Simone Caixeta
Sonhos
Sonhos.. eu tenho muitos sonhos! Não os sonhos noturnos, quando estamos adormecidos, esses também eu os tenho, os sonhos acordados, de realizar algo, de ser alguém, de conquistar algo; é justamente desses sonhos a que me refiro. O que é sonhar afinal de contas? Sonhar nada mais é do que fazer planos, planos para o futuro. O que quero ser quando crescer? Essa foi e ainda é a pergunta mais feita ás crianças. As respostas são as mais variadas. Porém é essa resposta que determina nosso primeiro sonho: o que quero ser quando crescer? . Ser alguém, ter uma profissão é um sonho. Diante desta pergunta ai sonhamos, e criança sonha.. como sonha, sonhos possíveis e impossíveis. Sonhos de ser médico, dentista, veterinário, engenheiro, etc, e ainda os mais inusitados, ser atriz (ator), cantor (a), modelo, pianista, bailarina (o), etc.. Nos sonhos tudo é possível. Neles esquecemos que para ser, primeiro temos que ter a aptidão, que para realizar, temos que ter o subsídio, o recurso para tal.
E quantos de nós já sonhamos com algo inatingível? Ou algo que dificilmente se realizará? Sim sonhos impossíveis todos nós já tivermos. Então devemos parar de sonhar? Abandonar esses sonhos? Sonhos, devemos sempre tê-los, e os mais variados, sonhos que se realizarão ao curto, médio e longo prazo. Mas estagnar em um só sonho é tolher as oportunidades de realizar sonhos possíveis, realizáveis. Não abandonar um sonho que não é realizável é pura tolice, perda de tempo.
Se sonhos são planos, eles estão constantemente mudança. Mudam porque nós, os detentores dos sonhos, estamos em constante mudança. Como disse Raul Seixas: “eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, a ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, estar em transformação, mudar de opinião, faz-se necessário ao nosso crescimento. Mudar, abandonar velhos sonhos, ou pelo menos adormecê-los, e refazer novos, criar novos planos é a chave para ser, realizar algo.
Sonho é o combustível da vida, é o alimento da alma, é o “motor de arranque” para a concretização de algo. Quem não sonha é uma alma vazia, uma pessoa sem perspectivas, sem objetivos! Sonhar é necessário para seguir!
Sua majestade.. O sol!
É verão.. sol ardente. Entres tantas caminhadas pela manhã na praia, com o mar aos meus pés, observei vários alvoreceres. O sol nasce, ou melhor, aparece todos os dias - aparece porque o sol é o mesmo - mas a cada dia aparece, brilha numa intensidade, de um jeito. Há dias que é forte, resplandecente, escaldante, outro tímido, apenas um leve clarão. Ás vezes é ofuscado pelas nuvens, outras ele brilha e se esconde. Assim é o sol...
Fiquei pensando no sol.. Olhando daqui, da terra, parece um “bolinha brilhante”. Mas o sol não é apenas uma "bolinha brilhante", é a estrela central do sistema solar, responsável por 99,86% de sua massa. Possui uma massa 332 900 vezes maior que a da Terra, e um volume 1 300 mil vezes maior que o do nosso planeta. Está a 150 milhões de quilômetros, e ainda sim, a ínfima parcela de luz e calor que efetivamente alcança o planeta — em vez de perder-se em outras direções no espaço vazio — é suficiente para dar vida aos organismos e movimento aos oceanos, ventos, florestas, etc. Imponente não? Não é a toa que o chamamos de astro-rei!
Se o astro-rei brilha é o senhor todo poderoso, por que deixa ser ofuscado? Por que cede seu brilho a outras estrelas? Por que não reinar sozinho? O sol o que tem de brilho, tem em sabedoria. Ele, do alto da sua majestade, empresta seu brilho, deixa se ofuscar. Ele sabe o brilho dos outros não tirará o seu. Sabe que sua maior majestade não está no brilho, mas sim no seu calor, no seu poder de dar vida. Ele sabe que assim como todos necessitam do seu calor, necessitam também do frescor da água, que ameniza seu calor. Ele sabe que se imperar sozinho, ao invés de vida, proverá a morte. Por isso ele se ofusca se comede, quando necessário. Sabia natureza: uma perfeita simbiose!
Que aprendamos com o astro-rei: sermos majestosos, magnificente, singelo e modesto. Somos majestosos por essência, dotados de singularidades e faculdades excepcionais. Que saibamos fazê-las brilhar, porque talentos nos foram dados para brilharmos. De que vale um talento engavetado? O sol não se declina a sua incumbência: dar vida e brilho a outros astros.
Então que brilhamos, com sabedoria, em perfeita simbiose com tantos astros, ora em doses comedidas, ora em overdose. Que brilhamos! Que nosso brilho dê vida, energia para outros, que não os ofusque, e nem lhes cause decesso! Só assim nosso brilho será profícuo!
EXPERIMENTE...
Há momentos que a vida nos coloca em uma encruzilhada, nos cobra decisões... escolhas ás vezes nada fáceis. E nessas escolhas sempre há perdas e ganhos. Não se ganha sempre, sempre perdemos algo. Se nas pequenas decisões já surgem dúvidas, nas grandes não seria diferente, pior, proporcional a sua complexidade. A vida nos impõe constantemente escolhas, desde o que vamos comer até o que seremos. Se a vida é feita de escolhas, somos nada mais do que frutos de nossas escolhas.
Tomar grandes decisões, fazer escolhas cruciais, requer determinação e acima de tudo coragem. Coragem para perder, coragem de pisar em campo minado, coragem de arriscar, coragem para errar, coragem para ganhar sabe-se sei lá o que. Porque o fruto de nossas escolhas nem sempre pode ser o ideal.
E nesse momento crucial, nosso íntimo é inundado de dilemas, de incertezas. Fica sempre aquela pergunta: será que vai dar certo? São tantos serás... e só saberemos como será qualquer situação, se passarmos por por ela. Então é experimentar, é tentar... e se na tentativa der errado, se nos ferir, lembre-se: este é o preço da experiência, da certeza e da sabedoria. Se der errado não culpe-se, faça da experiência um aprendizado. Felicite-se por ter aprendido. Recomece... pois a vida está sempre nos aportunando com novas encruzilhadas, novas escolhas e novas decisões! Experimente...
SAUDADE...
Saudade, saudade, saudade, é bom ou é ruim de sentir? Saudade dói como diz a frase “quem inventou a distância não conhecia a dor da saudade”, mas tem que doer? O que é saudade afinal? De que sentimos saudades?
Sentimos saudades de tudo. Sinto saudade do tempo de menina, do tempo da inocência, da falta de compromisso, das brincadeiras de rua, amigos da rua, rua qual crescemos juntos, da casa dos avós, dos tios, dos primos... Ah como é bom lembrar a casa dos meus avos, onde tudo era permitido, do sabor da comida caseira: molho de batatinha com linguiça, bolinhos de fubá, o macarrão e o doce de manga da vovó, isso dá muita saudade. Saudade da família reunida, das festas de final de ano, na qual nós, primos, tios e pais e avós, bebíamos, comíamos, jogávamos baralho (truco). Saudades das cantorias, rompíamos a madrugada, soltávamos nossos talentos, que nem era tanto talento assim. Oh como isso dá uma saudade. E com o tempo passa ser saudade da casa de nossos pais, porque esses agora já são os avós.
Saudade dos amigos que aos poucos foram partindo e se perdendo no tempo e na distância. Afinal cada um segue sua vida, seu destino. Saudade do tempo em que brincávamos na rua, sem perigo eminente, até ao anoitecer: queimadas, vôlei, licença beti (conheci essa brincadeira por esse nome, nem sei como se escreve), esconde-esconde, pique- esconde, passa-anel, etc.. Saudades da adolescência, o primeiro beijo, primeiro amor, as festinhas na casa dos amigos, do primeiro porre, das aventuras, etc. Saudade dos rompantes, dos sonhos da juventude, ah como sonhávamos! Queríamos tanto... tantos sonhos, muitos não concretizados. Mas tenho saudade de sonhar sonhos inatingíveis, afinal, saudade de sonhar.
Tem mais saudade, saudade de amor, essa é cruel. Saudade também do tempo em que amávamos como se não existisse mais ninguém no mundo. O rompimento de um relacionamento era o fim. Mas passa, o tempo é o senhor dos esquecimentos, esquecemos, mas a saudade fica.
Saudades, saudade de muitas coisas, se eu fosse citar todas, passaria o resto da vida escrevendo. Ops, pera ai, relendo o que escrevi então me deu saudade de novo, mas no inicio do meu texto referi uma frase na qual a saudade doe... mas não senti dor. Saudade não tem que doer. Se doer não é saudade. Porque ninguém sente saudade dos momentos difíceis, das angustias e das dores. Então saudade nada mais é a certeza de que vivemos momentos felizes. Se houve felicidade não há porque ter dor.
Mas se ainda tem dor, seja pelo distanciamento da convivência com alguém que te fez feliz, o que causa saudade, seja lá pelo que for, é porque estais vivendo de passado. Viver no passado é reviver o que não volta, é não permite ter novas saudades. Viver no passado é não entender que a vida segue, sem apagar o passado, sem deixar de sentir saudade, porque saudade é bom.
Enfim, saudade é a certeza de tivemos momentos feliz! E se “saudade é melhor do que caminhar vazio (Mario Quintana)” quem vive sem saudade vive na solidão! E eu não caminho vazio!
DISTÂNCIA NÃO É SINÔNIMO DE AUSÊNCIA
Quem disse que quilômetros é distância? Quem disse que distância é sinônimo de ausência? Quem disse que estar perto é estar presente? Quem disse, enganou-se, ou melhor, não foi categórico. A distância não é medida em quilômetros e sim na ausência de amor. Quilômetros separam corpos, mas não separam corações. Quando se ama está perto, presente, mesmo há vários quilômetros. Refiro aqui a todas as formas de amar: fraternal, maternal e carnal. Estar longe sim, mas não distante não ausente.
Da mesma forma, estar perto não é sinônimo de presença. E a prova disso é que vivemos á poucos quilômetros, até no mesmo condomínio, de pessoas e nem as conhecemos, se conhecemos, vivemos sem estarmos perto, somos ausentes. Qual de nós já não passou anos sem falar com um membro da família ou amigo, mesmo morando na mesma cidade? Quantas pessoas convivem em um mesmo lar e são ausentes um na vida do outro?
Em contrapartida, temos pessoas distantes, digo há quilômetros, que estamos presentes no seu dia a dia. Participamos de sua vida, compartilhamos dores, angustias alegrias e conquistas. A distância não impede a presença. Graças aos recursos tecnológicos como telefone, internet, encurtamos as distâncias. Quantos de nós não temos pais, filhos, irmãos morando em cidades diferentes e que se falam todos os dias, participam da vida um do outro, tomam decisões juntos como se estivesse convivendo no mesmo lar?
Estar distante não é estar ausente assim como estar perto não é estar presente! Presença se faz no coração!
Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria...
“Como pode um peixe vivo viver fora d’água fria, como poderei viver...” assim cantou Milton Nascimento. Pode um peixe viver fora d’água? Levando ao pé da letra, no denotativo, não, mas, num olhar conotativo, muitas vezes vivemos assim, “fora d’água”, anos e anos a finco. Isso acontece quando vivemos em um lugar, com o desejo de estar em outro, como se o corpo estivesse ali, mas a mente está habitando outro ambiente. Ou até mesmo estar ali, mas querer estar fazendo outras coisas, com outras pessoas. Quando não se comunga dos ideais das pessoas que o cercam, quando o programa de tv, o filme, a música que toca aqui não te toca. Viver fora d’água é não se empolgar com nenhum programa, nenhum lazer. É não achar graça de nada, até de uma boa piada. É perder a vontade de sorrir. É não sentir o paladar, mesmo quando é servido o seu prato predileto. É não ter motivação para fazer planos, é a ausência total de estímulos. É ser dominado por um sentimento vazio, oco, sem conteúdo, sem esperanças, sem futuro! Viver fora d’água nada mais é do que viver infeliz.
E ninguém quer viver infeliz. Todos nós vivemos com um objetivo único: ser feliz! A busca da felicidade é o combustível que move a humanidade – é ela que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, viajar, fazer planos, etc. Ela – a tal almejada felicidade – que nos convence de que a cada uma das conquistas, seremos felizes e assim nos dá disposição para lutar por elas.
Ser feliz é mais, é sentir prazer em estar ao lado de quem amamos, fazendo coisas simples, como assistir tv agarradinhos, ouvir uma música antiga, ir ao supermercado, preparar um o prato predileto do outro, passear de mãos dadas no final da tarde. Simples como brincar com as crianças, leva-las na praça, ensiná-las a andar de bicicleta, jogar bola, jogar vídeo game, fazer pipoca de chocolate com guaraná, tomar sorvete, montar acampamento no meio da sala, fazer cabanas de lençóis, etc. Ser feliz é achar graça em tudo, é rir do nada, simplesmente ter o sorriso estampado no rosto. Ser feliz é recordar, lembrar com prazer dos momentos vividos de simplicidade.
Se o que buscamos é a felicidade, por que insistimos em viver fora d’água? Por medo? Por comodismo? Por ser mais fácil viver na zona de conforto? Por insegurança? Não vale a pena trocar todos esses sentimentos pela arte de tentar, de mudar, de fazer acontecer? Enfrentar esse medo, romper as barreiras da zona de conforto, pisar em terreno desconhecido, arriscar, e tentar?
Vou tentar.. Sei que na tentativa, no terreno desconhecido posso pisar em campo minado e me machucar, mas vou tentar...E se me arrepender? Que eu me arrependa, mas arrependa de ter tentado, arrependa do que fiz, mas que eu não carregue, nunca, a incerteza de como seria se tivesse tentado! Por isso vou tentar... tentar ser feliz! Porque a vida anda passando tão depressa que meu medo maior é que não dê tempo de viver dentro d’água!
Uma janela.. tempo de renovação
Uma janela...tempo de renovação!
Hoje dia 28 de dezembro, após o natal e véspera de ano novo, fiquei pensando como se define esse período? Um período onde não há o que comemorar, lembramo-nos do natal e fazemos planos para o ano que está por vir. São as tão genuínas festas de final de ano.
Natal é não só a comemoração do nascimento de Jesus Cristo – um homem que revolucionou uma humanidade- mas também é nessa data que deixamos nossos sentimentos aflorarem. Natal é tempo de amor, de família reunida, ceia farta, de troca de presentes, de reconciliação, de perdão, de recordar, é um misto de alegria e tristeza. É tempo de exercitarmos nossas virtudes como a caridade, o perdão, o amor e a generosidade. É imbuído nesse misto de sentimentos que festejamos. Há também aqueles que não festejam que não reúne, se isola, mas mesmo assim o sentimento ainda subsiste.
Se o natal é tempo de reflexão, o ano novo é tempo de fazer planos. Contemplamos o futuro como uma oportunidade de fazer mudanças em nossa vida. Quantos propósitos não são feitos na noite de ano novo? Os mais diversos, dos mais simples ao mais elaborados. É bem verdade que muitos propósitos irrelevantes são estabelecidos e, poucos dias depois, são abandonados; porém, alguns propósitos genuínos são mantidos. Mas o mais importante é que nessa atmosfera, paramos nem que seja por um minuto, para relembrar tudo o que vivemos no passado: derrotas, vitórias, perdas, surpresas, sorrisos, saudades, etc.. .Ás vezes, as lágrimas escorrem, mas ai, enxugamos as e sorrimos de novo, pois se abre diante de nós uma nova janela e um novo horizonte se mostra, enchendo nossos corações de esperança. É emocionante ver o relógio mostrando o fim de um ano, contagem regressiva, o velho ficou para traz e tudo novo de novo.
E essa janela entre o natal e o ano novo? É tempo de que? De nada? Há uma janela no tempo, uma lacuna em nosso íntimo, onde ficamos inertes aos acontecimentos, onde protelamos todos nossos planos para o próximo ano. É como se tirássemos férias de nós mesmo, é como se nos colocássemos em “modo de espera”. É, sem sombra de dúvida, um tempo de descansar, de nos restabelecermos, de acalmar os ânimos, de trazer novamente a paz dentro de si. Mas acima de tudo é tempo de refazermos-nos, renovar nossas energias para a nova missão que nos propomos no ano novo: SER FELIZ!
CONTROLADORA EU?
Ontem à noite, uma pessoa me disse que sou “controladora demais”. Na hora rebati: controladora eu? Não, de jeito nenhum, ninguém controla ninguém! Mas confesso isso ficou martelando em minha cabeça. Fui para cama, tentei pegar no sono, usei todos os artifícios – ler, assistir tv, contar de ré, etc. - mas a danada da expressão não me deixava dormir, continuava ali, martelando em minha mente.
Então pensei: qual o perfil de uma pessoa controladora? Num pulo, saio da cama e abro meu notebook. Recorri ao google: perfil de controlador. Vamos ás respostas: são as que mais exercem domínio sob os outros e até, a si mesmas. Têm a necessidade de querer saber de tudo o que as pessoas fazem, geralmente as mais próximas. Ou ainda, além de querer saber, desejam e verbalizam que o outro fez, não é correto. Tentam impor, às vezes sutilmente, outras vezes de forma mais agressiva, seu próprio jeito de pensar, fazer e ser. Tudo com o pretexto é claro, que é para o próprio bem do outro. O controlador tem o desejo, muitas vezes inconsciente, que só ele sabe o melhor caminho, o que é certo. Na verdade, este comportamento pode ser facilmente identificado como nobre e afetuoso.
Nossa sou isso? É, o pior de tudo é que sou, caiu-me como uma luva. Quem me disse, foi categórico, admito sou uma pessoa controladora. Talvez meu perfil controlador esteja diretamente relacionado ao meu perfil de administrador: de equilibrar criatividade com a perspicácia, visão globalizada, construir credibilidade, ter poder de persuasão e convencimento, rapidez para adaptar-se às mudanças e reagir positivamente a elas, exercer um papel de educador e orientador capaz de modificar comportamentos e atitudes das pessoas, ter senso de responsabilidade social, estar atento às oportunidades de mercado e tomar conhecimento do que acontece a sua volta. Opa, isso não é controlar? Então administrar é ter controle.
Esse perfil eu exerço exacerbadamente sobre mim. Reconheço sou “5w2h” em tempo integral. Sei o que quero, tenho objetivos, traço metas, estabeleço estratégias e realizo. Sou focada em meus objetivos. Assim tornei-me o que sou hoje. Analisando por esse lado, sim considero positivo. Negativo é querer que as pessoas que me cercam sejam iguais a mim. Aí recorro ao “controle”, exerço um papel de educador e orientador, com todo meu poder persuasivo, de modificar comportamentos e atitudes das pessoas.
Em quantas situações vivenciei isso, com familiares, amigos, etc.. Persuadi, tracei planos, modifiquei valores e comportamentos, exigi atitude, chamei na regulagem. Em todos esses casos fui extremamente controladora: impus meu jeito de pensar e agir. E agi assim em nome de um afeto, de uma vontade de querer o melhor para o outro.
O dia já amanhecendo, e eu ali pensando: diante desse fato, restou-me rever minhas atitudes, fazer-me entender que a vida das outras pessoas, por mais que as queira bem, deve administrada por elas mesmas. Deixar que façam suas escolhas, porque o ideal para mim pode não ser o ideal para elas. Preocupar menos com os outros, agir menos pelos outros. Que cada um construa seu caminho!
Sábio travesseiro...
Sou aficionada pelas obras de Rubem Alves - psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis – cada texto dele, traz alento a minha alma em determinado momento. De todos, hoje um em especial fez-me dulcificar: O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção. Porque a vida é feita de percalços. E nessas horas o que mais nos falta é alguém que saiba “ouvir”.
Dispostos a te ouvir não faltam, até sobram, mas de todos poucos sabem ouvir. E muitos ouvem no intuído de bisbilhotar, por curiosidade, pelo burburinho. Quem não adora um fuxico? E a cada palavra ouvida, dez são ditas: “não é sim”, “você agiu errado”, “assim não dá certo” “não é desse jeito que faz”, “faça assim”, “escute o que estou te falando” etc. Outros subestimam sua capacidade de resolução e despejam-se em conselhos; “se eu fosse você faria assim”. Esses carecem aprender um ditado antigo pregado nas escolas: “quando um burro fala o outro abaixa a orelha”, á aprenderem a ouvir.
E não sei o que é pior, não saber ouvir - porque quando estão falando te tolhe o direito de falar – ou a tentativa de aconselhar. Mania que todo mundo tem de querer dar palpite na vida dos outros. Voltando aos ditados: “se conselho fosse bom ninguém dava, vendia”. Querem que tomemos atitudes de acordo com aquilo que acham certo, mas nem se dispuseram a nos ouvir, a conhecer nossa aflição, nossa dor. Simplesmente não ouviu como pode ousar a aconselhar?
Se não há ninguém apto a ouvir o meu desabafo, opto pelo silêncio. É no silêncio que me ouço, é nele que busco minhas entranhas, meus medos, minha coragem, minhas tristezas e minhas alegrias. O silêncio torna-se o meu conselheiro, pois “o silêncio é um amigo que nunca trai” (Confúcio). Qual o lugar ideal para nos encontrar com o silêncio? Sábio ditado popular: “travesseiro é o seu o melhor conselheiro”. É recostado nele, onde silenciamos a voz e deixamos no íntimo falar, são os pensamentos. O travesseiro por sua vez ouve em silêncio e quando nos cansamos, é a vez dele de falar de aconselhar. É nesse exato momento que encontramos a solução para o que há poucos instantes não tinha saída. Sendo assim, a sensação de angústia, aflição, desespero dá lugar a serenidade, a paz e a tranquilidade, e aos poucos entorpecemos profundamente. Ao despertarmos tudo parece mais fácil, simples e ameno! Sábio travesseiro!
De cristal a pedra...
A vida é cheia de trancos e solavancos. Os percalços são inevitáveis. E ela tem me dado trancos, quantos trancos... Reconheço ás vezes, não tenho a solidez necessária para suportar sem me elanguescer. Sinto-me como uma taça de cristal, que ao menor choque, trinca, se faz em pedaços. Não é fácil me manter inteira. Nessas horas o equilíbrio emocional se faz tão necessário. É o equilíbrio emocional que nos proporciona o discernimento, a sabedoria de como lidar com os problemas, pessoas, pressões, para que tenhamos total controle sobre nossas ações e reações, nos faz enxergar a “luz no fundo do túnel”.
Mas diante as adversidades como manter-se inteira? Torna-se pedra... As pedras são fortes, resistentes e duras, algumas quase inquebráveis, não são absorventes. As pedras, no impacto, podem até sofre arranhões, mas dificilmente se espedaçarão.
Estou resoluta: vou ser pedra daqui para frente. Forte, resistente e lisa. Não vou deixar me abalar emocionalmente. Que venham os trancos, os solavancos e as pancadas. Estas me arranham, doem, machucam, mas também me lapidam. Ao contrário das pedras, minhas feridas cicatrizam e são justamente as cicatrizes que faz de mim uma pessoa melhor, mais equilibrada. Ao final, aos trancos e solavancos, de tanta levar pancadas, o cristal transformara-se em pedra, uma pedra lapidada.
O AMOR É PARA OS FORTES
No hábito da leitura, dos mais diversos gêneros, me deparei um livro cujo título me deixou instigada: “O amor é para os fortes”, de Marcelo César, excelente obra, por sinal. Se o amor é para fortes, presume-se que não é fácil amar. Afinal o que é o amor? Há várias formas de amor: paternal, fraternal, carnal, interpessoal, etc. E para mim a melhor e aplicada á todas as formas é o amor incondicional, aquele que não impõe condições para se amar. É amar sem pré-requisitos, pelo simples fato do amor existir, sem exigir nada em troca.
Amar o “belo” é fácil, em todos seus adjetivos. É fácil amar o que tem forma ou aparência agradável, perfeita, harmoniosa. Que desperta sentimentos de admiração, de grandeza, de nobreza, de prazer, de perfeição. Não há quem não ame um jovem de aparência privilegiada, saudável, inteligente, estudioso e bem sucedido profissionalmente, não é? É o orgulho de toda a família, o marido cobiçado, o profissional promissor, o amigo para todas as “paradas”, etc. Á esse é fácil amar, em todas as suas formas.
Difícil é amar o “feio”. Os que têm aparência desagradável, desproporcionado, disforme. Rapazes têm uma leve tendência a desprezar as meninas que não foram contempladas com uma beleza física considerada “ideal” ou de acordo com padrões sociais e vice-versa. Os que têm desvios de comportamento, imoral, indecoroso, torpe. Quem em são consciência quer amizade ou namorar com um delinquente, viciado em drogas, alcoolista? Quantos casamentos não são desfeitos pelo fato das esposas não suportarem maridos alcoolistas, jogadores compulsivos, etc. Os que são desprovidos de boa saúde, portadores de deficiências físicas e mentais, etc. Já viu um cadeirante, um portador de Síndrome de Down rodeado de colegas? E os com dificuldades de aprendizado, considerado “burros”, são os últimos a se integrarem aos grupos nos trabalhos escolares. Que tipo de amor é dedicado aos “feios”? Quem seria forte suficiente para amá-los? Aos “feios” é consagrado o melhor dos amores: o incondicional. E poucos são os que o dedicam.
Exemplos de amor verdadeiro e incondicional são o dos pais de portadores de deficiências físicas e mentais, aceitam a condição dos filhos e cuidam com total carinho e dedicação. Pais de delinquentes, viciados, que apesar de todo o desgosto causado pelo filho não os rejeita, cuida, orienta, muitas das vezes em vão. O amor incondicional de um casal, onde muitas das vezes o marido é alcoolista, drogado, jogadores compulsivos; ou desprovido de condições financeiras, desempregado e mesmo assim a esposa se mantém companheira, cuidando, ajudando-o; situações em que um é acometido por doenças ficando debilitado, dependente, e o outro se dedica aos seus cuidados.
Sim o amor é para os fortes. Somente os fortes tem a magnanimidade de amar o “feio”. Somente os fortes são providos de amor incondicional, verdadeiro, em todas as suas formas.
POR QUE?
Quantas vezes nas horas de silêncio e recolhimento, uma inquietante pergunta brota do coração e nos vêm a mente: "por que" isso aconteceu comigo? E são muitos "por que"... nas mais diversas circunstâncias como perda o emprego, término do namoro, casamento; quando somos ou alguém próximo são acometidos por doenças graves; os acidentes de trânsito, de trabalho e domésticos; uso abusivo de drogas, alcoolismo; abandono nas ruas, a fome, a miséria; a violência física e psicológica; perdas de pessoas amadas, a falta de oportunidade, etc.. Vivenciando cada momento desses, sabemos o quanto esses causam sofrimento, dor, angústia. E novamente a pergunta que não pode ser calada no coração: por que temos que passar por isso, cada sofrimento, cada dificuldade e cada angústia? Por que algumas pessoas tem uma vida de sucesso: família, sustentabilidade, saúde, etc, e outras não?
Que justificativa poderia silenciar o nosso coração? O destino? Deus? Ou nós mesmos? Mas para alguns é o destino, a vontade de Deus, para outras fatalidades, consequências de nossos atos. Pergunto-me, o que causa mais angústia, a circunstância em si ou os questionamentos internos gerados pela ânsia de entender o “por que”? Se questionarmos, sofremos duas vezes.
Assim, não importa a sapiência do “por que”, mas sim verdadeira lição contida no âmago da circunstância. Que saibamos aprender com a dor, com as dificuldades que a vida nos impõe. Que nos momentos de reflexão não nos concentremos no “por que” e sim no quanto podemos extrair positivamente dessa circunstância. Que o extrato nos proporcione crescimento e nos torne em pessoas melhores, de caráter superior, e principalmente mais solidária e sensível ás dores e as dificuldades alheias. Pois sabemos o quanto a solidariedade nos é essencial nesses momentos.
A GRANDEZA DE UM HOMEM
“Quão grandes seriam certos homens, se não fossem tão arrogantes” (textos judaicos) e complemento: se não fossem tão arrogantes, prepotentes e soberbos. Geralmente os três andam juntos, é como se um condicionasse de existência para outro. Uma simples definição que agrupa os três adjetivos: aqueles que abusam da autoridade, do poder para efetuar um ato, oprimem com intuito de demonstrar que é melhor, mais importante, superior ao outro. Esses no fundo só demonstram o tanto quanto são medíocres.
Ao se acharem superior, melhor, os medíocres acreditam que são extraordinários, e não toleram que ninguém seja melhor do que elas, pois isso extermina a falsa ideia de que são extraordinárias. Como é doloroso para o medíocre aceitar que é uma pessoa comum. Uma pessoa comum tem uma singularidade, simplicidade e humildade que a torna extraordinária, diferente do medíocre, que se acham os donos da verdade, os senhores da razão. Assim a arrogância, da prepotência e da soberba são as armas usadas para impor a qualquer custo, suas prerrogativas. Ao medíocre falta o talento, a capacidade e a criatividade de arguir.
Portanto se queres ser grande, seja simplesmente comum. E o primeiro passo é aceitar sua simplicidade, sua humildade, pois “quanto maiores somos em humildade, tanto mais próximos estamos da grandeza” (Rabindranath Tagore).
Amar é ir além de querer o bem...
Muitos acham que amam, mas poucos sabem realmente o que o amor. “Amar é querer o bem do outro enquanto outro”. Retórica singela de Aristóteles não? Desenredando-a percebe-se que de singela não tem nada. Querer bem...é desejar a quem amamos que tudo de bom, que o melhor aconteça na vida dessa pessoa: sucesso profissional, felicidade, saúde, paz, harmonia, etc.. É ir além do desejar, é proporcionar colaborar para a promoção do bem do outro.
Querer bem é então o inverso de querer mal. Partindo desse pressuposto, amar não é somente querer o bem para quem se ama, mas também não querer o mal. Aí começa a complexidade de amar... E novamente é ir além do não desejar, do não querer, mas favorecer para afastá-lo do mal. Pois quem ama cuida, zela, apoia, entende.
Amar é uma doação, uma entrega sem reservas. Enquanto não formos capazes de nos doar ao outro, sem reservas, sem medo de expormos nossas fragilidades enquanto humanos, as muralhas para adentrar no coração um do outro permanecerão fechadas. Amar é compartilhar... o bom e o ruim, as alegrias e as tristezas, as conquistas e as derrotas, é sorrir e chorar juntos. É apoiar um no outro.
Amar é aceitar o outro com todas suas virtudes e fraquezas, sem julgamentos, sem cobranças. Quando passamos a enxergar as individualidades como algo positivo, crescemos e proporcionamos crescimento ao outro, pois o ponto forte de um, muita das vezes, é justamente o ponto frágil do outro. Poder partilhar enriquece tanto quem dá com quem recebe. E o propósito da vida é sempre crescer, superar.
Portanto se entregue ao amor, doe-se a pessoa amada, ame sem medo, sem reservas. Se esse amor não for correspondido na mesma medida pela pessoa amada, esqueça-a, reme, deixe-a para traz e siga em frente, porque essa pessoa não te ama.
Sou a bola da vez!
Sou a bola da vez... alvo das fofocas, fuxicos, mexericos. E quem nunca não foi? Pessoas de intelecto ocioso, sem conteúdo e valores éticos, se ocupam em distorcer fatos da vida alheia. E quem são os fofoqueiros? São pessoas de mente desocupada, que não perdem tempo em uma boa leitura, em assistir documentários, filmes na tv, nunca se dispuseram a uma atividade cultural como um teatro, sarau, exposição de arte, encontros literários, etc. Uma fofoca serve para divertir o vulgo, assim como um livro para o sábio. São pessoas dotadas de pouca autoestima, medíocres, de baixos valores, que para se sobressair se reafirmar diante dos demais, se acalentam dos deslizes alheios.
E o que lucra um fofoqueiro? Nada. Perdem e muito... ao se prestarem a essa atitude deselegante, estão desperdiçando suas energias maldizendo a minha pessoa. Além de perder o meu apreço, poderiam estar canalizando-as em favor próprio, para enriquecer culturalmente, para seu crescimento, sua evolução, para torna-se uma pessoa melhor, e assim quem sabe recuperar a ética. E para agravar essas pessoas se dizem amigas.
Amigas? Só se for da onça, aproveitam-se da proximidade, da confiança para fuxicar. Amigos verdadeiros são aqueles que estendem a mão nos momentos difíceis, que ouvem e silenciam, compreendem e não julgam e muito menos condenam. Mas é exatamente nesses momentos que descobrimos os amigos verdadeiros, sua índole, seus valores éticos.
Faço minhas as palavras de Renée Venâncio: “Ao invés de ficar fazendo fofoca, maldizendo as pessoas por aí, ajoelhe-se e faça uma oração pedindo a Deus pra que Ele ilumine e contenha os seus maus pensamentos. Melhor uma boca calada do que palavras injustas ferindo o próximo, e espalhando a maldade que habita os nossos corações. Se você é do tipo que fala demais, regenere-se. Seja justo e dedique-se a cultuar a perfeição do silêncio”.
E quanto a mim, não desperdiço minhas energias com fuxicos, deixo isso para os medíocres, concentro-as em me refazer, em construir, e não em destruir. Opto por cultuar a perfeição do silêncio, ele sim enobrece. Portanto, não peçam explicações, detalhes, porque não satisfarei a curiosidade alheia.