desse adeus. E a vida continue como deve ser...
Quero esquecer tudo o que devo esquecer, para poder me lembrar que ainda estou viva, que ainda posso amar de novo, que ainda posso ser feliz.
Estou naquela fase azul, mas não me julgue porque até Picasso teve uma fase azul.Vinte e poucos anos blues. Pertenço aquele clã de mulheres em pleno desassossego. Quero o máximo das coisas. Quero a palavra certa no momento certo. Nada de dúvidas. Nada a ver com trivialidades. Poupe-me do convencional e do politicamente correto por favor! Quero o avesso. Quero alguém que me faça parar. E ainda assim fazer tudo rodar. Quero o caos e a cura. Poupe-me de tudo que me deixe no chão. Não quero paz, quero revolução. Porque só revoluções fazem histórias.
Inescrupulosa. De coração frio e sem afetos. Insensível. Intransponível. É, talvez eu tenha me fechado mesmo. Talvez eu seja aquela garota que todo garoto quer fugir e tem medo. Talvez essa seja eu. Vagando num mundo de gelo. Atirando bolos de neve em todo e qualquer homem que ousar... Essa talvez seja eu. Mas eu não era assim, me tornei assim... Tranquei a porta desde então. Me desapeguei do castelo e das princesas com seus finais felizes. Não quero mais essa utopia. Quero apenas o que for verdadeiro. Apenas. E nada mais. Nada.
Há verdades que calei dizendo. Há sorrisos que conquistaram a face, mas não chegaram ao coração. Quantos "sim" ditos, quando tudo o que queria era dizer "não". A educação não se compadece da minha alma, que dia a dia adoece. Minhas verdades, minhas mentiras, meus "sim", meu sorriso forçado se desfalecem em plena luz do dia. Nego a verdade, escancaro a mentira. Em troca do que? Meu sangue derramado em praça pública. Meu coração atirado a rua. Em troca do quê? Doses homeopáticas de um lento suicídio dia após dia apelando por paz. Bandeira Branca. Chega. Não há ninguém do outro lado. As paredes do meu quarto nunca foram tão brancas, e o alívio nunca foi tão verdadeiro. Paz.
Ando angustiada demais comigo mesma. Sacanagem minha mente insiste em repetir. Sacanagem você querer tanto, você desejar tanto, você se ferrar tanto! Não, infelizmente as expectativas sempre acabam por sufocar a realidade. Ando angustiada demais com todo esse pudor, com toda essa defesa, com toda essa besteira de se fechar pra não se ferir, pra não se ferrar e no fim, você se ferra do mesmo jeito. A realidade é cruel, e é piegas mesmo, clichê e o ciclo quase sempre se repete..Sacanagem! Sacanagem dessa vida que nos leva do céu ao inferno em segundos. E a gente nunca se acostuma com isso porque tem uma “maldita” esperança que te consome e te faz pensar que da próxima vez vai ser diferente. E repetir isso só confirma a premissa que não vai ser diferente. Só vai ser diferente quando você não estiver esperando nada, absolutamente e absurdamente nada. Então, quer saber? A partir de hoje parei de me consumir, de desejar. Serei coadjuvante de minha vida por livre e espontânea vontade. Chega uma hora que atuar muito cansa. E eu cansei.
O que me deixa indignada não são os olhos inchados, nem a ausência, nem a indiferença, nem o torpor em não sentir mais nada. O que me indigna são os dias azuis, as alegrias cultivadas e os sorrisos frequentes que de repente desapareceram. Não me peça pra entender. Não me peça pra racionalizar minhas emoções, porque eu não consigo! As vezes as coisas simplesmente "são" e não podemos nos questionar... Algumas coisas boas ,por alguma razão se vão. Talvez seja um prelúdio de que algo melhor irá acontecer. Esperança não é só uma palavra bonita. Ela existe pra quem verdadeiramente acredita nela. E eu acredito.
Me tire daqui. Me leve pro teu universo particular. E mais: Me faça ficar, sem querer fugir. Andei fugindo tanto.... Essa vida de indas e vindas não me satisfaz mais. Me faça ficar. Me dê motivos pra ficar e nunca mais querer fugir. Me faça parar de correr. E eu prometo ficar e em troca te dar meu bem mais precioso: Meu coração.